O 16 de Maio de 2001 será sempre lembrado por todos os baianos, em especial pelo movimento estudantil, como mais uma lembrança sangrenta e truculenta na luta pela democracia no nosso país. Já não havia mais ditadura, a liberdade de expressão e manifestação estava assegurada pela Carta Magna desde 88, ainda sim o coronelismo vigente em nosso Estado passou por cima de tudo isso e mostrou do que ainda era capaz, em nome da manutenção do poder.
Tudo teve origem no Senado Federal. Após denuncias de fraude no painel do Senado, do então Senador pelo Estado da Bahia, Antônio Carlos Magalhães, os movimentos sociais saíram às ruas de Salvador exigindo a cassação do mandato do referido Senador. Era uma luta legitima, que trazia consigo o grito anti-carlista, contra uma organização criminosa que tomava conta da Bahia, disseminada na política baiana tal qual uma praga há décadas, exercendo sua dominação através de violência e corrupção.
Quando o movimento tentava subir a Graça pelo viaduto do vale do canela para chegar à morada de ACM e lavar a calçada em frente ao seu prédio, a Polícia Militar da Bahia, seguindo ordens diretas do Governador carlista Paulo Souto, invade o campus da Faculdade de Direito da UFBa, área federal, restrita à PM pela constituição, e com bombas e cassetetes enfrenta os estudantes, que nada mais tinham além da sua voz.
Episódios como estes precisam ser constantemente reavivados na nossa memória, pois que demonstram claramente que a democracia não é algo alcançável apenas pela mudança formal de um regime, mas sim pela construção diária, que exige participação política, mobilização e luta. Não estar sob a vigência de uma ditadura não exclui de forma alguma a possibilidade de enfrentar atitudes ditatoriais dignas das ditaduras mais repressoras. A repercussão do movimento levou à renuncia de ACM, provando que não se pode calar a voz de um povo.