> > | O RÁDIO COMERCIAL
Na década de 1920, o rádio brasileiro caracterizou-se por programas simples (informativos ou comerciais) que eram resultado da falta de investimentos no setor. A partir da veiculação do primeiro jingle (para vender os serviços de qualidade de uma padaria) em 1932, há uma mudança na programação radiofônica. Neste mesmo ano, o rádio recebeu autorização oficial para veiculação de anúncios.
Nesta época, o Brasil adotou o modelo de radiodifusão norte-americano e passava a distribuir concessões de canais a particulares. Há também um barateamento do custo dos aparelhos receptores. O rádio comercial impunha uma nova maneira de comunicação, o investimento comercial dos anunciantes locais proporcionou o lançamento de uma programação aprimorada.
A partir de 1940, a publicidade radiofônica sofre duas mudanças fundamentais: a estatização da Rádio Nacional do Rio de Janeiro (por Vargas), com isso, o investimento de verbas governamentais somada à receita publicitária de origem comercial transforma a emissora em uma concorrente insuperável. O segundo fator, foi a chegada (1941) de representantes do governo dos EUA (na tentativa de influenciar) para coordenar as relações econômicas e culturais com a América Latina, ou seja, divulgar no Brasil o American way of life.
Há investimentos por empresas estadunidenses em programas de rádios. Os patrocinadores passam a ter suas marcas e produtos associados aos títulos dos programas: Programa Bayer, Calendário Kolynos, Recital Johson, etc.
O Rádio brasileiro não resistiu aos encantos dos novos produtos e às fartas cotas publicitárias distribuídas pelas agências de publicidades estrangeiras entre as principais emissoras nacionais. Os programas eram criados a partir da relação cada vez mais sólida entre emissora e anunciante.
O rádio no país nesta época vive a sua fase ouro-rico e influenciador dos hábitos e costumes de milhões de fascinados ouvintes.
O RÁDIO INFORMATIVO
A publicidade também influiu diretamente na introdução do jornalismo radiofônico no Brasil. Em 1941, a Rádio Nacional transmitia o Repórter Esso, informativo que altera o padrão de jornais-falados vigentes no rádio brasileiro.
Foi fundado nesta rádio, a Seção de Jornais Falados e Reportagens, a qual originou, pela primeira vez, um sistema de equipe (um chefe, quatro redatores e um colaborador do noticiário parlamentar).
No início da década de 50, a Rádio Nacional deixa de ser exclusiva no radiojornalismo nacional. A Tupi já transmitia informativos com significativos índices de audiência. A Rádio Continental é a primeira especializada em reportagens exteriores.
Os ouvintes sintonizaram o Repórter Esso para saber o que estava acontecendo no mundo e a Continental para ouvir os principais fatos ocorridos no Rio de Janeiro e Brasil.
A LEGISLAÇÃO RADIOFÔNICA
Somente em 1944, 21 anos depois da fundação da primeira emissora brasileira, profissionais e empresários do rádio conseguiram reunir-se para criar a Associação Brasileira de Rádio (ABR), considerada um órgão técnico e consultivo do Estado, ela foi responsável pela regulamentação da profissão de radialista, em setembro de 45.
A ABR colaborou para o estabelecimento do Código Brasileiro de Radiodifusão, cujo ante-projeto foi entregue em 1946 ao então presidente, General Eurico Dultra. Antes, apenas dois textos legais regiam o setor de radiodifusão: o Decreto 20.047, de 1931, que estabelecia novas normas e o Decreto 21.111, sobre normas reguladoras dos serviços de radiocomunicação no território nacional, datado em 1932.
Em 1961, Jânio Quadros instituiu o Decreto 50.666, que criava o Conselho Nacional de Telecomunicações - CNT com a finalidade de estudar e definir o problema nacional de telecomunicações e suas ligações no âmbito internacional e a de rever, coordenar e propor legislação sobre telecomunicações e seus órgãos de planejamento, execução e controle.
Mas, foi em 1962, no governo de João Goulart, que o Congresso Nacional aprovou a Lei 4.117 que instituía o Código Brasileiro de Telecomunicações. O presidente apresentou 52 vetos que por consequência houve uma reação imediata do empresariado nacional, um exemplo pioneiro de lobby junto aos deputados e senadores, para rejeitar os vetos, o que, de fato, aconteceu. Em 1963, através do Decreto 52.026, o Código Brasileiro de Telecomunicações foi regulamentado.
A organização do empresariado brasileiro fez com que em 27 de novembro de 1962 fosse criado a ABERT - Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV.
A criação, em 1967, do Ministério das Comunicações provocou mudanças no CNT e instituiu o DENTEL - Departamento Nacional de Telecomunicações -, órgão para fiscalizar a programação dos meios de comunicação eletrônicos. |