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Revision 813 Nov 2006 - CecilioSantos

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MEMORIAL

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UFBA – Universidade Federal da Bahia

FACED - Faculdade de Educação

CURSO – Licenciatura em Pedagogia

ALUNO – Antônio Cecílio

GRUPO DE ORIENTAÇÃO – 04 – Margareth Dourado

UFBA/IRECÊ – BA

UFBA – Universidade Federal da Bahia FACED - Faculdade de Educação CURSO – Licenciatura em Pedagogia CICLO SEIS – ANO 2006 ALUNO – Antônio Cecílio GRUPO DE ORIENTAÇÃO – 04 – Margareth Dourado

MEMORIAL PEDAGÓGICO

UFBA/IRECÊ-BA

Irecê-BA, Dezembro de 2006

APRESENTAÇÃO

No despertar destes novos tempos em que os avanços tecnológicos e a expansão dos meios de comunicação definem diferentes exigências para a análise crítica da realidade, elaboro este material didático-pedagógico que integra as minhas idéias em todos os ramos da vida social, com a intenção de direcionar a você, leitor, uma rica experiência de trabalho e de saberes adquiridos na prática de sala de aula. Para vencer este desafio e compreender os múltiplos jogos de significados que os conhecimentos dinâmicos e atualizados criaram, procurei despertar a prática de leitura, do debate, da pesquisa, e da produção de textos com apropriação da linguagem oral e escrita. Com isto, o meu desempenho na sala de aula ficou mais dinâmico. Quando passei a entender as relações históricas entre a sociedade, a natureza e o mundo do trabalho, tive mais discernimento com/do os fatos pedagógicos. Lembro, porém, que para o entendimento e compreensão dos fatos e situações que estãopresentes nestas relações foi preciso que eu estivesse disposto a participar, junttamente com os professores das atividades do processo ensino e aprendizagem, buscando no exercício do diálogo e da reflexão, o domínio dos conhecimentos sistematizados pela faculdade com espírito de confiabilidade.

EU - ALUNO - FASE COMPLICADA

Lembro-me dos meus sete anos, quando tive que ir à escola pela primeira vez. Foi um momento tão esperado, que acabei não indo no dia previsto, fiquei com medo das professoras, secretárias, merendeiras, diretora e futuros colegas de classe. Como eu não tinha decisão própria, era obrigado ir, querendo ou não. Comecei cobrindo letras, soletrando e repetindo a leitura da professora. Quando estava chovendo, meu Deus! Era a maior dificuldade para chegar à escola, pois não tinha calçamento; a lama dava quase nos joelhos. Mas minha mãe me forçava a ir, me acordando, me gritando, e eu lá virando de um lado para outro, tendo mais vontade de dormir, pois o barulho da chuva me convidava a cochilar um pouco mais. Teve um dia que ela se irritou com minhas preguiças e me deu uma surra, fazendo com eu levantasse e fosse para a escola. Também, acordar 05h30min horas não é para qualquer pessoa. Anos se passaram, e eu fui mudando de série, a ponto de perceber a importância das letras e das operações matemáticas. Porém eu não deixava de bagunçar. Num determinado dia houve uma surpresa: reunião de pais e mestre. Logo pensei: dessa vez vou me dar mal. Além desses contratempos, tinha um agravante maior que era o fato de trabalhar. Foi um período de muitas dificuldades, pois não dava para conciliar o trabalho com a escola. Nesse espaço de tempo, o primário foi concluído e logo passei para o ensino fundamental.

EU ALUNO – RELAÇÕES TUMULTUADAS

O Centro Educacional Cenecista Antônio Matos Filho foi o nome de um colégio de Aguada Nova, município de Lapão-Ba, em que estudei durante oito anos. Muitos anos depois, já adulto, resolvi por no papel algumas lembranças desse período. Os fatos ocorreram num ambiente aberto do colégio, no qual convivem crianças, adolescentes, professores e empregados. As recordações e impressões que marcam minha vida neste local não são reproduções exatas de certa realidade, mas o resultado de uma experiência em termos de fatos gerais. Desse modo, a instituição, os colegas, professores foram representados em função do meu relacionamento tumultuado, mas bem simpático por natureza. Os companheiros de classe eram, cerca de vinte e cinco, uma variedade de pessoas que me divertiam. O Edivan, pequeno, magrinho, cabelos baixos, cheio de histórias absurdas, como dizia o professor Claudinez, era o mais palhaço; o Dilton, galego, cabelos meio ruivos; o Derlean, playboizinho da turma, namorava quase todas as meninas; o Alberlan Pires, o riquinho, bancava toda despesa dos colegas, para se exibir diante das meninas. Ah! Não posso esquecer de citar o mais irreverente, eu, Antônio Cecílio, rosto cinzento por falta de creme, o mais leve por carregar a responsabilidade dos estudos, fortíssimo em tabuada, cinco vezes três, vezes dois, noves fora, lá estava eu nervoso, trêmulo, mas sacudindo no ar o dedinho esperto. Na verdade, esta era a “turma do fundão”. O resto, uma cambadinha indistintas de “patricinhas” e “mauricinhos”, adormentados nos primeiros lugares, sempre faziam abaixo-assinado para nos tirar daquela sala. Durante o primeiro mês de colégio, um pensamento de um feriado causava em mim uma ansiedade de um ideal fabuloso. Quando tornei a vida de à-toa, entrei em casa desfeito em vaidade, em exuberância de um dia ou uma semana de folga. De volta às aulas, houve o grêmio estudantil, o verdadeiro teatro dos soberbos alcances na vida de alguns alunos. Duas vezes por semana, organizavam-se os amigos do esporte, numa das salas ao canto. Às suas reuniões aparecia eu, timidamente, para nada mais que simplesmente abusar, por excesso consumido de um direito do estatuto. Assistente infalível, saia cheio com uma linguagem elevada, pensando no dicionário, conserva de espírito, relíquia inapreciável do Belo. A dificuldade que um estudante encontrava para ter o privilégio de participar de um grêmio fazia-me mais a fundo vulnerável. O colega do terceiro ano, não teve o menor embaraço; entrou para o estabelecimento muito adiantado, foi imediatamente proposto, aceito e empossado. Na primeira sessão, depois dos discursos elevados, tive ocasião de apreciá-los com a beleza dos verbos. Debatíamos alguns problemas, dos inesgotáveis da agremiação. E ai ficou a pergunta: Quem foi o maior, Cecílio ou o colega do 3. º ano? Indagação histórica, difícil e evidente de levar a público. O Vinicius falou durante hora e meia com uma influência que lhe angariava para sempre um palavra de qualidade. Eu, que nada tinha de artista, só falava "causos" que as pessoas não entendiam. Com certeza, eu não podia contar com votos do bom povo, pois estive a fazer bobagens. Diante disso, o colega foi proclamado o magno dos magnos. Por esse memorável dia, todos que foram matriculados naquele colégio, não podiam esquecer que o presidente do grêmio não podia dar um passo a não ser que fosse com seriedade firmada e jurada diante de todos. Por não destoar da percorrida fama, ele ficou envolvido com direitos e deveres dos alunos, e com muito orgulho, diga-se de passagem. No grupo, tinha poetas, jornalistas, polemistas, romancistas, críticos, etc. Os alunos já tinham seu órgão. No movimento geral da existência do grêmio, eu observava caprichosamente os fatos, sem saber de nada de modo encantador e fraternal. O presidente conversava com os mais jovens, falava da família, falava dele, dos tempos passados. O estatuto do nosso órgão representante me marcava em duas ocasiões de sobriedades: festas anuais de abertura e de encerramento dos trabalhos. Além destas, as sessões comemorativas do colégio. Para as festas culturais, lavávamos o pátio, colocávamos algumas mesas para a diretoria, sob um rico pano de cor vinho, de ramagens negras que davam um tom de agouro. O aborrecimento é a grande doença na /da escola. Uma aborrecimento que gerava monotonia no trabalho dos professores. Mas quando se aproximava a época da férias do meio do ano, a nossa turma já ia logo inventar algumas brincadeiras: a peteca subia como foguete, palmeada em nossas mãos; inventávamos as bolas de gudes; vinham os jogos de salto sobre um tecido de linho; a amarelinha entrava em sena; vinha depois o jogo de corrida entre aqueles que gostavam do “chicotinho queimado”. Vivíamos os aspectos de narração; o pátio se animava com o revoar de penas, com o estalar das bolas passando como pedras e atingindo a vidraça das janelas. Já na semana anterior às férias, eu mesmo combinava com a galera toda, um lugar de encontro para todas essas brincadeiras. Havia também os jogos de parada, em que circulavam como preço os selos postais, as carteiras de cigarro. Com a proximidade das férias de fim de ano, tudo desaparecia. Os colegas saiam para as roças e o aborrecimento imperava. A impaciência da expectativa de livramento daquela monotonia fazia maior a prisão dos últimos dias. Eu solitário, ia e vinha do colégio, percorrendo o pátio, reclamando o prazo da impaciência, vendo pairar pelo pátio, o momento de recreio que tanto, aproveitávamos. Ali, eu lembrava dos minutos demorados dos recreios, nos quais eu e meus amigos organizávamos a exposição dos trabalhos de sala de aula. Por falar em recreio, as provocações nesse momento eram freqüentes provimentos de brigas. Os inspetores precisavam interferir nos conflitos, a galera andava em busca de sucessos, e por isso, procurava a sarna das importunações. Essas provocações eram além de tudo, inverdades.

MOMENTOS DE IRREVERÊNCIAS

Havia na CNEC (Campanha Nacional das Escolas da Comunidade), fora desta regra, alunos dóceis, criaturas escolhidas a dedo para o papel de complemento objetivo de caridade, tímidos como se os abatesse o peso de benefício. E nós, a “turma do fundão”, com todos os deveres, nenhum direito, nem mesmo o de prestar atenção a nada, tínhamos que fazer alguma atividade para brilharmos diante dos mestres. Em retorno, os professores tinham a obrigação de nos fazer brilhar, por que caridade que não brilha é caridade em pura perda. E os professores já sabiam que se fôssemos contrariados, a bagunça tava feita. Esse processo funcionava como uma espécie de chantagem. Vale salientar que em meio a tudo isso, já era o ensino fundamental. Na primeira semana do mês de setembro de 92, quando estávamos no pátio, ensaiando a entoação do Hino de Lapão-Ba, do Nacional e da Pátria, houve certo desentendimento entre Edimário Novais e Gilderlan Rosendo, ambos da “turma do fundão”. Consta que houve mesmo agressão física. Os condenados negaram depois. Em todo caso era de efeito simples, engrandecido pela espalhação do boato. Concluída a chamada dos indiciados, a sala toda respirou tranquilamente. No recreio a rapaziada dispersou-se com os gritos festivos. Edimário, sobretudo, estava de um descontentamento nunca visto. Casualmente em liberdade, sem suspensão nenhuma, e também por não ter havido informações aos pais, o Gilderlan rosendo fazia da circunstância uma pura pirraça contra o Edimário: ”Eu é que sou mau”, repetia andando na sala, “eu é que sou o bandalho, a peste do colégio! O mal sou eu”. Edimário foi gradualmente perdendo a paciência, atirou-se por fim ao Gilderlan, desesperado, lançou-o ao piso, meteu-lhe os pés, mas os separamos daquele conflito. No outro dia, em nome do diretor, foram convocados os responsáveis, e mais ou menos dez testemunhas, e eu no meio. Fomos alinhados no corredor que partia para a sala do diretor. Na qualidade de presos escolares, vítimas da desconfiança do diretor, não nos envergonhávamos de pedir perdão. Uns conversavam gracejando, outros se sentaram no sofá. Junto de mim ficava um armário dos materiais escolares, revestido-se a vidraça de uma tela protetora de metal. Por trás do armário, havia uma porta. Os responsáveis conversavam do outro lado com o diretor. Eu ouvi algumas palavras perdidas... De boa família, um descrédito! Vão pensar... Expulsar não é corrigir... Isto é o menos... Não há gratuitas... Sim, sim. Quanto a mim... Beleza. Decididamente, foi um dia sinistro. Da sala, ouvimos enorme barulho no pátio. Recomeçavam as vaias. Era um tumulto espantoso, gritos dos jovens em revolta por causa da fila da merenda. Os inspetores chegaram aterrorizados, procurando o diretor e mostrando a cara dos alunos que estavam empurrando os outros na fila. Adivinha logo. Essa bagunça é por causa do corte da fila por parte dos filhos das merendeiras e também dos filhos dos outros empregados do colégio. Uma velha queixa. A comida da CNEC não era péssima. O razoável para algumas centenas de alunos. Mas o que aborrecia era a impertinência investida daqueles “furadores” de fila. Diante dessa revolução, o diretor indagou: Mas porque, meus amigos, não formularam uma representação? Alguns alunos responderam: - A representação é o motim reduzido à expressão desordeira. Logo o diretor refutou: - Qual a necessidade da representação por arruaças? Têm toda a razão... Perdão a todos. Porém sou tão enganado, igualmente a vocês. Mas voltando ao caso de Edimário e Gilderlan, o diretor torturava-os ainda em cima do ser ou não serem expulsos. A situação deles era complicada, pois já eram reincidentes. Moralidade, disciplina, tudo junto, era demais! Era demais! Esbravejava o diretor. Neste momento entrava-lhe a justiça pelos bolsos como um desastre. O melhor a fazer (pensamento do diretor) era suspender os principais responsáveis por três dias letivos. Eu que tinha um “pé atrás” com o diretor, percebi naquele instante que a justiça foi completa. No entanto, algumas palavras com ar de ternura e de todo ressentimento ficavam transparentes, e nós saudávamos o diretor. Hoje, já na faculdade, num tipo de comportamento mais estável, eu já percebo as políticas como representações do mundo e como concretização da realidade social. No segundo grau, passei a ter outros tipos de atitudes, outros tipos de comportamento. Essa mudança foi motivo de comentários no colégio e em toda a comunidade durante o ano todo. Eu já não era aquela pessoa insuportável que causava ódio e desprezo aos outros. O interessante é que nos intervalos sempre tinham as brincadeiras esportivas. Antes, nenhum grupo me queria presente, mas devido as mudanças de comportamento, passei a ser primeiro dentre as preferências, logo eu tinha muita habilidade no esporte, fazendo com que os colegas se sentissem obrigados a me escolher, ou então perderiam o jogo. Os fatos estavam favoráveis para mim, que os colegas me convidaram para explicar os assuntos que eles tinham dúvidas. Isto me faz relembrar das aulas de matemática financeira, nas quais eu fui mediador, a experiência de tanto certo que tomou dimensões municipais. Como eu já estava um pouco experiente passei a fazer parte de comissões de estudantes, participando de campanhas e eventos em prol da comunidade, tais como: gincanas, jogos esportivos, bingos, etc. Mas eu não poderia me envolver muito porque o terceiro ano já se aproximava e o trabalho ficou mais complicado. O trabalho ficou tão difícil, que um determinado dia eu tive vontade de colocar fogo nos materiais de estágio, mas meus colegas não deixaram que tal fato acontecesse. Falando em estágio, a professora orientadora propôs sorteio de séries e das duplas para assumir o Estágio de Regência de classe.Fui sorteado para ficar com uma mulher; isso facilitou o processo pedagógico. Quando cheguei à sala que fui designado para estagiar, fiz a apresentação pessoal, e logo umas dez crianças correram em minha direção. Alguns choravam, outros gritavam e me agarravam. Foi um desespero total. Eu não sabia como contornar aquela situação, era a verdadeira bagunça. Mas eu tinha que suportar, pois eu já tinha vencido as duas primeiras etapas do curso (Magistério): - o estágio de observação - e o estágio de cooperação. O estágio se passou e, veio a mais badalada solenidade que o colégio já tivera. Meses de reuniões para decidir a roupa da solenidade e convidados de honra. Depois de tantas discussões, decidimos que os formados usariam becas pretas com detalhes brancos à altura do pescoço, acompanhadas de chapéu. Eu estava todo ansioso com a colação de grau que cheguei duas horas antes do tempo. Chegou o momento de entrarmos na igreja: tapete vermelho, músicas instrumentais e o mestre-de-cerimônias anunciando nossas presenças. Nunca tinha visto uma missa demorar tanto. E o que mais me deixaria nervoso, era o fato se ser orador da turma.

ASPECTOS DA DOCÊNCIA: IDÉIAS DE SER PROFESSOR

Depois de ter concluído o segundo grau em 1997, fui convidado a mediar, novamente, o curso de matemática financeira para a preparação do concurso público Municipal de Lapão. Neste dito concurso fui aprovado para o cargo de professor nível 1. Meses depois, comecei a trabalhar em uma escola da comunidade de Aguada Nova - Lapão-Ba. Neste período, precisamente em 1998, participei do curso de PCN de Matemática e de Língua Portuguesa, com carga horária de 80 horas. O curso foi ministrado pela professora Ieda Almeida, do Instituto Anísio Teixeira (IAT), na cidade de Lapão. No ano seguinte, fui designado para trabalhar em outra escola, no mesmo povoado, desta vez com alunos do ensino fundamental. Depois disso, fui trabalhar no colégio da CNEC (Campanhia Nacional de Escolas da Comunidade), mas conhecido, hoje, por CEAS (Cooperativa Escolar e Assistência Social) as matérias de Sociologia, Filosofia, Literatura Infantil, L.P.L.B - Língua Portuguesa e Literatura Brasileira. Com isso, fui adquirindo mais contato com as disciplinas e com o público,onde eu participava de vários eventos, representando os professores daquela entidade, tais como: jogos esportivos, seminários e desfile de modas. Aliás, no desfile de modas, eu tive que passar pelo processo de seleção de modelos. Cheguei com aquele jeito mecânico, andando feito robô. Mais fui relaxando, soltando o corpo, pegando as dicas e me acostumando com a passarela. Resultado, fui um dos melhores na apresentação do desfile. O evento foi em beneficio aos alunos do 3º ano do curso de Magistério. Os formandos organizaram a festa para angariar recursos que se destinavam para a solenidade no final do ano letivo. Depois de muitos acontecimentos, surgiu o concurso público de Irecê. Pensei em fazê-lo. Estudei com os colegas e partimos para fazer a prova. Dias depois, saiu o resultado do gabarito, logo em seguida, o resultado da prova. O meu nome estava na lista dos aprovados. Voltei para a minha casa e dei a notícia à minha mãe. Arrumei meus materiais e partir para o lugar desejado. Em 2001, iniciei meus trabalhos nas escolas de Irecê. Fui designado para Escola Municipal Luiz Viana Filho, depois para a Escola Tenente Wilson e em seguida, para Escola Marcionílio Rosa. Tudo isto em apenas um mês. Durante esta demanda, participei do estudo específico do Parâmetro Curricular Nacional de Português, de Educação Ambiental, Oficinas e Seminários da Rede Municipal do Ensino de Irecê. Por falar em PCNs, no grupo de estudos de Português, no início não entendia muito bem como funcionava e não sabia o porquê de tantas reuniões. Depois de três encontros comecei a entender: existia a coordenadora e todas as pessoas deveriam se envolver de um jeito ou de outro nos trabalhos dessa equipe. Na primeira semana eu quase desisti, mas comecei a pensar que nos outros grupos estava, também, dificil. Nesses primeiros encontros veio uma discussão na qual um professor era sorteado para fazer o relatório do encontro. O meu nome foi sorteado e eu aceitei, é claro. Isso até que me ajudou um pouco na construção desse memorial. Naquele momento, me senti um sujeito capaz de transmitir o que a escola e a vida haviam já ensinado, além de aprender com os colegas presentes. Para que eu estivesse mais preparado para trabalhador com a educação, fui participar de um curso na Igreja Paulo Freire com Vasco Moreto. Eu aprendi nesse curso uma coisa que ainda hoje está na minha mente: a gente alfabetiza através da realidade; e se fosse sempre assim, não existia analfabetismo. Quando a gente faz de um setor como o da Educação e trabalha com crianças, começa a se preocupar muito mais com a vida delas, Porém, não é fácil trabalhar com o coletivo: as pessoas pensam muito diferente uma das outros e têm experiências distintas. Um tem costume de um jeito e outro tem o costume de outro modo. A gente vai misturando e fazendo a discussão. Quando o grupo de discussão iniciou sua formação, existiam vinte pessoas, aproximadamente, depois ficaram apenas doze. Com isto, percebi que o processo de discussão e organização, às vezes, não é bom nem igual para todos. Principalmente para aqueles que não estão acostumados a construir o próprio raciocínio; alguns fizeram à opção de sair, e isso deve ser respeitado. Afinal de contas, cada um tem o direito de escolher o jeito como quer viver e trabalhar. Esta foi uma oportunidade nova em minha vida. Depois de um ano de debate, eu já tinha condições de fazer uma avaliação. Antes eu não tinha nem tempo para fazer isto, pois quando chegava ao centro de estudos, só se pensava nas tarefas e planejamento coletivos, respeitando as particularidades. Confesso que a aprendi a viver junto com o outro. A coordenadora tinha uma organização mais completa, até porque nós fazíamos parte da comunicação e precisávamos estar sintonizados com os fatos. Hoje a vida em valor material ou afetivo é diferente por nossa causa e pela chegada da UFBA, que nos deu uma estimulada quanto à participação, à exigência dos direitos que temos. Isso só aprendemos quando começamos a participar e nos sentirmos com direito a ter direito. Isso é ser sujeito atuante. À primeira vista, a avaliação da minha formação, embora possa parecer estranha, traduz, contudo, as representações que muitos professores têm da sua formação e profissão. As competências profissionais foram sendo adquiridas a partir das práticas e em interação com alguma investigação, ganhando significado em contexto de pequenos projetos de autoformação nas mais variadas situações. Estas qualidades ou competências, ou ainda,aspectos investigativos estão relacionados entre si, interagindo e reforçando-se mutuamente. Além disso, as produções permitem-me a aprendizagem ao longo da vida, apontando caminhos para a (re)conversão das culturas organizacionais e profissionais. Todavia, convém precisar que os trabalhos acadêmicos não existem no/do vazio, pertencem à esfera do vivido, do agido e do visto, devendo os mesmos serem contextualizados e configurados numa perspectiva pedagógica

EU - NA UFBA - TRAÇOS DA FOMAÇÃO SUPERIOR

Com relação ao programa de formação de professores, participei de oficinas que mostraram requisitos básicos para a formulação de um memorial, embasado nas produções textuais do eu estudante, eu professor e no programa de formação. Estes aspectos serviam de roteiro para a elaboração do “tal” famoso memorial. No entanto, foi através dele que tive a oportunidade de ser incluído na Faculdade de Educação, com licenciatura em pedagogia no ensino fundamental, bem como em séries iniciais. Este processo foi a princípio, esperado com muita ansiedade, pois eu não sabia como se fundamentava um memorial. Mas devido a atuação de José Carlos e Márcea Salles, tudo foi ficando mais claro, a ponto de trocarmos experiências com situações vivenciadas. É oportuno entendermos sobre a proposta do projeto Irecê inserida nos Parâmetros Curriculares Nacionais do MEC, com o objetivo de superar o isolamento das disciplinas do ensino e levar a reflexão sobre a realidade vivida, assim como há mais tempo buscar o fazer através de denominações diversas, tais as de “centro de interesse”, “temas geradores”, “aula integrada”. O que mais me importa em tais propostas é a constante atenção ética e desimpedida comunicação que se estabelece no diálogo interno à instituição, entre alunos, professores e funcionários, e no diálogo externo com os familiares e com a cultura ambiente das comunidades locais ampliadas nos níveis da região do estado e do país. Para além da necessária inteireza das ciências, vale dizer que das várias articulações dos conteúdos curriculares, devo à educação escolar por tematizar de maneira organizada as práticas culturais e a vida e inserindo o dia-a-dia da escola nas práticas culturais de meu tempo com suas dimensões éticas, exigentes das amplas discussões críticas. Em minha opção pelas propostas curriculares do projeto, além de considerá-las optas a articular áreas distintas de saber na ação conjugada de uma equipe de educadores, me senti privilegiado no modelo ético, político e democrático dos valores que se fizeram presentes nas relações pedagógicas, nas atitudes e nos comportamentos, entre duas pessoas ou mais. No entanto, busco separar o moralismo das relações pedagógicas através de normas e regras, códigos de conduta, direitos e deveres pré-estabelecidos, que apenas sustentam as ações repressoras e legítimas à exclusão social. E busco também, superar as distâncias das disciplinas escolares entre si e delas com o mundo da vida e com os processos que levam às aprendizagens das competências indispensáveis ao viver juntos numa sociedade de iguais na condição de sujeitos especialmente autônomos e socialmente capazes. Entretanto, posso afirmar que foi nas alternativas curriculares e orientações didáticas que jamais esquecerei que muitas vezes, os alunos me levam a descobrir novos horizontes e novas possibilidades. Dessa maneira, eu me fechava, não me aventurando com medo de perder o controle de novas situações e o domínio de classe, etc. Não obstante, não posso perder de vista que a busca de novas metodologias me permitem melhorar a aprendizagem e a prática docente, fazendo com que as aulas se tornem mais atrativas e mais interessantes. Acerca disso, expresso sob a forma de reter impressões e conhecimentos adquiridos que tive o tempo todo como desafiante companhia. Eu estava sempre dialogando com um possível e oculto leitor que se escondia por trás das minhas angústias. Em presença tanto mais exigente isso me contemplava num diálogo de cidadania, diálogo politizado e ético á medida que se fazem explícitas minhas instituições. Foi muito gratificante pensar o tempo todo em fatos reflexivos no meu memorial. Porém espero leitor/orientador, ou simplesmente leitor, apresente formas diversas, com as quais tenho dialogado em meus escritos anteriores dirigidos. A vocês, afirmo que ser professor é a mais prazerosa, e ao mesmo tempo a mais dolente das profissões. Isso porque nos coloca o tempo todo um contato com jovens revoltados, um contato que no leva a aprender sempre de novo, voltados para o futuro, mas também com as mazelas e desrespeito por parte daqueles a quem dedicamos nossas vidas. Meu estilo já marcado por um incorrigível otimismo e pela esperança de um mundo melhor que já estou ajudando a construir tem acentuado essas características. Pois, às vezes, me dirijo a jovens que não se sentem responsáveis pelo mundo que herdaram e pelos desvios deles, pelo mundo com que sonham e que certamente saberão construir. Em meio a tudo isso, percebi que democracia, política e ética se fazem cada vez mais, palavras inscritas de maneira criativa no imaginário de nossos sonhos e perspectiva de vida solidária e sensível a tudo que é humano. Dentro desse contexto de universidade, tenho a sofrida demais cursistas. Ouvir e falar não dependem somente de manejo de certo vocabulário comum. Dependem também das vivências co-participadas em determinados contextos e das experiências do viver juntos. Apesar dos meus esforços por me expressar em linguagem acessível a um universitário, sei de minhas sérias limitações a esse respeito. Peço por isso desculpas por solicitar a você(s) o esforço adicional requerido pelas leituras de meus escritos.

EXPERIÊNCIA DE FORMAÇÃO E PRÁTICA PEDAGÓGICA

O ser humano diferencia-se de outras espécies animais principalmente por ser capaz de valorizar, refletir e interagir comunicativamente para decidir quais as melhores orientações possíveis da ação, diante dos desafios e conflitos que surgem no campo da sua interação social e temporal. Na minha trajetória escolar na UFBA, apresentei dificuldades na contextualização das narrativas bem como introduzir alguns aspectos na prática pedagógica." Ser professor não é só uma questão de possuir um corpo de conhecimentos e capacidade de controlo da aula". Isso poderia fazer-se com um computador e um bastão. Para ser professor é preciso, igualmente, ter capacidade de estabelecer relações humanas com as pessoas a quem se ensina. No campo pessoal e também no decorrer da vida profissional, procurei mudar a prática educativa para que pudesse alterar algumas concepções enraizadas e, sobretudo enfrentar velhos preconceitos. Contudo, posso afirmar que foi no momento da tentativa de mudança que senti a fragilidade da minha teoria, de minha organização. Porém fica muito difícil mudar a prática educativa sem uni-la a uma apreciação da realidade; nessa perspectiva não se pode esquecer das concepções de pessoas, de sociedade, de currículo, de planejamento e de capacidade de julgar os fatos. Diante disso, passei a enfrentar tais desafios com muita determinação. Entrei no campo das discussões com base nas argumentações para que eu pudesse conhecer e refletir os conceitos da nova pedagogia, como se sabe, ela tornou-se importante na construção de um projeto de transformação social. No entanto, esses conhecimentos podem ser ampliados na capacidade de definir objetivos futuros e de fazer as melhores opções no dia-a-dia, identificando problemas que possam merecer a nossa atenção. Para que eu pudesse demonstrar definições no desenvolvimento educacional, bem como profissional, apresentei uma marca essencialmente humana: o resgate da intencionalidade da ação, superando a crise de sentido, possibilitando uma representação nova de trabalho. Enquanto se resgata as práticas da educação, nós (educadores e profissionais) sempre seremos um instrumento de transformação da realidade, gerando esperança, parceria, solidariedade em torno de uma causa comum. As razões apontadas como desafiadoras, especialmente as que formaram um novo conceito de currículo, de história, de hierarquia, de mitologia, etc., são questões que considero importantes na continuidade de meus estudos. Pois elas contribuíram para que eu pudesse romper com o modelo tradicional que estava preso simplesmente a explicações racionais e científicas, sem se quer dar preferência por temas cotidianos voltados aos saberes locais. Dentre às experiências vividas, destacou-se a oficina chamada “Saberes Docentes e Poderes em Prática”. Nela, tive a oportunidade de me situar diante dos fatos com mais autonomia, entendi as exigências profissionais. É sempre bom lembrar que para o desenvolvimento de um indivíduo na sociedade, a autonomia tem que ser considerada como algo relativo, capaz de influenciar numa questão de transformar uma teoria que o informou numa prática social e reflexiva. Sobretudo, os conhecimentos adquiridos na formação de nível superior me ajudaram na reelaboração dos saberes iniciais, me deram mais segurança no confronto com a prática vivenciada. Tais conhecimentos foram nascidos também das teorias publicas, das experiências, da concretização do trabalho para que eu tivesse mais valorização quanto à significação social e profissional. De certa forma, foi esse saber que acabou com a situação conflituosa no interior da escola, porque passei a descobrir o próprio caminho e superei as imposições seguidas de pressões. Nesta proposta, desde o princípio, procurei adequar o tempo para esclarecimentos, para trocar de opiniões, com coragem de enfrentar os problemas, dando-lhes a devida importância no momento de tomada de decisão. A partir das questões elaboradas, tive que me posicionar por escrito, organizando-as em texto, bem como no debate. Eu acho que com isto, alcancei alguns objetivos essenciais, tais como: analisar tecnicamente um texto, analisar conteúdos, fazer rápidos relatos de como aconteceu um trabalho, ter participação ativa nas discussões, saber atuar em plenário. Num sentido geral, é através da elaboração do plano de ação que envolve o processo ensino/aprendizagem que, os objetivos propostos possam se relacionar de forma mais urgentes na comunidade educacional ou em outros grupos sociais. Segundo fragmentos reflexivos de LUCCHESI, Dante (1994) “registrar o passado não é apenas falar de si, é falar dos que participaram de certa ordem de interesse e de visão do mundo, no momento do tempo que se deseja trazer algo à lembrança”. Com base nisso,observo que os projetos, planos, propostas, são palavras semelhantes em suas significações, mas diferentes quando acompanhadas, respectivamente, de suas qualidades pedagógicas, sociais e políticas. Há quem se sinta mal só em ouvir essas palavras (diga-se de passagem que eu também já senti isso) como se eles fossem apenas termos que indicassem burocracia, obrigação, incômodo nas atividades distanciadas da prática. Porém eu creio que com um pouco mais de esforço nas pesquisas, entender diferenciar estes termos é possível, principalmente para resolver os problemas da nossa realidade e de nossa escola. Partindo desse princípio, me surgiu uma indagação: será que planejar, projetar e estabelecer métodos nos ajuda a resolver problemas na/da escola? Confesso que foi difícil relatar uma experiência positiva de planejamento, de projeção na/da escola. Por mais que eu tivesse acostumado a ouvir desse assunto, não dava para eu entender a dificuldade de me localizar à uma ação concreta, da qual tinha participado. De qualquer forma, quem trabalha num espaço escolar ou em qualquer outra instituição, poderia responder essa pergunta, mas quem poderia me dar um exemplo? Penso na vida pessoal, acordo de manhã, geralmente com vontade de dormir mais. E aí imagino: O que farei hoje? Começo meu dia no calor do cobertor, no macio da cama, a planejar e projetar o que farei, resgatando na memória o que ficou para fazer desde ontem. Lá se vão alguns minutos. Estou de uma maneira ou de outra planejando mentalmente o meu dia, tomando algumas decisões para minha ação e para tanto, analisar essa mesma ação futura, considerando as minhas condições no momento, sejam elas físicas, psicológicas, financeiras, pedagógicas e práticas. Dependendo do número de atividades que tenho na semana, chego a esquematizar minhas ações, tomando nota e registrando a ordem dos meus compromissos, organizando a seqüência dos afazeres do dia-a-dia, definindo horários, pessoas que não posso deixar de encontrar, GEACs que não posso deixar de participar, tarefas de casa que não posso deixar de fazer. Acabo assim, planejando minhas ações, não de maneira tão sistematizada, mas sim, tomando nota daquilo que é mais importante. Com esses exemplos, pretendo mostrar que o ato de planejar e projetar o modo de viver, não sistematicamente, também é uma característica humana. Por isso, peço a vocês da docência dessa estimada instituição (UFBA) que não se estranhem ao verem algo necessariamente complicado quanto a postura do aluno Antônio Cecílio. Mas pretendo melhorar. E rápido. Pois não é de se aceitar um futuro pedagogo com tais deficiências. E na escola não é diferente – com exceção do meu caráter formalizado, é claro! O importante nesse período não é simplesmente de mais os fatos e acharmos que mesmo ficando parados (como eu estava na minha cama) as coisas iam acontecer de qualquer jeito. Passei algum tempo avaliando o teor dessa frase: “Se perder o controle, você acabará desistindo”. Eu sei muito bem que algumas pessoas desistem assim que um obstáculo cruza seus caminhos. É que outras insistem em seguir uma meta depois de anos de frustração e fracasso. Confesso que em alguns momentos, pertenci ao primeiro grupo, pois eu não assumia a responsabilidade de escolher minhas metas e persegui-las, acreditando que os resultados fossem aleatórios. Para mim, ter sucesso é como se fosse ganhar na loteria, uma pura questão de sorte, não importa o quanto houve esforço e talento investidos. Por pensar assim, em alguns momentos não me empenhei muito na busca dos meus desejos e objetivos. Estava percebendo que a diferença entre os persistentes era, na verdade, a capacidade de manter o controle. Aí eu pensei: “posso até perder o controle, porém, desistir jamais”. Já no ciclo quatro, diria mesmo, que eu tinha que encarar os desafios, até porque teria diante de mim vários problemas para resolver, e assim assumir minha parcela de responsabilidade nesse processo. Sem complicar muito, "arregacei as mangas" e parti com disposição para as atividades e de encontro com outras pessoas. Por isso, é que eu mesmo me convidava para fazer alguma reflexão acerca do que eu tinha para alterar em minha rotina, em minha atitude, e melhorar o meu trabalho, alegrando minha vida. Pensando agora mais como um acadêmico, pergunto-me: Será que já tenho o meu projeto pedagógico definido? Estou agora de certa forma organizando minhas ações, e até mesmo antecipando o meu futuro, ordenando minhas atividades, a partir das condições mais concretas, pensando nas labutas do cotidiano. Pelos exemplos aos quais me referi, observo que o ato de planejar me exige, em primeiro lugar, um ambiente certo, para depois me envolver em trabalhos conjuntos, chegando a um resultado em prol de todos. O projeto do qual falo pode ser entendido como um processo de mudanças que determina uma base que regula meu caminho para eu melhorar na organização. Só que eu quero dar um jeito de desenvolver isto na escola. Queria ver todos os seguimentos escolares – alunos e alunas, pais e mães, professores, funcionários, direção e toda comunidade escolar – participarem das propostas pedagógicas. Ao desenvolver este projeto, que até então, está em fase de germinação, pretendo ressignificar minhas experiências e refletir sobre minha prática pedagógica, estabelecendo os meus sonhos e utopias, demonstrando os meus saberes, reafirmando minha identidade, estabelecendo novas relações de convivência e possibilitando uma proposta de ação. Baseando-me nas leituras de textos, oficinas de conceitos, exibição d vídeos – “a lei da escola” – questões afins – e outra postura, fui fundamentando algumas referências básicas que servissem de sugestões para compor tanto o meu memorial, quanto meus diários de ciclos . E isso tudo foi demonstrado no grupo de orientação com a professora Rúbia Margareth. O foco dessa orientação foi a aprendizagem de estratégias de leitura e escrita, cujo objetivo da orientadora foi o de incentivar o uso autônomo dessas estratégias. É importante destacar que a professora deixou claro desde o inicio que não se tratava de um ensino transmissivo, no qual iríamos repetir o que ouvimos, e sim a ampliação das práticas de leitura para variar o repertório de estratégias. Sempre que eu me mostrava perdido na hora de selecionar as informações mais relevantes, Rúbia Margareth (orientadora)problematizava a situação de forma que eu retomasse os trechos de textos lidos para descobrir as dificuldades que me inquietavam. Foi através desta técnica que pude identificar os elementos chaves, revi os pontos que eu precisava melhorar o que estava acertando ou errando. A metodologia aplicada neste grupo de debate,mudou na minha prática pedagógica alguns conceitos didáticos, e também me mostrou sugestões adequadas para maior produtividade e qualidade do trabalho. A prática escolar passou a focalizar as situações reais da vida cotidiana, nas quais eu tive a oportunidade de transpor os objetivos meramente intelectuais e investir na alfabetização emocional, relacionamento humano, ética, cidadania , educação de valores e tantos outros aspectos necessários para a educação integral, centrada no ser e na realidade. A todo início de ciclo, o esquema de orientação apresentou uma diferença fundamental com relação de um para o outro, principalmente no que se refere ao grau de participação dos alunos. Mas além das mudanças captadas, cabe acrescentar que em todos os ciclos, os temas propostos apareceram para resolver, também, os conflitos que surgiram por conta do “disse-me-disse." Quanto à forma de resolver conflitos, sinto-me satisfeito no que presenciei nestas etapas. Os resultados foram tão importantes no que se refere à organização do raciocínio lógico e ao pensamento crítico, pois eu apresentava alternativas variadas quanto ao tradicional e ao renovador. Mas acredito que essa descoberta me causou incômodo em assumir o novo, pois jogar o velho para ficar só com o novo, é tentar resolver falsamente esta ansiedade. É não assumir integralmente.Mas também houve um momento em que me organizei para romper com o velho. Foi neste momento de conflitos, no qual ao me assumir diante do novo, que surgiram perguntas do tipo: O que não quero mais? O que ainda quero? O que quero? Porém, ao entender o grau de minha participação nesta instituiçãode ensino, não posso deixar de contar com o apoio da orientadora Rúbia Margareth. A contribuição dela foi essencial, mas o restante esteve em mim e na minha coragem de criar.

ESPAÇO DAS RELAÇÕES PESSOAIS IMEDIATAS

Preciso retroceder às recordações que estão para sempre inscritas no meu imaginário: a infância que foi festiva, feliz e de muito trabalho. Os finais de semana e as férias escolares eram vividos no campo, no convívio barulhento e alegre com uma irmã, três irmãos, primos e outros companheiros de algazarra que moravam em Aguada Nova, município de Lapão-Ba. As brincadeiras na água barrenta da lagoa, o cheiro doce e gostoso do mato, o milho verde assado nas brasas do fogo aceso no barranco da lagoa, os passeios a cavalo pelas roças e o esconde-esconde nos “pés de mamona” são imagens guardadas e cultivadas. Lembro todos os odores e os diferencio com exatidão, do cheiro forte do cavalo ao suave perfume do mato. Uma vida que foi aspirada, tocada, cheirada e respirada. Essa foi a grande escola dos meus sentidos de infância e adolescência. Ás tardes eu passava na escola dependurado numa cadeira que me obrigava os incômodos exercícios de alongamentos na tentativa de evitar algum tipo de distorção. Tocado o sinal do fim das aulas, eu saia correndo em direção a cacimba para poder ajudar a minha mãe encher os banheiros e latas com água. Desses recipientes, a água era transportada para a casinha de banhos onde, suspensos por uma corda, prendia um antigo chuveiro de lata, alimentado manualmente com água fria no verão e água quente no inverno. Não posso deixar de ressaltar que com meus pais aprendi desde cedo a assumir a responsabilidade por meus atos e a ser mais coerente. O gosto pela independência e a determinação herdei de minha mãe, autoritária e fortemente determinada em tudo que faz. O amor pela profissão nunca foi herança familiar: três tias paternas, todas as estudantes, mas desistiram no “meio do caminho”. Sem dúvida, isso nunca foi um espelho pra mim. É a paixão pelos alunos que faz o educador. Esse amor aprendi com os meus ex-professores que tiveram um grande respeito pela condição humana. Porém, minha mãe foi e está sendo uma pessoa especial na minha vida. Contrariando os preconceitos machistas, ainda mais rígidos aquela época, mostrou aos filhos que chorar faz parte da condição humana, de homens e mulheres. O amor que nutria por seus semelhantes era cultivado no dia-a-dia com a família, com os amigos e com os mais distantes forasteiros que aparecesse. Isso só reforça que a família é o primeiro espaço de aprendizagem da competência comunicativa. Na família os pais se desejam um ao outro e na gratuidade do amor em se realizam ambos no ser dos filhos, aliando as exigências do afeto com as da responsabilidade que lhes atribui à cultura em que vivem.

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