Orientadora: Maria Helena Bonilla
Mestranda: Adriane Lizbehd Halmann (adriane_halmann@yahoo.com.br)
Início: Abril 2004
Previsão de término: Abril de 2006

Título: Diários eletrônicos como convite à prática educativa reflexiva partilhada e possibilidade de aprendizagem cooperativa

Problema: Os diários eletrônicos servem/se prestam para promover/facilitar a prática educativa reflexiva partilhada no processo de formação de professores? Esta prática educativa reflexiva partilhada pode encaminhar um processo de aprendizagem cooperativa (construtos de objetivos comuns)?

Hipótese: Imagina-se que os professores em formação inicial consigam fazer seus diários de prática de ensino de maneira eletrônica, que haja permuta de informações e que estas trocas possibilitem a construção de objetos (conhecimentos/soluções de problemas) comuns.

Objetivos: Identificar se os diários eletrônicos podem propiciar um ambiente auxilie/facilite a formação de professores com uma prática reflexiva partilhada. Verificar se são estabelecidas trocas de informações entre os diários e se estas são utilizadas para a construção conjunta de saberes novos e respostas a problemas.

Justificativa: Escrever sobre a prática educativa é um interessante exercício para refletir sobre o que se está fazendo e as conseqüências disto no contexto educacional. Esta reflexão da prática e na prática, como processo contínuo e de formação, aliada à troca de experiências, pode facilitar e tornar mais coerente as transformações do instituído, auxiliando na construção de uma nova epistemologia da prática, na construção de saberes e resoluções de problemas.
A escola e os professores, inseridos em uma sociedade complexa, devem estar atentos às situações novas que surgem a cada dia, devendo estar dispostos a repensar suas atividades e estarem abertos a novas formas de educar. Aparecem como promissores, novos espaços e meios para promover diferentes saberes, as muitas culturas e novas educações. Isto acontece ao mesmo tempo em que surgem, em uma velocidade cada vez maior, inovações tecnológicas que estão cada vez mais presentes na vida das pessoas, intervindo no modo de fazer coisas que já se faziam e possibilitando o fazer de coisas que antes não eram sequer pensadas.
Este permanente estado de mudança nos traz para uma era de incertezas, um estado de desapossamento, que nos indica a necessidade de pensarmos uma formação de professores que dê espaço para olhar as práticas educativas em uma perspectiva crítica, disposta a repensar conceitos e práticas instituídas, que reconheça a importância de se estar levando em consideração o mundo que envolve o aluno, disposta a conversar sobre a prática (leia-se estar comprometido também com a prática dos outros e abrir a sua prática para críticas dos outros), disposta a reformular a prática. As tecnologias de informação e comunicação podem auxiliar neste processo, sendo necessário repensarmos os usos destas, considerando novas possibilidades, tais como a reflexão partilhada e a aprendizagem cooperativa no processo de formação (inicial ou continuada) de professores.
Pensando nisto, estamos propondo o uso de diários de bordo/ diários de classe (onde os professores registram seus planejamentos e a reflexão sobre a prática) na web, visando investigar a possibilidade destes atuarem como meio para publicar experiências e reflexões, bem como a troca de informações e reflexões coletivas. Pensa-se este como um espaço onde os professores atuem trocando informações, colaborando uns com os outros e construindo, coopeativamente, novos saberes e respostas a problemas comuns, rumo a uma nova educação, rumo a uma escola aprendente.

Referencial:

· Formação de Professores
· Legislação – estágio
· Formação Inicial e Formação Continuada
· A experiência do estágio na formação de professores
· Tecnologias na Educação/ Paradigmas Tecnológicos = problematizar as tecnologias e suas implicações no contexto educativo
· O que é Tec, TE, TIC, NTIC
· Inclusão/Exclusão Digital (quem incluir onde, para que)
· Outras formas de fazer educação
· Ressignificação dos espaços e tecnologias = reflexão sobre a prática
· Importância da educação não formal
· Escola em um contexto social/tecnológico
· Meios propiciados pelas TICs para promoção de saberes
· Blog como forma de comunicação, tomar a palavra no espaço público, compartilhamento e produção
· Comunidades/relacionamentos na web
· Colaboração e cooperação
· Aprendizagem cooperativa
· Prática reflexiva partilhada
· Planejar e observar a ação
· Registro: escrever como reflexão/maturação
· Reflexão na/da prática
· Reflexão partilhada
· Vinculação a outros meios de comunicação/produção = partilhada, colaboração e cooperação = construção conjunta de conhecimentos/soluções de problemas comuns

Método

Este projeto de pesquisa tenta trazer, através de algumas Tecnologias de Informação e Comunicação, alternativas para algumas questões-problema encontradas nas disciplinas de Prática de Ensino. Esta metodologia demonstra uma preocupação com uma expectativa, que vem se estabelecendo, de que a formação inicial deva conduzir a uma prática dialógica que valoriza a aprendizagem cooperativa, inclusive dos formadores [que se fazem formandos e se reformam formando (Freire, 1996)].
Conhecendo o funcionamento de algumas disciplinas de Prática de Ensino (tanto de cursos quanto de instituições diferentes), optou-se por aplicar este método ao Curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Santa Maria (ver ementas no Anexo 1), pelos seguintes motivos:
· Os alunos tem acesso ao aporte técnico necessário na instituição e
· A prática dos Diários já é instituída (no modelo de Porlán, 1997) e esta reconfiguração em um modelo que utiliza comunicação cooperativa é vista como promissora.
Mesmo sabendo que a instituição oferece algum aporte técnico, faz-se necessário investigar, primeiramente, questões instrumentais sobre o acesso que os alunos possuem, através de questionários e observações na instituição. Precisa-se ter dados como:
· Todos possuem acesso efetivo a computadores com internet? Como? Onde? A que custos?
· Que recursos de Tecnologias de Informação e Comunicação que os alunos usam? Para que? Elas se fazem presentes como uma necessidade?
Caso estes dados demonstrem que existem condições básicas para a pesquisa, parte-se para a implantação de um sistema de aprendizagem cooperativa assistida por computador (Lévy, 1999). Esta aprendizagem cooperativa se daria na forma de diário eletrônico das atividades de estágio, em um ambiente em rede. Pode-se imaginar este ambiente da seguinte maneira: (fig. 1.)

É possível estabelecer uma prática de ensino baseada no diálogo como aprendizagem cooperativa? Pretende-se verificar isto através do uso de blogs (fig. 2.), ou seja, os alunos fazem seus relatos diários e os disponibilizam na rede. Desta forma, todos podem ter acesso às práticas dos colegas, assim como fazer intervenções na forma de diálogo, dando contribuições, pedindo ajuda, construindo planejamentos juntos...

Os diários são agrupados de forma que todos os que estão desenvolvendo atividades em uma série ou sobre um mesmo tema (dados que são obtidos através de um cadastro) entrem em diálogo. Além disto, o ambiente possibilita uma "visualização não intencional", através do "Blog do dia" (metade direita da página) em destaque, quando pode-se tomar conhecimento das atividades de outros alunos sem estar em busca exatamente disto...
Acredita-se que somente pela combinação/articulação entre vários canais de produção e comunicação é que se pode desencadear um processo de aprendizagem cooperativa. Assim, as questões problemáticas que forem surgindo, podem ser discutidas através de listas de discussão. São exemplos de questões problemas: a indisciplina dos alunos, qual sistema de avaliação usar e o que se quer com ele, a função do educador, assim como qualquer outro tema que incitar uma discussão. Estes temas surgem das práticas realizadas pelos alunos, ou seja, aqueles temas que lhes deixam dúvidas, lhes provocam revolta ou angústia, aqueles que pedem a discussão.
Outro canal, pode ser um Mural (fig. 4.), utilizado tanto para divulgação de avisos importantes para a disciplina (Sala de Professor) quanto para comunicações que extrapolam este âmbito (Risque-Rabisque): festas, encontros, dicas de filme ou livro... É preciso que os alunos sintam prazer no que fazem (não que esta seja a receita, mas pode ser um caminho...).
Um último canal, seria a produção de artigos. Como durante a Prática de Ensino ainda ocorrem encontros presenciais (aulas), quando são feitas apresentações e discussões de textos, esta parte do ambiente daria conta de disponibilizar as referências das bibliografias. Junto com estas, os alunos teriam a missão de disponibilizar um comentário sobre a obra apresentada e sugerir temas para a elaboração de laudas/artigos, onde todos poderiam estar dando sugestões, revisando, ou seja, construindo cooperativamente.
Assim pode-se estabelecer um canal de aprendizagem cooperativa como formação dialógica de professores? Isto será verificado se a participação dos alunos se estabelecer efetivamente, ou seja, na análise dos dados, serão utilizados certos critérios tais como:
· O cadastro dos alunos: cada aluno deve ter seu blog
· A cooperação ente diários: existe a transição de um blog para outro, a pesquisa, a intervenção? Isto se estabelece como comunicação?
· As questões (ou situações) problema tem sua discussão estabelecida nas listas? A discussão pela linguagem escrita interfere neste processo? (o que pode ser verificado utilizando como controle as discussões em sala de aula, presenciais, em linguagem oral)
· Os recados, disponibilizados no Mural, se fazem conhecidos? Acontecem comunicações sobre assuntos diversos?
· Os alunos conseguem construir um texto cooperativamente?
Pretende-se que a análise destes dados nos dê referenciais para verificar se é estabelecido ou não uma formação dialógica de professores por aprendizagem cooperativa através de um sistema de múltiplos canais de produção e comunicação de conhecimentos.

Cronograma

Referências Bibliográficas:

CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede (A era da informação: economia, sociedade e cultura; v. 1). São Paulo: Paz e Terra, 1999.
FLOREA, Adina. Magda. Computer supported cooperative learning. Higher Education in Europe, CEPES, UNESCO, vol. XXIII, no. 2, 1998. Pp. 195-204 [de http://citeseer.nj.nec.com/uptade/325151, acesso em 10/01/2004] .
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
GRUPO TELEFONICA NO BRASIL. A sociedade da informação no Brasil: presente e perspectivas. São Paulo: Telefonica, 2002.
IANNI, Octavio. A sociedade global. 3. Ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1995.
LÉVY, Pierre. A conexão planetária: o mercado, o ciberespaço, a consciência. São Paulo: Ed. 34, 2003.
LÉVY, Pierre. A inteligência coletiva: por uma antropologia do ciberespaço. São Paulo: Edições Loyola, 1999b.
LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência. São Paulo: Ed. 34, 1990.
LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Ed. 34, 1999a.
LUCENA, Carlos; FUKS, Hugo. Professores e aprendizes na Web: a educação na era da Internet. Edição e organização: Nilton Santos. Rio de Janeiro: Clube do futuro, 2000. 160p (Costumes e Protocolos).
PORLÁN, Rafael; MARTÍN, José. El diario del professor: un recurso para la investigación en el aula. Sevilla: Díada, 1997.

-- AdrianeHalmann - 28 Sep 2004

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