UFJF debate "Universidade Nova"
Com novas formas de acesso e currículo
Qual seria o modelo ideal para seleção de novos alunos para as universidades do país? É essa a discussão que vem sendo desencadeada através do projeto "Universidade Nova", que propõe mudanças na atual configuração do ensino superior brasileiro. Além do fim do vestibular e da ampliação das vagas, a idéia é estabelecer o sistema de Bacharelado Interdisciplinar, com a duração de três anos.
O Pró-reitor de Graduação da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), professor Eduardo Magrone, participou da apresentação desse projeto, em Salvador (BA), em novembro de 2006. Ele explica que o Bacharelado Interdisciplinar vai proporcionar aos alunos circulação em diferentes campos do conhecimento. Depois disso, o estudante vai estar mais apto e mais seguro quanto à escolha da formação profissional.
O projeto "Universidade Nova" tem, entre outras, uma proposta de reordenamento dos cursos de graduação. Tem origem na Universidade Federal da Bahia (UFBA), mais especificamente, através de seu atual reitor, Naomar de Almeida Filho, e conta com a adesão de outras universidades como a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), entre outras.
A proposta prevê que não haverá barreiras ou critérios obrigatórios para o desenvolvimento discente, ou seja, depois de cursar o Bacharelado Interdisciplinar o aluno pode dar continuidade no ensino superior, ir para o mercado de trabalho, ou até mesmo, em casos excepcionais, concluir o mestrado sem passar pela profissionalização na graduação.
"Se o sistema entrar em vigor, o ingresso dos estudantes será para a universidade e não para um curso específico, como acontece". Dessa forma, todos terão acesso às disciplinas básicas e introdutórias de cada área. "Os profissionais vão ser melhores porque terão formação geral", explica Eduardo Magrone.
No Brasil, os dados indicam que apenas 9% dos jovens estão no ensino superior. Além disso, o Pró-reitor esclarece que há desperdício de recursos com a decisão profissional precoce. O projeto defende que o jovem tenha tempo de refletir, além de conhecer melhor as possibilidades de opção profissional.
Aderindo ao projeto Universidade Nova, o Manifesto dos Reitores das Universidades Federais pela Reestruturação da Educação Superior no Brasil já conta com 16 assinaturas. O projeto ainda vai ser apresentado à comunidade acadêmica da UFJF com o objetivo de estimular análises e discussões antes da aprovação ou rejeição das mudanças. Eduardo Magrone frisa que "apresentar o projeto aos alunos e professores é uma forma de incentivar a realização de debates produtivos".
O Pró-reitor acredita que as resistências às propostas são positivas porque tornam a avaliação mais cuidadosa, com ponderações sobre vantagens, desvantagens, ajustes,
orientações, infra-estrutura, recursos. Porém o medo de discutir a respeito das novidades pode se transformar em barreiras para o crescimento.
As Instituições Federais de Ensino Superior do Brasil (Ifes) e do Ministério da Educação (MEC) querem discutir mais sobre o assunto, inclusive com a sociedade. Em março de 2007, Brasília deve sediar o segundo seminário sobre a proposta "Universidade Nova".