Difference: DadosLarissa (15 vs. 16)

Revision 1612 May 2006 - LarissaCoelho

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Helena Pereira da Silva (ICI)

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  Alunos envolvidos: Graduação ( 2) / Mestrado acadêmico ( 2) . Integrantes: Joanice Nascimento Santos - Integrante / Jussara Borges de Lima - Integrante / Marilina de Araújo Freitas Oliveira - Integrante / Helena Pereira da Silva - Coordenador.
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Infra-Estruturas e Serviços de Informação e Comunicação no Brasil e Estados Unidos: Regulação, Acesso, Conteúdos e Tecnologias na Sociedade da Informação em Austin e Salvador-PROGRAMA DE COOPERAÇAO CAPES/UNIVERSIDADE DO TEXAS

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  Integrantes: Cláudio S. de Jesus - Integrante / Joanice Nascimento Santos - Integrante / Marco Antonio Santos Brandão - Integrante / Jussara Borges de Lima - Integrante / Renato Marques Alves - Integrante / Helena Pereira da Silva - Coordenador.
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Finaciador(es): Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - Auxílio finaceiro.
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  Número de produções C, T & A: 4 / Número de orientações: 1.
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Artigo - Inclusão Digital e Educação para a Competência Informacional: uma questão de ética e cidadania

Introdução

Este artigo representa o resultado de um esforço empreendido para conceituar inclusão digital pelo Grupo de Estudos em Políticas de Informação e Inclusão Digital (Gepindi), que é vinculado ao Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação, do Instituto de Ciência da Informação, da Universidade Federal da Bahia (Posici/ ICI/UFBA) O tema inclusão digital e acesso à informação, uma das linhas internas de pesquisa do Gepindi, passou a fazer parte do objeto de investigação do Grupo a partir do Programa de Cooperação Capes/Universidade do Texas, que envolve o ICI e a Faculdade de Comunicação da UFBA, por meio do qual se realiza o projeto Infra-estruturas e Serviços de Informação e Comunicação, no Brasil e Estados Unidos: Regulação, Acesso, Conteúdos e Tecnologias na Sociedade da Informação em Austin e Salvador. O objetivo é a realização de estudos, desenvolvidos em subprojetos, nas duas cidades, sobre temas relacionados aos serviços e tecnologias de informação e comunicação (TICs), entre eles políticas e ações de inclusão digital. Posteriormente, serão feitas pesquisas comparativas sobre a realidade dessas cidades. Como subprojeto desse projeto maior, foi concebida e está sendo desenvolvida, no âmbito do Gepindi, a investigação: “Informação na internet e inclusão digital: estudo nas organizações que trabalham na perspectiva da inclusão digital, na cidade de Salvador-BA (Infoinclusão)”. O objetivo é verificar se organizações que promovem ações denominadas por elas de inclusão digital prevêem nas suas políticas e incluem nas suas práticas o acesso a determinadas informações disponíveis na Internet, em particular as de cunho utilitário e contextual, ou seja, que, de alguma forma, contribuam para a melhoria da qualidade de vida do “incluído digitalmente”. Os conceitos de informação utilitária e contextual adotados pelo Infoinclusão estão de acordo com Barreto(1994), que classifica a informação traçando um paralelo com a pirâmide de Maslow. Informação utilitária é aquela utilizada para suprir necessidades básicas de indivíduos ou grupos. Caracteriza-se por responder questões relacionadas à alimentação, habitação, vestuário, saúde, educação etc. A informação contextual é aquela requisitada por indivíduos ou grupos que buscam esse tipo de informação como garantia de permanência para os diversos contextos dos quais participam – profissional, comunidade etc. Ganha atenção especial, no subprojeto, o crescente esforço do governo federal para o estabelecimento do chamado governo eletrônico, com desenvolvimento e consolidação vinculados, no discurso oficial, à universalização da inclusão digital. Sem “cidadãos digitais”, não há “governo eletrônico”. Dessa premissa, busca-se saber se as propostas governamentais e seus condicionantes sociais são de conhecimento das organizações devotadas à inclusão digital e se elas utilizam as informações disponibilizadas no portal do governo. Pelo crescente envolvimento de diferentes atores nesse tema, sobretudo governos dos três níveis de poder e organizações sociais de vários tipos, tem-se que inclusão digital é um assunto aberto à investigação e de grande interesse social e econômico. Sua assunção como linha de pesquisa do Gepindi responde, portanto, ao significado que o tema passou a representar para a sociedade, à consolidação da democracia e à inclusão social de indivíduos e grupos tradicionalmente excluídos do desenvolvimento socioeconômico. Contudo, o conceito de inclusão digital não está ainda bem estabelecido. Isso levou o Gepindi a considerar como questão primordial discuti-lo à luz de outros conceitos encontrados na ciência da informação e em áreas correlatas. Este texto é resultado do debate interno entre pesquisadores, por meio do qual se formulou um quadro de referência conceitual sobre o tema que deve pautar as pesquisas do grupo no que concerne à inclusão digital.

Conceito x contexto

Desde o início das discussões, ficou claro que inclusão digital deve expressar um conceito que encerre uma consideração profundamente humanista. O mundo contemporâneo está em um estado de transformações e as possibilidades de deterioração das relações humanas tornam-se tão presentes, que o resgate de certos valores “meio adormecidos”, no afã do desenvolvimento puramente tecnológico e econômico, precisa ser considerado. Na tarefa de busca do fundamento teórico – em fascinante exercício intelectual –, o grupo deparou-se com uma profusão de conceitos, alguns emergentes e outros clássicos e milenares, que, por caminhos diversos, convergem para um conceito de inclusão digital como novo ethos ético e sociopolítico. Ele está, irrecusavelmente, inserido no “espírito do nosso tempo”, isto é, constitui-se como fruto do que se denomina sociedade da informação, baseada nas redes digitais, ou sociedade do conhecimento, que privilegia o saber perante o fazer. Ambas as denominações são unificadas pelo condicionamento do sucesso pessoal e social à aprendizagem contínua, em uma conformação de círculo virtuoso e, por conseqüência, de uma educação global. O conceito de ethos, já utilizado pelos gregos antigos, como Homero e Aristóteles, de acordo com Lastoria (2001, p.63), significava a morada do homem, isto é, a natureza. Uma vez processada mediante a ação humana, sob a forma de cultura, ela faz com que a regularidade própria aos fenômenos naturais seja transposta para a dimensão dos costumes de uma determinada sociedade. A cultura promove, então, a sua própria ordenação, ao estabelecer normas e regras de conduta, que devem ser observadas por todos os seus membros. Ainda de acordo com Lastoria (2001, p.63), os gregos compreendiam que o ethos é, para o homem, a expressão normativa da sua própria natureza. Embora uma criação humana, a expressão normativa pode ser observada a partir de um distanciamento consciente, quando, então, adentra-se o terreno da ética, como discurso racional sobre o ethos. Segundo Caniello (2003, p.31-32), o conceito de ethos, apropriado pelas ciências sociais por Kroeber e Geertz, tem estreita identidade com a noção de Volksgeist (espírito de um povo), elemento central da filosofia de Hegel, para quem o “espírito de um povo ou cultura, estará sempre traspassado pelo “espírito do tempo” (Zeitgeist), que lhe impõe limitações e constrangimentos. Na síntese de Caniello (2003, p.32) sobre o pensamento de Kroeber e Geertz, o ethos guarda a marca da estrutura que conforma a tradição de um povo, seu “espírito”, mas também comporta os influxos da ação dos sujeitos e das pressões conjunturais que interagem com essa estrutura, em determinado tempo histórico. Pires (2001, p.3; 14), discorrendo sobre globalização, entende ethos como uma consciência ética universal (em alemão:Weltethos). Significa a atitude moral básica do homem, considerado individual ou coletivamente. Para o autor, o ethos universal deve ser constituído por meio da luta pela preservação da Declaração dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) e por uma globalização solidária, em escala planetária. Tem-se, então, como fundamental, que a inclusão digital deve ser vista sob o ponto de vista ético, sendo considerada como uma ação que promoverá a conquista da “cidadania digital” e contribuirá para uma sociedade mais igualitária, com a expectativa da inclusão social. É possível, portanto, formular uma base conceitual para inclusão digital, com fundamento no espírito de ética universal. Dado que inclusão digital é parte do fenômeno informação, no contexto da chamada sociedade da informação, pode ser observada pela ótica da ciência da informação. Neste sentido, entende-se, como ponto de partida do conceito de inclusão digital, o acesso à informação que está nos meios digitais e, como ponto de chegada, a assimilação da informação e sua reelaboração em novo conhecimento, tendo como conseqüência desejável a melhoria da qualidade de vida das pessoas. No imbricado entrelaçamento de conceitos complexos, o resultado final pretendido por este texto é um marco de compreensão para a vinculação entre ética e cidadania, de um lado, e educação para a informação por via digital, de outro, com vistas à inclusão social. É isto que será discutido nos itens seguintes. Sem a preocupação de ser exaustivo, procura-se chegar a uma “conceituação necessária”, no sentido de entendimento da imbricação dos conceitos que devem expressar inclusão digital.

Ética e cidadania no ethos contemporâneo

O aprofundamento no conceito de ética, que tem extensa e complexa formação filosófica, não é objeto de estudo aqui. O mesmo se aplica ao conceito de cidadania. A idéia é relacionar esses dois conceitos, como base para a conceituação de inclusão digital, o que nos parece fundamental. Para iniciar as reflexões sobre ética e cidadania são oportunas as observações de Hack (2002, p.7) e de Gouvêa (2002, p.10). O primeiro relembra que a ética provoca a reflexão de idéias e propõe valores; a cidadania conduz à prática social responsável e o envolvimento solidário. Para o segundo, ao termo ‘ética’, desde a Grécia, sempre foi utilizado por aqueles que se dispunham a investigar as questões referentes ao comportamento humano e à vida em sociedade. Cidadania, de acordo com o pensamento de Bodstein (1997), apesar de sua estreita relação com a ideologia individualista moderna, deve ser abordada como uma experiência histórica, cujo aparecimento remete à Antigüidade Grega. Desde o seu início, caracteriza uma relação entre iguais, e destes com o poder. Assim, só ganha existência como medida de igualdade e de convivência coletiva dentro de uma comunidade política, composta de sujeitos portadores de direitos. Constitui-se, dessa forma, em pré-requisito indispensável para inclusão e participação na vida pública. É inseparável da noção de igualdade sociopolítica, presente de forma restrita ou ampliada em todas as sociedades. De qualquer maneira e em suas múltiplas dimensões, a cidadania é um meio de proteção e uma condição para o exercício dos direitos e, também, deveres. Portanto, para estudar e conceituar inclusão digital – um dos principais temas e problemas sociais da sociedade contemporânea – são fundamentais, ainda que de forma abrangente, as considerações sobre ética e cidadania, com a visão do momento atual, do Zeitgeist. Reforçando a idéia da mudança do conceito de ética de acordo com a época, Souza Neto e De Liberal (2002, p.31) colocam que a ética não é dada, mas construída no cerne das relações humanas e sociais. À medida que essas relações se modificcam, também se alteram o sentido e o conteúdo da ética. Também para Frade (2002, p.1), o conceito de cidadania é mutável desde os primórdios da sociedade organizada. Porém, nas últimas décadas, essa variação se acelerou em ritmos alucinantes, adequando-se às novas exigências do mundo contemporâneo. A intensificação e ampliação da globalização da política, da economia, da quebra de fronteiras na disseminação de culturas, a explosão e mercantilização da informação condicionaram o exercício da cidadania plena ao alcance de novos patamares de riqueza, educação e acesso a serviços e produtos. O trabalho de Gouvêa (2002, p.9), cujo título expressa o sentido da abordagem que se quer dar neste artigo – ética e cidadania: a busca humana por valores solidários –, ressalta a importância das considerações acerca das grandes transformações que estamos vivenciando, particularmente em função do avanço acelerado das TICs, que permitem o fluxo veloz da informação, com conseqüências ainda imprevisíveis. Dessa maneira, para garantir justiça social no mundo do século XXI, Dyson (2001), citado por Ronca e Costa (2002, p.29), remete à necessidade de colocar as tecnologias a serviço da ética, à responsabilidade da política nas aplicações das ferramentas desenvolvidas pela ciência e às dificuldades e soluções para unir tecnologias e seres humanos em prol de uma vida mais digna para todos. Para contribuir na solução do dilema democrático, Frade (2002, p.13) adverte que um novo modelo de cidadania deve ir além da esfera da informação, incorporando a capacidade de interpretação da realidade e construção de sentido por parte dos indivíduos. O que importa na formação dos cidadãos, sob essa perspectiva, é que sejam capazes de ser construtores de significados. Nessa mesma linha de pensamento, Rocha (2000) também discorre sobre a questão da cidadania na sociedade da informação como um processo de conscientização do indivíduo, por meio da educação e acesso à informação e ao conhecimento (grifo nosso). Demo, citado por Silveira (2000, p.85), define cidadania como “a raiz dos direitos humanos”, sendo a falta de cidadania suprida pela tutela e assistência exercida pelo Estado sobre os cidadãos. Cabe ao Estado prover – ou viabilizar que outros o façam – o acesso à informação, e não apenas mediar as relações entre os homens, privilegiando a estrutura de poder, pois a informação é mais que a mercadoria por excelência da sociedade pós-industrial: é a sua própria razão de ser. Ela condiciona a existência da sociedade e sua coerência. A informação é um produto e um bem social (SILVEIRA, 2000, p.85). Em concordância com esse posicionamento, Araújo (1999) considera que a construção da cidadania, ou de práticas de cidadania, passa, necessariamente, pela questão do acesso e uso de informação. Tanto a conquista de direitos políticos, civis e sociais, quanto a implementação dos deveres do cidadão dependem do livre acesso à informação sobre tais direitos e deveres. Ou seja, dependem da ampla disseminação e circulação da informação e, ainda, de um processo comunicativo de discussão crítica sobre as diferentes questões relativas à construção de uma sociedade mais justa e, portanto, com maiores oportunidades para todos os cidadãos. Já em 19977, Miranda, citado por Silveira (2000, p.85), afirmava que os países em desenvolvimento precisavam “acelerar a disseminação da informação em todos os níveis de sua estrutura social”. Essa é a questão central: assegurar o acesso à informação, para a construção de uma cidadania plena, a cidadania ativa, como coloca Bobbio (1986), lembrando Norbert Wiener: “Ser informado é ser livre”. Em síntese, em tempos de profundas mudanças e de desigualdades ampliadas pela exclusão digital, é fundamental estudar a vida em sociedade, tendo a ética como um dos requisitos do cidadão. É também uma questão de vontade política, da qual todos devem munir-se, visando a possibilitar a inclusão digital e, assim, permitir a conquista da cidadania pelos indivíduos ainda dela excluídos. A importância das considerações sobre ética e cidadania está, nos dias atuais, no sentido de se buscar compreender sua estreita vinculação com o sentido de solidariedade, como destacam Souza Neto e Liberal (2002, p.34). Por conseqüência, garantir o acesso à informação na sociedade atual é um problema cuja solução deve levar em conta abordagens que busquem valores fundamentais e universais, que parecem esquecidos em uma sociedade tão racionalizada. Esses valores passam pelo reconhecimento da cidadania como base para a atuação do homem na sociedade. Na busca por esse conceito, o pensamento de Gouvêa (2002, p.10) expressa de forma fiel as discussões do Gepindi e o sentimento do grupo sobre essa necessidade de revisão de valores e sobre a formação do cidadão no século XXI, seus direitos e deveres. São tão apropriadas as suas observações, que se decidiu transcrevê-las:

A sociedade tecnológica é fi lha da ciência moderna e da aplicação sistemática do método científico indutivo. Isto, por um lado, comprova o sucesso inquestionável da ciência moderna, que nos deu este admirável mundo novo. Por outro lado, aponta para um fato até agora reconhecido por poucos, mas cada vez mais evidente: a ciência não possui respostas para os problemas éticos e sociais que cria. Pior que isso, a ciência é, por sua própria natureza, intrinsecamente incapaz de satisfazer essa necessidade e, conseqüentemente, ao tentar fazê-lo, deixa de ser mera ciência. É preciso, portanto, buscar o auxílio de outro tipo de pensadores: filósofos, poetas, teólogos, artistas, antropólogos, psicanalistas, gente envolvida em estudos humanísticos e socioculturais, políticos, juristas, economistas, sábios e adivinhos. Toda ajuda é bem-vinda nesse empenho multidisciplinar pela busca de valores sociais universais, uma busca hoje que, longe de ser supérflua, é indispensável para o futuro da espécie humana e para o nosso bem-estar

Quanto à formação de um cidadão, Gouvêa (2002, p.11) questiona sobre aos direitos:

Há quem pense que basta nascer para ser um cidadão. Esta é uma meia verdade. Por um lado, tornou-se uma verdade universalmente aceita que todas as pessoas possuem certos direitos naturais inalienáveis. Por outro lado, podemos perguntar se estes direitos ‘inalienáveis” não dependem, para que sejam de fato inalienáveis, de que sejam reconhecidos pela autoridade vigente como tais em relação ao indivíduo em questão. Em outras palavras, é possível que exista um indivíduo que vive em uma sociedade na qual não possui todos os direitos de um cidadão típico. Numa sociedade escravagista, por exemplo, um escravo é um indivíduo que vive naquela sociedade sem possuir direitos básicos de cidadania. Nos tempos do Império Romano, para dar outro exemplo, havia moradores livres do império que não possuíam, no entanto, direitos fundamentais de cidadania. Esta refleexão nos remete a uma série de perguntas. Por exemplo, podemos nos perguntar se há, em nossa sociedade, pessoas cujos direitos de cidadania não são de fato reconhecidos, ou, o que dá no mesmo, são reconhecidos ‘de direito’, mas não de fato

Imediatamente após o questionamento sobre os direitos, Gouvêa reflete sobre os deveres:

Outra pergunta importante a que esta reflexão nos remete tem a ver não com direitos, mas sim com os deveres dos cidadãos. Em suma, é questionável se o indivíduo que, tendo reconhecidos seus plenos direitos de cidadão, não assume em contrapartida seus deveres de cidadão é, de fato, um cidadão no mais pleno sentido da palavra. No mínimo, seria necessário reconhecer sua incapacidade de tornar-se consciente de sua plena cidadania e das responsabilidades inerentes a ela. (...) Passar a lutar por tornar-se um indivíduo que não vive todo o tempo somente para si, ensimesmadamente, mas que assume sua condição de ser humano e sua responsabilidade enquanto cidadão, e engaja-se na luta por uma sociedade mais bem organizada e feliz, então é preciso reconhecer a seriedade desta vocação, é preciso compreender a complexidade da vida cultural do século XXI... quer queiramos, ou não, em cada atitude tomada e em cada discurso proferido, cada um de nós ajuda a definir o futuro de nosso ambiente sociocultural, de nossa cidade, de nosso país e de toda a humanidade (GOUVÊA, 2002, p.11-12)

A partir do pensamento de Gouvêa e da consciência da mutabilidade do conceito de cidadania, de acordo com o “espírito do tempo”, chega-se à seguinte questão: Quais os direitos e deveres do cidadão típico do sípico do século XXI? Se a inclusão digital é uma necessidade inerente desse século, então isso significca que o “cidadão” do século XXI, entre outras coisas, deve considerar esse novo fator de cidadania, que é a inclusão digital. E que constitui uma questão ética oferecer essa oportunidade a todos, ou seja, o indivíduo tem o direito à inclusão digital, e o incluído tem o dever de reconhecer que esse direito deve ser estendido a todos. Dessa forma, inclusão digital é um processo que deve levar o indivíduo à aprendizagem no uso das TICs e ao acesso à informação disponível nas redes, especialmente aquela que fará diferença para a sua vida e para a comunidade na qual está inserido. Decorre daí um novo conceito que vem ganhando a forma de movimento mundial de bibliotecários, conscientes da necessidade de mudança na relação biblioteca-aprendizagem na sociedade contemporânea, que põe ênfase no acesso à informação nas redes. Surgido nos Estados Unidos, no início da década de 70, entre profissionais preocupados com o papel da biblioteca escolar na educação global, no novo “tempo digital”, este conceito é denominado information literacy. Ele se desdobra em um outro, que lhe é correlato e complementar: o information literacy education, pelo qual se reconhece que information literacy é uma questão de educação para os tempos digitais ou, nos termos de Le Coadic (2004, p. 112), educação para a informação, o que será mais bem detalhado no próximo item. Aqui, deve-se colocar em evidência que, por encontrar-se a informação ou o conhecimento disponibilizado nas redes, “com a possibilidade de estar ao alcance de todos”, a educação não está mais restrita aos espaços formais designados para essa função. Os que trabalham na perspectiva da inclusão digital, como organizações não-governamentais e associações de bairro, por exemplo, devem aproveitar a oportunidade para se constituírem em verdadeiros ambientes de educação. Que nos processos de inclusão digital contemplem essa educação para a informação, contribuindo para a formação de uma cultura informacional. No item a seguir, procura-se demonstrar a relação da inclusão digital com a educação para a informação.

Educação e inclusão digital

Para tratar a relação entre a educação para a informação e inclusão digital, é preciso relembrar a exigência que provocou, no final do século XX, um movimento mundial: a inserção na sociedade da informação. Houve uma “corrida” para a construção de políticas nacionais, cujas propostas foram formuladas, em cada país, em vastos e abrangentes documentos governamentais. O Brasil também empreendeu esse esforço de discussão, promovido pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), que envolveu os quatro setores da sociedade – governamental, privado, acadêmico, e o terceiro setor –, além de pessoas vinculadas a outros países e organizações internacionais. Isto se constituiu em verdadeiro desafio – em termos do estabelecimento do conteúdo e da necessidade de envolvimento de toda a sociedade brasileira – na construção de diretrizes para o estabelecimento de um programa que levasse a sociedade brasileira à entrada na sociedade da informação. O esforço resultou na publicação, em 2000, do Livro Verde da sociedade da informação (Socinfo) (Sociedade, 2000, p.xv). Esse documento traz de forma muito clara, na proposta de universalização de serviços, que é necessário conceber soluções e promover ações que envolvam desde a ampliação e melhoria da infra-estrutura de acesso até a formação do cidadão, que, informado e consciente, possa utilizar os serviços disponíveis na rede. Nesse sentido, a proposta de universalização de serviços, constante do Livro Verde, traz como inerente ao conceito de inclusão digital não só a aquisição de habilidades básicas para o uso de computadores e da Internet, mas também a capacitação para utilização dessas mídias, em favor dos interesses e necessidades individuais e comunitários, com responsabilidade e senso de cidadania. Essa ação é denominada, pelo Programa Socinfo, alfabetização digital. No entanto, a Internet é um ambiente de informação complexo para quem não tem familiaridade ou capacitação na busca e recuperação da informação. Le Coadic (2004, p.112) lembra que:

O montante de informação na Internet leva a que se proponham questões sobre as habilidades necessárias para aprender a se informar e aprender a informar, sobre onde adquirir a informação e chama a atenção de que essa aprendizagem é totalmente inexistente no sistema de ensino

Então, para haver inclusão digital, é necessária a capacitação no acesso à informação na Internet, o que, conforme já se observou, é denominado, pelos programas governamentais, alfabetização digital. Essa expressão, que encerra o conceito certo, suscita, no entanto, controvérsias em um paralelo com o conceito de alfabetização. Buzato (2003) destaca que pessoas alfabetizadas não são necessariamente “letradas”. Mesmo sabendo “ler e escrever”, isto é, codificar e decodifi car mensagens escritas, muitas pessoas não aprenderam a construir uma argumentação, redigir um convite formal, interpretar um gráfi co, encontrar um livro em um catálogo etc. A essa competência ele denomina letramento, que se constrói na prática social, e não na aprendizagem do código por si. Assim, Buzato adota o termo letramento digital por entender que não se trata apenas de ensinar a pessoa a codificar e decodifi car a escrita, ou mesmo usar teclados, interfaces gráfi cas e programas de computador, mas de inserir-se em práticas sociais nas quais a escrita, mediada por computadores e outros dispositivos eletrônicos, tem um papel signifi cativo. Logo, letramento digital seria a habilidade para construir sentido, capacidade para localizar, filtrar e avaliar criticamente informação eletrônica, estando essa em palavras, elementos pictóricos, sonoros ou qualquer outro. Parece haver uma tendência no entendimento de que alfabetização é a simples habilidade de reconhecer os símbolos do alfabeto e fazer as relações necessárias para a leitura e a escrita, o que encontra correspondente na alfabetização digital como aprendizagem para o uso da máquina. O letramento, contudo, é a competência em compreender, assimilar, reelaborar e chegar a um conhecimento que permita uma ação consciente, o que encontra correspondente no letramento digital: saber utilizar as TICs, saber acessar informações por meio delas, compreendê-las, utilizá-las e com isso mudar o estoque cognitivo e a consciência crítica e agir de forma positiva na vida pessoal e coletiva. Dessa forma, fi ca claro que a inclusão digital não é uma simples questão que se resolve comprando computadores para a população de baixa renda e ensinando as pessoas a utilizar esse ou aquele software. Ter ou não acesso à infra-estrutura tecnológica é apenas um dos fatores que influenciam a inclusão/exclusão digital, mas não é o único, nem o mais relevante (BONILLA, 2001; SILVA, 2002). Essa posição está em acordo com Tarapanoff, Suaiden e Oliveira (2002), que afirmam:

Não poderá haver sociedade da informação sem cultura informacional e que o maior problema da inclusão digital não é a falta de computadores, mas o analfabetismo em informação

A alfabetização em informação deve criar aprendizes ao longo da vida, pessoas capazes de encontrar, avaliar e usar informação eficazmente, para resolver problemas ou tomar decisões. Uma pessoa alfabetizada em informação seria aquela capaz de identificar a necessidade de informação, organizá-la e aplicá-la na prática, integrando-a a um corpo de conhecimentos existentes e usando-a na solução de problemas. Esse entendimento está inserido, também, no conceito de information literacy, que, como já destacado, surgiu na literatura de biblioteconomia, nos Estados Unidos, e vem se transformando em verdadeiro movimento mundial na área, de acordo com Belluzzo (2001; 2004), Dudziak (2002, p. 1-2), Virkus (2003, p. 2), Dudziak (2003, p.23- 24) e Campello (2003, p. 29). O movimento tornou-se tão importante que, em 1989, foi criado nos Estados Unidos o National Fórum on Information Literacy, mantido pela American Library Association’s Presidential Committee on Information Literacy. O principal desafio desse fórum é a exclusão digital. Sua posição é a de que na sociedade da informação todas as pessoas têm direito ao acesso à informação, para melhoria da qualidade de vida. O conceito, propagado pelo Fórum, disponível no site em 2004, é o da American Library Association (ALA), que assim conceitua information literacy:

Information Literacy is defined as the ability to know when there is a need for information, to be able to identify, locate, evaluate, and effectively use that information for the issue or problem at hand

Ao traduzir essa conceituação da ALA, Dudziak (2003, p. 26) assim se expressa:

Para ser competente em informação, uma pessoa deve ser capaz de reconhecer quando uma informação é necessária e deve ter a habilidade de localizar, avaliar e usar efetivamente a informação. Resumindo, as pessoas competentes em informação são aquelas que aprenderam a aprender. Elas sabem como aprender, pois sabem como o conhecimento é organizado, como encontrar a informação e como usá-la de modo que outras pessoas aprendam a partir dela

A Association for College and Research Libraries (2000) usa a mesma conceituação, acrescentando os valores de responsabilidade, ética e legalidade:

(...) é definida como a habilidade para reconhecer quando existe a necessidade de se buscar a informação, estar em condições de identifi cá-la, localizá-la e utilizá-la efetivamente para um objetivo específi co e predeterminado – o desenvolvimento da sociedade com responsabilidade, ética e legalidade. Também denominada de alfabetização do século XXI (Belluzzo, 2001, p. 3)

Em artigo de revisão sobre o conceito na Europa, Virkus (2003) ressalta que o maior volume de literatura sobre o assunto se encontra nos Estados Unidos e Austrália, exatamente porque foi lá que começou a discussão. Ele examina o desenvolvimento da competência informacional na Europa, oferecendo uma visão geral, a partir da revisão da literatura e de observações pessoais, sobre o conceito e as discussões de vários autores europeus. Relaciona alguns exemplos de iniciativas em escolas e na educação superior; instituições e organizações que trabalham o conceito; projetos e conferências. É uma boa visão do ponto de vista europeu. Para começar, Virkus (2003, p.2) utiliza-se de uma citação de Bruce (2002), que parece sintetizar o entendimento do conceito:

A idéia de information literacy emerge com o advento das TICs no início dos anos 70 e vem crescendo com força o reconhecimento de que é uma competência crítica no século XXI. Algumas vezes interpretada como mais uma de várias competências, ela é descrita também como a competência mais essencial para o século XXI e está, atualmente, intrinsecamente associada com práticas de informação e o pensamento crítico, no ambiente das tecnologias de informação e comunicação” (Bruce, 2002, apud Virkus, 2003, p.2.) (tradução nossa)

Campello (2003) ressalta que o início do movimento foi uma reação de bibliotecários, no sentido de adotar uma posição proativa da biblioteca, em relação à crescente demanda por mudanças para inserção na sociedade da informação. Os bibliotecários compreenderam que para isso é necessário mais do que a visão ingênua e simplista do processo de busca e uso da informação. Este relato parece estar de acordo com a declaração de Bruce, citada no parágrafo anterior. Virkus (2003,p. 2-3.3) aponta que o Departamento de Educação dos Estados Unidos incluiu information literacy no seu plano nacional de educação em tecnologia, como objetivo, desde 2000. Ele mostra ações em alguns estados e universidades desse país como programas de information literacy. Além disso, a Austrália e vários outros países vêm fortalecendo a aplicação do conceito como estratégico. O mesmo autor (2003, p.10) aprofunda a análise e destaca que o movimento, o conceito e as ações são semelhantes aos de países fora da Europa. No Brasil, o movimento está apenas começando e não há consenso quanto à tradução para o português. Belluzzo (2001; 2004) e Dudziak (2002; 2003) preferem usar a expressão sem tradução. Campello (2002; 2003) a traduz para competência informacional. Os artigos dessas autoras oferecem uma visão abrangente do desenvolvimento do conceito. No entanto, a idéia de information literacy leva à consideração da information literacy education, ou a educação para a informação, como observam Dudziak (2002) e Le Coadic (2004, p.112). Para que as pessoas adquiram information literacy, é preciso que a educação insira esse aprendizado nos seus currículos. Information literacy é uma questão de educação. Le Coadic (2003, p.113) frisa que muitas pessoas são pesquisadoras medíocres de informação. Que a introdução no ensino da disciplina ‘informação’, com um quadro de professores especializados, seria a garantia para o ingresso dos alunos na sociedade da informação. Depois de desenvolvido no ambiente escolar, o conceito sobre as relações dos bibliotecários e professores, ganhou portanto, impulso, passando a ser considerado no ambiente acadêmico. Moore (2002, p.5) faz uma análise da information literacy education no mundo e a coloca como uma aplicação compulsória na educação para enfrentar o desafio da exclusão digital. Na verdade, esse conceito parece apropriado para elucidar a capacidade necessária do indivíduo com relação à informação. Ele traz, desde sua origem, uma aproximação muito nítida com a questão da cidadania e com as habilidades ligadas ao uso da informação em meio eletrônico. Hamelink e Owens (1976), citados por Dudziak (2003), afirmam que os cidadãos competentes no uso da informação estão em posição de tomar decisões mais inteligentes e socialmente responsáveis que os cidadãos que não estão bem informados. É, pois, possível concluir-se que educação para a informação deveria se constituir em uma política pública para inclusão digital, em qualquer meio ou organização que se proponha a este tipo de ação, como, por exemplo, as organizações não-governamentais.

Síntese final

Chega-se ao final com a certeza de que inclusão digital encerra um complexo inter-relacionamento de conceitos e tem como ponto central a educação para a informação ou information literacy education. Nesse sentido, a relação entre inclusão digital e educação para a informação (information literacy education) constitui objeto de pesquisa emergente e importante para a ciência da informação. Como uma ciência social aplicada e em acordo com as mudanças ocorridas na sociedade contemporânea, a ciência da informação tem enorme papel econômico e social. Freire (2002, p.11) defende que:

(...) mais que organizar e processar conhecimento científico, como antes dos primórdios da ciência da informação, será importante prover seu acesso público através das mais diversas formas e dos mais diversos canais de comunicação, de maneira que essa nova força de produção social possa estar ao alcance dos seus usuários potenciais

Esse posicionamento atual da ciência da informação, como facilitadoranir o aumento ou redução da desigualdade social é justamente o nível de utilização do conhecimento e sua aplicação, hoje, de forma inalienável, via TICs. A educação para a informação está, portanto, no cerne de uma nova e desejada sociedade “incluída”, que seja amparada na consideração “cuidadosa” de uma educação que envolva novas e ousadas abordagens relacionadas ao acesso à informação por meio das TICs. Artigo, recebido em 07/12/2004 e aceito para publicação em 15/08/2005.

Referências

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Artigo
 

Marcos Palacios(FACOM)

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  Integrantes: Marcos Silva Palacios – Coordenador.
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Finaciador(es): Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - Bolsa.
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Financiador(es): Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - Bolsa.
 

Claudia Amado Gama (IM)

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Onda Digital: A Universidade protagonizando a Inclusão Digital
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Programa Onda Digital

O Programa Onda Digital é um projeto universitário, idealizado com o intuito de envolver professores e estudantes da Universidade Federal da Bahia (UFBA) no processo de inclusão sócio-digital. O programa é coordenado pelo Departamento de Ciência da Computação (DCC). A missão desse programa é contribuir no processo de inclusão sócio-digital na Bahia, envolvendo a Universidade em ações educativas, sociais, culturais e de difusão da filosofia do software livre. O programa também conta com os seguintes parceiros: Centro de Processamento de Dados da UFBA (CPD UFBA), Pró-Reitoria de Extensão da UFBA, Diretório Acadêmico de Computação da UFBA (DACOMP), Empresa Junior de Computação da UFBA (InfoJr? UFBA), Projeto Software Livre - Bahia (PSL-BA), BanSol? - Associação de Fomento à Economia Solidária, Faculdade de Educação da UFBA e Instituto Eletrocooperativa. O envolvimento de estudantes da UFBA, em especial dos estudantes de Ciência da Computação, é o elemento-chave no trabalho do Onda Digital, onde todos trabalham em conjunto na elaboração e execução dos projetos do programa.

- Curso de Informática Básica: inclusão digital com uso de software livre

Este projeto visa oferecer formação básica em informática para os jovens da Eletrocooperativa, estando prevista a capacitação de 40 jovens em 2006. O curso ministrado pelo Onda digital faz parte do programa de formação musical oferecido pela Eletrocooperativa. Todo o curso de Informática Básica é ministrado por estudantes de computação da UFBA, supervisionados por professores, em laboratórios da universidade.

- Inclusão Digital de Estudantes da UFBA Oriundos de Escola Pública

Este projeto visa oferecer formação básica em informática para os estudantes da UFBA oriundos de escola pública, estando prevista a capacitação de 80 jovens em 2006. O curso ministrado pelo Onda digital tem parceria com o NENU(Núcleo dos Estudantes Negros da UFBA). Todo o curso de Informática Básica é ministrado por estudantes de computação da UFBA, supervisionados por professores, em laboratórios da universidade

- Incluir - SIM

Para um processo de construção de um empreendimento ou um projeto de Economia Solidária se faz necessário a utilização de um software poderoso, capaz de realizar o Mapeamento da Produção e do Consumo Local de forma rápida e eficiente. Este projeto visa o desenvolvimento de um software livre com este propósito. É importante salientar que este software vai muito além de um simples software de tabulação, análise e cruzamento de dados, há de ser um banco de dados de consulta que irá orientar as ações dentro das mais diversas comunidades. Outro fator importante a ser considerado, é que não foi encontrado nenhum outro software livre capaz de realizar a análise e tabulação de dados, de forma que fosse facilmente adaptável, para as diferentes realidades das comunidades.

- Oficinas Itinerantes

Este projeto visa criar um espaço para a discussão e aprofundamento de temas sociais atuais e relevantes, buscando um desenvolvimento social da população das comunidades de baixa renda de Salvador. Os temas das oficinas incluem Ética, Combate ao Abuso Sexual de Menores, Consciência Ecológica, Violência Urbana, dentre outros. As oficinas tratarão estes temas de forma lúdica e dinâmica, utilizando as Tecnologias de Informação e Comunicação como alavancas para superação das dificuldades sociais. As Oficinas Itinerantes serão realizadas nos InfoCentros? da Bahia, em parceria com a SECTI. A primeira oficina terá como tema “Ética na Internet” e abordará tópicos como: navegação cidadã, postagem de conteúdos lícitos, e outros. A preparação das oficinas será feita com auxílio de profissionais de educação, teatro, computação e sociologia. Os executores das oficinas serão estudantes da UFBA, supervisionados por professores.

- Onda Solidária de Inclusão Digital

O modelo econômico vigente incentiva o desenvolvimento tecnológico em detrimento da natureza, produzindo toneladas de lixo eletrônico anualmente sem se preocupar com o seu destino. Este projeto busca equipar infocentros com uso de computadores reciclados e software livre para a implantação de um empreendimento solidário em comunidades de baixa renda. O projeto conta com a parceria entre DCC, CPD, BANSOL e NUMEP, orgão responsável por consertar os computadores defeituosos da UFBA.

- Viva Jovem 2

O Projeto Viva Jovem, que integra o Programa Viva Nordeste da SETRAS, localizado no Nordeste de Amaralina, em Salvador, organizado pelo governo do Estado. Quinhentos jovens com idade entre 16 e 24 anos, residentes no Nordeste de Amaralina, Vale das Pedrinhas, Chapada do Rio Vermelho e Santa Cruz estarão recebendo, até julho, aulas de português, matemática, artes e inclusão digital.

Artigo

André Lemos / Leonardo Costa (FACOM)

Roteiro da entrevista

Nome do entrevistado:

Biografia do entrevistado:

Local:

Data/Horário:

1.Que pesquisas e/ou projetos de extensão o(a) senhor(a) (ou você?) vem desenvolvendo sobre a inclusão digital?

 
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Autores
 
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Débora Abdalla (1) Cláudia Gama (1) Caroline Rodarte (2) Vinicius Gama Pinheiro (2) Leandro Nunes dos Santos (2) (1) Departamento de Ciência da Computação – Universidade Federal da Bahia (UFBA) Av. Adhemar de Barros, Instituto de Matemática – Salvador – BA – Brasil (2) Graduando(a) em Ciência da Computação – Universidade Federal da Bahia (UFBA) Av. Adhemar de Barros, Instituto de Matemática – Salvador – BA – Brasil {abdalla, claudiag, caroline, vinicius, smurf}@im.ufba.br
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PESQUISAS
 
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Resumo
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2.Fale um pouco sobre suas pesquisas.
 
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Este artigo relata uma experiência de inclusão digital (ID) do Programa de Extensão Onda Digital com 40 jovens carentes. O curso de Informática Básica de 36 horas fez parte do programa educacional da ONG Eletrocooperativa. Este programa visa a formação musical, melhoria das condições de trabalho e de cidadania de jovens de descendência afro-brasileira. A experiência de ID contou com a participação de alunos do curso de graduação em Ciência da Computação da UFBA, que atuaram como monitores e instrutores. O gerenciamento do curso, a elaboração das aulas e do material didático foram feitos com a utilização de ferramentas colaborativas livres. O próprio conteúdo do curso de informática foi baseado em soluções livres, dentro do sistema operacional GNU/Linux. O resultado foi encorajador: dos 22 alunos que concluíram o curso com sucesso, 13 já estão empregados em menos de 6 meses e 2 decidiram matricular-se em curso pré-vestibular. Acreditamos que iniciativas como esta despertam nos jovens a motivação de engajar-se na universidade ou no mercado de trabalho.
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3.O que o motivou a pesquisar sobre o tema?
 
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Introdução - Inclusão Digital como alavanca para a Inclusão Social
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4.Quais são os seus objetivos?
 
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Entendemos por Inclusão Digital (ID) a possibilidade de acesso dos cidadãos de uma sociedade às tecnologias de comunicação e informação, que incluem, entre outras, os computadores e serviços de internet. Segundo a Fundação Getúlio Vargas [FGV 2003] este acesso pode ser dividido em três tipos: acesso ao capital físico (computador, periféricos, etc.), capital humano (i.e., aulas de informática, educação básica, etc.) e capital social (internet e outras formas de associativismo). Assim, para que a inclusão digital seja completa e sustentável é preciso que o cidadão se aproprie das tecnologias de informação de forma ampla, consciente e autônoma. Num país como o Brasil a inclusão digital tem o forte potencial de promover inclusão social, possibilitando que uma considerável camada da população participe ativamente da vida política, social e cultural do país, além de melhorar sua capacitação para atuar no mercado de trabalho. Entretanto, ainda são muito poucos aqueles que têm acesso a essas tecnologias em nosso país. Atualmente, o combate à exclusão digital é um dos principais temas discutidos relacionados à tecnologia de informação. O mapa da exclusão digital no Brasil, segundo recente pesquisa da Fundação Getúlio Vargas [FGV 2003], mostra que apenas 12,46% da população brasileira tem acesso ao mundo digital, sendo que as regiões norte e nordeste apresentam os maiores índices de exclusão. A Bahia, por exemplo, ocupa o 6º lugar no ranking dos Estados mais excluídos. O mapa da desigualdade digital revela ainda um apartheid digital, já que para cada negro ou pardo com acesso aos computadores existem 3,5 brancos em idêntica situação. O percentual de pardos que têm computador em casa é um pouco maior do que os dos negros conectados: 4,06% contra 3,97%. Já entre os brancos, o índice dos que têm computador chega a 15,14%. No Brasil, os pardos representam 38,45% da população, os negros 6,21% e os brancos, 53,74% [Martins 2003]. Na Bahia o número de negros e mestiços representa 79% da população. Recentemente vemos no país diversas iniciativas para promover a inclusão digital, provenientes dos governos locais e federais, de entidades não governamentais (ONGs) e iniciativas privadas (em Silveira e Cassino (2003) são encontrados vários exemplos). Muitas dessas iniciativas buscam promover a inclusão digital numa perspectiva de atuação integrada com outras ações que visam combater a desigualdade social e melhorar a qualidade de vida da classe desprevilegiada de nosso país. Neste contexto, o software livre vem sendo adotado em muitos projetos de inclusão digital como uma solução economicamente viável, pois garante uma economia na aquisição de licenças de uso, o que facilita a implementação desses projetos. O Programa de Extensão Universitária Onda Digital foi criado dentro desta perspectiva: praticar a inclusão digital como um meio para a inclusão social, visando uma melhoria sustentável da qualidade de vida de pessoas excluídas socialmente. Nosso primeiro projeto de ID foi realizado em 2004, através de parceria realizada com a ONG Instituto Eletrocooperativa, e contribuiu para a valorização social e econômica de jovens carentes, afro-descendentes que enfrentam diferentes formas de discriminação, por meio de um processo de iniciação em Informática e Internet com a adoção de softwre livre. Com isso, buscamos possibilitar a inclusão destes jovens nas novas formas de comunicação e interação da sociedade e facilitar seu nível de empregabilidade. O restante deste artigo apresenta a filosofia e características do programa Onda Digital e relata a experiência de ID com os jovens da Eletrocooperativa. Ao final, apresentamos uma avaliação desta experiência e planos de futuros projetos.
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5.E sua metodologia?
 
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A Universidade na Inclusão Digital e Social e o Programa Onda Digital
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6.Que conclusões e resultados tem obtido?
 
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Acreditamos que por serem centros de excelência na produção e difusão do conhecimento e também, instituições públicas, as universidades federais têm um papel de suma importância nos processos de inclusão digital. Esta relevância é mais evidente quando abordamos esse tema em um país onde as necessidades sociais são urgentes, a exemplo do Brasil. Pelo fato de termos uma necessidade muito maior de corrigir as distorções sociais vigentes no país, a realização de trabalhos de inclusão digital deve ser encarada como um meio para a inclusão social das classes desfavorecidas da nossa sociedade. Vale observar, contudo, que são poucos em nosso país que conseguem finalizar o ensino médio e menos ainda são aqueles que conseguem ingressar na universidade. Destarte, é papel da universidade promover novas soluções para a inclusão educacional, social e digital dos mais excluídos. Dentro deste universo, vemos que os profissionais da área de tecnologia da informação (TI) têm uma alta responsabilidade no processo de inclusão digital, pois possuem um maior conhecimento sobre o mundo digital. Ao mesmo tempo, estes profissionais representam uma parcela ínfima da população com acesso a tecnologias de ponta, formando assim uma elite digital. Na era dos bits, a desigualdade social agora é fortalecida por aqueles têm ou não têm acesso à informação, e está nas mãos dos profissionais de TI as ferramentas e o saber necessários que podem contribuir para a diminuição dessa desigualdade. O Programa Onda Digital é um projeto universitário, idealizado com o intuito de envolver profissionais e estudantes de informática dentro desse processo de inclusão digital. O Onda Digital é coordenado pelo Departamento de Ciência da Computação (DCC) e Centro de Processamento de Dados (CPD) da Universidade Federal da Bahia (UFBA). O programa também conta com a parceria e apoio de entidades ligadas à universidade e ao mundo do software livre: Diretório Acadêmico de Computação da UFBA (DACOMP), Empresa Junior de Computação da UFBA (INFOJR) e Projeto Software Livre Bahia (PSL-BA). O envolvimento de estudantes de computação é o elemento-chave no trabalho do Onda Digital, onde todos trabalham em conjunto na elaboração e execução dos projetos de ID. O Programa Onda Digital busca a participação ativa da universidade dentro da comunidade em prol da inclusão digital. O Programa abrange ações educativas, de desenvolvimento de recursos humanos e técnicos, e de criação e uso de software livre voltados para viabilização e melhoria dos processos de inclusão digital e social. O Programa Onda Digital propõe organizar diversas iniciativas voltadas para o fomento da inclusão digital na cidade do Salvador e na Bahia. A proposta do programa abrange não somente atividades de um cunho tecnológico, mas também criar atividades nas quais se trate da tecnologia inserida em temas transversais, como cidadania, artes, lingua portuguesa e literatura, esportes, dentre outros, buscando uma inclusão mais abrangente do indivíduo na sociedade. Atividades como cursos, eventos e serviços de apoio e consultoria estão previstos no escopo do programa. O Programa prevê a participação dos alunos do curso de Ciência da Computação e afins das Instituições de Ensino Superior de Salvador nestas atividades, levando uma mensagem de aproximação da comunidade acadêmica com a sociedade. O Onda Digital adota a filosofia do software livre em seus projetos de ID. Conceitualmente falando o modelo de desenvolvimento do software livre se refere à liberdade dos usuários executarem, copiarem, distribuírem, estudarem, modificarem e aperfeiçoarem o software de forma que toda a comunidade se beneficie [Stallman 2002]. Todo este arcabouço conceitual por trás da filosofia do software livre se encaixa perfeitamente às metas e objetivos de um projeto de inclusão digital, o que contou como um fator positivo na opção pelo software livre no nosso Programa. Por existir, no curso de Ciência da Computação da UFBA, uma ampla utilização e conhecimento de sistemas livres, a escolha por este tipo de software ficou ainda mais facilitada.
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7.Quem está envolvido com a pesquisa? (professores, alunos?)
 
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A Experiencia de ID com a ONG Eletrocooperativa
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8.Os resultados destas pesquisas estão sendo socializados (onde – publicações)?
 
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Em nosso país, atualmente, temos, de um lado, uma parcela muito pequena da população que transita neste universo novo, das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), com inúmeras e variadas possibilidades de interação, informação e desenvolvimento pessoal. De outro, uma parcela imensa que só “ouve falar” sobre a nova realidade [Lima e Selaimen 2003]. Nosso projeto busca diminuir a distância entre estas duas realidades, reduzindo esta “brecha digital”. Deste desejo, surgiu o convênio entre a UFBA e o Instituto Eletrocooperativa, cujo primeiro projeto foi o Curso de Informática Básica com Software Livre para jovens selecionados pela ONG. A ONG Instituto Eletrocooperativa tem sede em Salvador, no Pelourinho, e trabalha com jovens provenientes de diversas localidades da cidade, que tenham interesse pela música. Seu trabalho é voltado para a capacitação desses jovens em produção musical eletrônica, geração de produtos musicais e incentivo à formação de grupos musicais. Com isso, ela almeja a melhoria da qualidade de vida desses jovens, geração de renda e preparo para o mercado de trabalho. A Eletrocooperativa possui convênios com diversos grupos afros da Bahia como Projeto Axé, Ilê Aiê, Olodum Mirim, Banda Didá, Muzenza e outros, que indicam jovens afro-descendentes para participarem do seu processo de seleção. Além do curso de informática, os jovens da Eletrocooperativa participaram de outros cursos oferecidos pela ONG (ex: curso de música eletrônica, grafitismo, etc.).
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9.E são utilizadas como referenciais para ações de inclusão digital ou para novas pesquisas?
 
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Objetivos do Curso de Informática Básica
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10.Quais as referências que utiliza para fundamentar suas pesquisas?
 
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O curso de informática básica objetivou o aprendizado do uso do computador em suas operações básicas, aprendizagem dos aplicativos mais comuns (editores, navegação na internet, emails, etc.), fornecendo uma visão geral da utilidade do computador na sociedade e nas comunidades. O curso preocupou-se em fornecer uma visão crítica quanto ao uso das TICs e, para isso, incluiu no seu currículo aspectos sobre ética no uso de Internet e emails, consciência sobre uso de software livre e pirataria. Em paralelo, este curso proporcionou aos alunos de graduação do Curso de Ciência da Computação uma experiência de ensino em um projeto de ID, onde puderam exercitar seus conhecimentos computacionais e aprenderem sobre metodologias e técnicas de ensino. Outra característica deste projeto foi que todas as aulas aconteceram dentro de laboratórios do campus universitário. Nosso objetivo foi o de apresentar o ambiente universitário a esses jovens e criar a oportunidade de interação com as TICs dentro deste ambiente, buscando despertar o interesse pelo estudo e aprendizado. O curso de Informática Básica ocorreu no período de Julho a Outubro de 2004 com duração total de 36 horas, sendo 24 horas de aulas teórico-práticas e 12 horas de exploração livre supervisionada, onde os alunos puderam utilizar o computador para as atividades de sua escolha com apoio dos instrutores (ex: uso de aplicativos que mais se identificaram ou tiverem dificuldade). Os alunos da Eletrocooperativa foram distribuídos em duas turmas de 20 pessoas: uma matutina e outra vespertina. A idade dos alunos variava entre 15 e 25 anos, e a grande maioria não possuia nenhuma experiência com o computador e nem com a internet.
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11.Quais os vínculos que possui com outros grupos de pesquisas?
 
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A Metodologia de Elaboração e Execução - Um trabalho colaborativo
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12.E quais as contribuições sociais de sua(s) pesquisa(s)?
 
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O curso foi ministrado exclusivamente pelos estudantes do curso de graduação em Ciência da Computação da UFBA, sendo que a cada aula um aluno atuava como instrutor e os demais como monitores, fornecendo auxílio individualizado para os jovens. Vemos esta forma de ensino como benéfica num projeto de Inclusão Digital, pois ambos os grupos (professores e aprendizes) são de faixa etária próxima, o que facilita a comunicação, gera uma integração, confiança e um ambiene bem mais descontraído, diminuindo a imagem de uma sala de aula convencional. O grupo de instrutores participou de toda a preparação do material didático, juntamente com as professoras do Onda Digital que organizaram e supervisionaram o projeto. Este processo de contrução do material didático e organização das aulas foi feita de forma interativa e distribuída, usando tecnologia livre. Utilizamos o ambiente colaborativo Twiki, que é uma ferramenta de desenvolvimento de conteúdo colaborativo na web, que permite criar facilmente páginas na internet usando apenas o navegador. Assim, a criação e organização das aulas foi feita de forma colaborativa, em reuniões presenciais e também via web, utilizando o Twiki. Inicialmente, foi construída uma página no servidor Twiki para esse projeto, definindo-se as regras gerais do curso, os temas que seriam abordados nas aulas e seus principais responsáveis. Para cada aula foram anexadas páginas com a estrutura da aula, objetivos, monitores e instrutores responsáveis, conteúdos a serem apresentados, técnicas de ensino e materiais relacionados (exercícios, avaliações, etc.). No decorrer do curso, reuniões semanais foram realizadas para preparar os instrutores e revisar os conteúdos das aulas seguintes. Essas informações eram atualizadas diretamente na página do projeto e poderiam ser acessadas de imediato no site. Dessa forma, todo material esteve sempre disponível na Internet, possibilitando a visualização por parte das pessoas que estavam envolvidas no projeto. Como o curso aconteceu durante o período letivo dos estudantes de computação, era comum alguns não poderem participar das reuniões por causa das aulas da universidade. Com o uso da ferramenta Twiki foi possível manter todos os membros do grupo a par das novas decisões e se preparar para as aulas.
 
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O Conteúdo Pedagógico do Curso
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PROJETOS
 
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O programa de ensino do curso de Informática Básica abordou assuntos de natureza técnica e social relacionados à informática. O curso teve os seguintes objetivos pedagógicos: Entendimento dos conceitos de software e hadware; Obtenção do vocabulário básico de Informática; Entendimento dos conceitos de arquivo e pasta e capacidade de efetuar as operações associadas a estes conceitos (ex. salvar, abrir, etc.); Aprendizado de técnicas de digitação; Domínio de aplicativos básicos como: calculadoras, editores de texto e editores de desenhos; Uso do browser para navegar na Internet; Uso da internet como um meio de integração; Elaboração de buscas na Internet, com escolhas de palavras-chaves apropriadas e seleção dos sites e pesquisa por figuras na internet; Uso de aplicativos de emails e participação em listas de emails; Manipulação de documentos textos, desde a sua criação até a gravação desse documento no computador e elaboração de documentos com uso de resultados de pesquisas feitas na Internet; Diferença entre Software Livre e Software Proprietário; Foram utilizados durante as aulas diversos aplicativos livres, rodando no sistema operacional Linux (Debian GNU/Linux). A escolha do Debian GNU/Linux, bem como os outros softwares livres utilizados nas aulas, procurou manter a coerência social do projeto, já que no contexto da inclusão digital, a sustentabilidade dos projetos é o fator principal a ser considerado. Prender-se a modelos proprietários pode ser atraente a curto prazo mas a dependência gerada por estes modelos, explicitada nas licenças de seus softwares e nos contratos de manutenção, podem atrofiar o alcance e abreviar o tempo de vida destes projetos. Adotar o Debian como distribuição GNU/Linux é uma garantia de que os projetos sempre poderão contar com um sistema operacional livre de softwares proprietários, gratuitos e de ótima qualidade. Além disso, é um projeto que conta com um conjunto de desenvolvedores competentes e com um apoio sempre consistente da comunidade de Software Livre o que reduz drasticamente a possibilidade de que um dia o projeto Debian seja descontinuado ou extinto. Ao final do curso de Informática Básica esperava-se que os jovens da Eletrocooperativa estivessem aptos a utilizar computadores de forma autônoma, nevegar na Internet para busca de informações e usar aplicativos de comunicação do tipo email e editores de texto.
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13.O que o motivou a desenvolver o projeto?
 
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Resultados do Projeto
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14.A quem se destina o projeto?
 
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Dos 40 alunos que iniciaram o curso, 22 concluíram com sucesso. Todos que chegaram até o final demonstraram uma grande evolução no uso do computador. Naturalmente, como muitos dos alunos não tinham qualquer contato prévio com o computador, foi notado nestes uma evolução mais tímida, se comparada com o progresso daqueles que já tinham tido algum contato anterior. O uso do software livre foi bem aceito pelos alunos. Isto trouxe a certeza da escolha correta do sistema computacional GNU/Linux para o trabalho de inclusão digital.
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15.Que objetivos tem o projeto?
 
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Avaliação de Aprendizagem
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16.Qual o órgão (da UFBA) que dá sustentação ao projeto?
 
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Foram usados dois critérios de avaliação dos alunos: participação e desempenho. Para o primeiro critério, foi utilizado listas de presença, sendo que o aluno tinha que comparecer a 80% das aulas. Já para o segundo critério, duas avaliações foram aplicadas, onde cada avaliação possuía uma parte teórica e outra parte prática. A avaliação teórica teve por objetivo verificar o entendimento dos conceitos abordados e a capacidade de generalização de atividades no computador. A parte prática visava verificar a capacidade do aluno em executar tarefas no computador de forma independente. Todos os alunos foram capazes reconhecer e usar aplicativos de edição de textos e desenhadores; abrir, criar e salvar arquivos em disquetes e disco rígido; navegar e fazer buscas na Internet e enviar emails. A maioria dos alunos também foi capaz de formatar textos e realizar tarefas mais complexas com o computador de forma autônoma e consciente. As avaliações foram corrigidas em sala, juntamente com os alunos como uma forma de revisar os assuntos. As avaliações também visavam auxiliar os instrutores no diagnóstico dos alunos com maiores dificuldades e na identificação dos tópicos menos assimilados. Respeitando a heterogênidade do grupo de alunos, o desempenho de cada um foi avaliado individualmente. Assim, ao final do curso, foram considerados aptos aqueles que demonstraram autonomia no uso com computador para as tarefas básicas e que mostraram evolução do seu nível de connhecimento desde o início do curso até o final.
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17.Quem está envolvido com o projeto? (professores, alunos, funcionários?)
 
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Dificuldades Enfrentadas
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18.O projeto tem vínculo com algum grupo de pesquisa?
 
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Observou-se, como maiores dificuldades, os problemas e limitações dos alunos com a língua portuguesa. Escrita de palavras, interpretação de textos e leitura das avaliações eram problemas frequentes. Concluímos que é extremamente importante um reforço em língua portuguesa em paralelo a cursos deste tipo. Outra dificuldade foi a inexperiência dos instrutores em dar aulas. Isto mostrou a necessidade de fornecer treinamento aos instrutores com cursos de formação em didática e técnicas educacionais direcionadas a este público alvo.
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19.Que softwares são utilizados nas ações do projeto? Por quê?
 
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Repercussões da Experiência
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20.Quais as diretrizes metodológicas utilizadas para a formação dos sujeitos dessa comunidade?
 
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Considera-se que o projeto foi bem sucedido, não apenas pelo retorno recebido dos alunos durante a avaliação do curso, na última aula, mas por resultados concretos de inclusão social dos mesmos. Segundo dados fornecidos pela Eletrocooperativa, no período de 2003 a 2004, passaram por eles 204 jovens. Destes, 23 estão empregados, sendo que 13 deles passaram pelo curso de Informática Básica e atestaram que o certificado da UFBA foi o grande diferencial para conseguir o emprego. Além disto, dos 204 jovens, apenas 3 estão fazendo curso pré-vestibular, sendo que 2 deles passaram também pelo curso promovido por nós. Do ponto de vista dos estudantes do curso de graduação de Ciência da Computação que participaram do projeto, além do crescimento pessoal e profissional, outro aspecto extremamente importante foi a criação de uma cultura colaborativa, onde cada um é responsável pelo sucesso do trabalho. Acreditamos que esta experiência irá incentivar outros estudantes a participarem de novos projetos do Onda Digital e irá motivar os que já participaram a colaborarem em projetos dentro e fora da Universidade.
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21.Qual o conceito de inclusão digital que está presente no projeto?
 
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Conclusão
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22.Como esse conceito é operacionalizado nas ações do projeto?
 
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Esta foi uma pequena ação, mas bastante significativa em busca de aproximar a universidade da sociedade fazendo com que a universidade cumpra o seu papel de geradora e propagadora do conhecimento promovendo uma maior justiça social no nosso país. Estes primeiros resultados mostram que o objetivo proposto inicialmente pelo projeto foi atendido. A inclusão digital destes jovens propiciou a eles uma inclusão social melhorando a qualidade de vida dos mesmos. A continuação de todo este trabalho, e consequentemente a sua ampliação, são os principais ojetivos a serem atendidos pelo projeto Onda Digital. E enquanto houver exclusão social a UFBA atuará, senão para a sua erradicação, mas pelo menos para a amenização destas distorções vigentes hoje no nosso país. Acredita-se que as universidades devam estender seus tentáculos ao alcance dos excluídos, aproximando-se cada vez mais do cidadão comum e minimizando o contingente marginalizado. A inclusão digital, como qualquer tipo de inclusão, é um processo de ação bilateral. Não basta que o cidadão vá de encontro à informação. A informação precisa ir de encontro ao cidadão.
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23.Quais os referenciais teóricos utilizados no projeto?
 
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Referencias bibliograficas
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24.Quais os resultados obtidos e esperados com o projeto?
 
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FGV - Fundação Getúlio Vargas, Mapa da Exclusão Digital, 2003. http://www2.fgv.br/ibre/cps/mapa_exclusao/apresentacao/apresentacao.htm.Último acesso em 24/03/05. Lima, Paulo e Selaimen, Graciela B.; “Desafios para a inclusão digital no terceiro setor” em "Software Livre e Inclusão Digital", Sérgio Amadeu Silveira e João Cassino (org.), Editora Conrad, 2003. Martins, Paulo César, “O Mapa da Inclusão” - Revista Sistema, 12, Setembro, 2003. Stallman, Richard "Free Software, Free Society: Selected Essays of Richard M. Stallman", GNU Press. Silveira, Sérgio Amadeu; Cassino, João (organizadores), "Software Livre e Inclusão Digital", Editora Conrad, 2003. Referências de Sitios WEB
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25.Tem previsão de término do projeto?
 
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Material do Curso de Informática Básica para ONG Eletrocooperativa: http://twiki.im.ufba.br/bin/view/Colmeia/ProjetoEletrocooperativa. Projeto GNU: http://www.gnu.org/philosophy/free-sw.pt.html. Projeto TWIKI: http://www.twiki.org/. Curso Completo de Twiki: http://twiki.im.ufba.br/bin/view/PSL/CursoTWikiCompleto Projeto Debian: http://www.debian.org/. Projeto Debian Brasil: http://debian-br.alioth.debian.org/.
 
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TODOS
 
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André Lemos (FACOM)

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26.Como você define inclusão digital?
 
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27.Qual a relação entre inclusão digital e inclusão social?
 
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28.Na sua opinião, a quem se destina a inclusão digital?
 
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29.E o que seria a exclusão digital? (depende das questões anteriores)
 
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30.Você acha que podemos utilizar o termo analfabetismo digital como sinônimo de exclusão digital? Por quê?
 
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31.Como você analisa as políticas públicas de inclusão digital no Brasil?
 
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32.São suficientes para resolver o problema da exclusão?
 
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33.(No caso de achar insuficiente a política adotada) Qual seria o caminho para resolver o problema da exclusão?
 
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34.Como você analisa a participação da UFBA nos processos de inclusão digital, em Salvador e na Bahia?
 
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35.(No caso de achar a participação da UFBA insignificante) Qual deveria ser a política institucional na área?
 
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36.Como vê a implantação de softwares de código aberto(software livre) em algumas iniciativas de inclusão digital da UFBA? E no Brasil?
 

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Tabulação geral

 
 
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