O culto do Santo Daime responde a necessidades de grupos que se situam entre populações primitivo/rústicas e rústico/urbanizadas e que também sofrem pressões do contexto macrossocial amazônico, pertencendo, pois, a uma formação sociocultural intermediária. Santo Daime identifica o ritual de consumo e a hierofanização da própria bebida, produzida por decocção da Banisteriopsis Caapi Spruce e Psychotria Spruce, duas plantas utilizadas por indígenas e caboclos bolivianos, peruanos e brasileiros. Os dois grupos (modelos socioculturais) descritos aqui funcionam na cidade e arredores de Rio Branco com raízes históricas comuns no grupo pioneiro surgido na segunda década deste século na cidade acreana de Brasiléia. Histórica e estruturalmente estão associados ao movimento migratório regional e inter-regional e à progressiva expansão da sociedade global. Os comportamentos (Cantos do Exílio e Vozes do Êxodo) caracterizam respectivamente grupos antigos já fixados e os mais recentes expulsos dos seringais ou atraídos pela frente de ocupação capitalista. Não se trata porém de oposição exclusiva entre os social. Os Sistemas de Juramidan, dois comportamentos e sim de uma dialogia todavia, não se explicam apenas como resposta a crises, mas se constituem em experiências de homogeneidade onde a imprevisibilidade gerou manifestações culturais híbridas através da repetição de ritos de renovação universais. O sonho e padronização de as experiências extáticas instituem estruturas de plausibilidade relações sociais onde a metade noturna do homem não se divorcia da metade diurna. A ponte entre o tempo onírico e o tempo da vigília ainda não se rompeu ou já foi reconstituída. |