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Vocação

A origem do CEB evidencia a sua vocação inter e transdisciplinar de se relacionar com o processo da produção e da aquisição do conhecimento de diferentes disciplinas. Em 31 de julho de 1941 o CEB foi criado por um grupo interdisciplinar, formado pelos seguintes profissionais e intelectuais:1. Afonso Ruy de Souza (Advogado); 2.Afrânio Coutinho ( Médico e professor universitário); 3. Anfrísioa Santiago (Professora); 4. Antônio Balbino (Advogado); 5. Antônio Osmar Gomes (Comerciário); 6. Diógenes de Almeida Rebouças (Arquiteto); 7. Frederico [Grandchamp] Edelweiss (Comerciário e professor universitário); 8. Heitor Praguer Fróes (Médico); 9. Hélio de Queiroz Duarte (Engenheiro); 10. Hermann Nesser (Comerciário); 11. João Augusto Du Pin e Almeida – (Engenheiro Civil); 12. Jorge Calmon Moniz de Bitencourt (Jornalista); 13. José Antônio do Prado Valadares (Bacharel em Direito); 14. José Calasans Brandão da Silva (Advogado e Professor Universitário); 15. Luciano de Sá Bitencourt (Advogado); 16. Luiz Viana Filho (Professor Universitário de Direito); 17. Miguel Calmon Sobrinho (Engenheiro Civil); 18. Miguel Dias Lima Santos (Desenhista); 19. Nestor Duarte (Advogado); 20. Oldegar Franco Vieira (Professor); 21. Oscar Caetano da Silva (Engenheiro Civil); 22. Osvaldo Valente (Funcionário Público); 23. Presciliano Silva (Pintor); 24. Raimundo Paturi (Engenheiro Civil); 25. Rômulo Almeida (Bacharel em Direito).

A reunião desse grupo de pessoas revela que, desde 1941, vários intelectuais baianos já vislumbravam a possibilidade do desenvolvimento de pesquisas multi, pluri, inter e transdisciplinares sobre a realidade cultural baiana e brasileira. A trajetória existencial de alguns dos criadores do CEB evidencia a influência das perspectivas multi, inter e trandisciplinar nas suas ações profissionais, a exemplo de Afrânio Coutinho que, apesar de ser médico, desenvolveu uma carreira brilhante na área da literatura brasileira, atuando como um dos professores fundadores da Graduação e da Pós-Graduação da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro, além de ter escrito importantes livros sobre a história literária do Brasil.

A relação multi, inter e transdisciplinar com o processo de produção e aquisição do conhecimento possibilitou a alguns acadêmicos do CEB visualizarem os méritos das pesquisas e dos estudos do professor Frederico Edelweis que, mesmo não tendo um diploma de graduação, foi reconhecido intelectualmente não somente pelo seu domínio de várias línguas estrangeiras, inclusive o Tupi-Guarani, como também pela seriedade e qualidade dos seus estudos como autodidata, os quais lhe proporcionaram o título de notório saber e lhe possibilitaram construir(?) uma biblioteca com um acervo bibliográfico com mais de 24.000 livros, incluindo inúmeras obras raras. Este reconhecimento lhe proporcionou condições de atuar durante vários anos como professor de Graduação e de Pós-Graduação da UFBA.

Outro exemplo da influência da vocação inter e transdisciplinar do CEB pode ser observado na trajetória acadêmica do professor José Calasans, que, apesar de ser graduado em Direito, dedicou muitos anos da sua carreira universitária ao estudo sociológico e literário da história de Canudos e de Antonio Conselheiro. Além de criar o Núcleo do Sertão, Calasans também dedicou-se ao estudo da literatura de cordel e doou à UFBA cerca de 5.000 volumes de livros e 186 títulos de periódicos.

A vocação do CEB de reunir pessoas oriundas de diferentes áreas do conhecimento expressa a sua perspectiva multi, interdisciplinar e transdisciplinar, que possibilitou e possibilita aos seus pesquisadores superarem a idéia de separatividade e de superioridade da especialidade da sua disciplina específica. Esta superação é evidenciada pelo reconhecimento de cada intelectual em relação aos limites da sua especialização, o que lhe permite acolher as contribuições de outras disciplinas. Nesta superação instaura-se o desenvolvimento de uma relação de reciprocidade, de mutualidade e de complementariedade, em que o pesquisador assume uma atitude de abertura frente ao reconhecimento de que todo conhecimento é igualmente importante.

Foi com essa vocação multi, inter e transdisciplinar que o CEB, em 1983, inseriu no seu quadro de funcionários a professora doutora Noemi Salgado Soares. Desde este período esta professora desenvolve neste Centro pesquisas fundamentadas na epistemologia da transdisciplinaridade e na prática pedagógica da educação transdisciplinar.

O CEB, desde a sua criação em 1975, se propõe a estreitar relação entre personalidades brasileiras e estrangeiras de expressão intelectual significativa para a ciência e para a cultura. Na sua estrutura o CEB reconhece os seguintes tipos de pesquisadores: professor visitante, professor colaborador, professor honorário (com título oferecido pela UFBA) e professor colaborador.

O CEB também se propõe a disseminar a produção científica gerada por projetos que se circunscrevem ao seu interesse, principalmente os que são gerados pelos seus eventos (cursos de extensão, seminários, congressos, mesa redonda, debates). Para este fim foi construída a sala de conferências (com 50 lugares), que visa atingir públicos específicos, além da criação de parcerias para o uso de outros salas pertencentes a UFBA, que contemplem o maior número de pessoas. A produção resultante da comunicação formal e informal gerada por estas atividades serão escoadas em publicações periódicas, virtual ou em papel.