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-- DoriedsonAlmeida - 12 Mar 2007
O método que propomos nesse trabalho consiste na investigação de indícios, conforme preconizado pela chamada história das mentalidades, numa perspectiva até mesmo de propor uma certa “etnografia digital”. De acordo com Oliveira (2001), ele é entendido como um trabalho de buscas de compreensão de comportamentos, das táticas e usos que os professores desenvolvem no seu fazer pedagógico. Desse modo, poderemos nos enveredar pelas estórias vividas pelos atores no processo de absorção de tecnologias pela escola, como Proust no romance: “Em busca dos tempos perdidos”, ou seja, procurando examinar “atitudes” e “formas de espírito” dos atores presentes nesse universo, a fim de entrelaçar as diversas microestórias alí presentes, deixando transparecer suas implicações e (re)invenções pelo cotidiano escolar.
Para explicar essa habilidade quase inata ao ser humano, que segundo Ginzburg (in: Oliveira, 2003) remonta aos tempos antigos quando o homem era caçador e necessitava do exercício de habilidades intuitivas para “farejar” as fontes de sua sobrevivência e as pesquisas cotidianas, recorremos a Ginzburg in (Oliveira, 2003):
[...]“Irmos onde a racionalidade não vai”, para compreendermos os saberes, idéias e formas de subjetividades que se impregnam nas práticas cotidianas desenvolvidas pelos sujeitos sociais, para além daquilo que esses mesmos sujeitos têm sob controle racional, idéia fundamental para o desenvolvimento metodológico da pesquisa que realizamos, para a qual é fundamental entender-se que “pistas talvez infinitesimais permitem captar uma realidade mais profunda, de outra forma intangível (Ginzburg, IN: Oliveira, 2003, p. 87).
Assim, pensadores como Ginsburg (1987) e Certeau(1996), serão fundamentais para a construção do referencial teórico-metodológico. Tendo como pano de fundo estes autores investigaremos projetos e propostas de inserção de tecnologias como auxílio à transmissão, acesso e apreensão dos conteúdos previstos pelo currículo. Assim, a partir de um recorte do cotidiano, nesses diversos modos/modelos pretendemos estabelecer o “negócio cognitivo” do qual nos fala Levy(1998):
Em nossas interações com as coisas, desenvolvemos competências. Por meio de nossas relações com os signos e com a informação adquirimos conhecimentos. Em relação com os outros, mediante iniciação e transmissão, fazemos viver o saber. Competência, conhecimento e saber (que podem dizer respeito aos mesmos objetivos) são três modos complementares do negócio cognitivo, e se transformam constantemente uns nos outros. Toda atividade, todo ato de comunicação, toda relação humana implica em aprendizado (Levy, p. 27, 1998).
A pesquisa ocorrerá em escolas de redes públicas de ensino e/ou em outros espaços de educação formal e não formal que se dediquem a promover políticas públicas e a abrigar projetos de apropriação educacional e sócio-técnica das TIC, que serão previamente selecionadas buscando constituir uma amostra capaz de representar as diversas iniciativas e projetos atualmente em curso.
A coleta de dados para a pesquisa deverá captar singularidades e subjetividades de iniciativas e/ou políticas públicas para a inserção de TIC em espaços/tempo destinados a educação formal e não formal, sempre buscando o nosso propósito de fazer um contraponto privilegiando as burlas cotidianas e/ou táticas de enfrentamento às políticas oficiais.
Nesses espaços, buscaremos os indícios que nos façam compreender através da investigação das vivências cotidianas de cidadãos, professores, alunos, pedagogos e técnicos envolvidos, as formas de interação e de apropriação educacional e sócio-cultural das tecnologias, confrontado-as com os objetivos e metas propostas pelas políticas públicas que os instituem.
O presente estudo será realizado utilizando-se dos seguintes recursos para estabelecer o universo da pesquisa e realizar o levantamento de dados:
Pesquisa Bibliográfica e aprofundamento teórico;
- Identificação de propostas inovadoras e criativas e de táticas “burlantes” e subversivas de professores, alunos e cidadãos no uso das TICs;
- Seleção de projetos, escolas e espaços de inclusão sócio-digitais a serem pesquisados;
- Formação de grupos focais e observações in loco das atividades cotidianas;
- Pesquisas de campo envolvendo os grupos focais, instituições e/ou ONGs constantes do universo da pesquisa.
- Catalogação e descrição de Softwares, ambientes de aprendizagem e ferramentas utilizadas no universo de pesquisa delimitado;
- Entrevistas; e
- Pesquisas na internet sobre as produções cotidianas dos projetos e/ou atividades pesquisadas.
Utilizaremos também questionários previamente elaborados a serem submetidos a:
- Coordenação de Projetos;
- Diretores de escolas;
- Professores e alunos;
- Articuladores de projetos de inclusão sócio-digital;
- Cidadãos
- Outros atores envolvidos no cotidiano do uso das TICs; e
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