A Importância do Brincar na Formação da Criança
(...) Ela [a criança] não tem capacidade para considerar as noções adultas de mundo da fantasia e mundo real.
Ela só conhece o mundo real no qual e com o qual ela brinca.
Ela não está brincando de viver.
Brincar é viver.
Pearce (1987,p.181)
O jogo traz consigo um significado abrangente e às vezes banalizado a depender do contexto cultural dado ao jogo por um povo, o mesmo pode ser apenas uma atividade espontânea da criança, feita pela criança com outras crianças. Já em outras culturas é uma forma toda sua, ancestralidade, instintos, uma forma natural de dar continuidade ou modificar sua forma de vida.
A prática do jogo revela uma lógica da personalidade humana quanto à lógica formal das estruturas cognitivas.
Ele é construtivo, pois pressupõe uma ação carregada de simbolismo que reforça a motivação e possibilita a criação de novas ações.
/*Pget, defende a idéia de desenvolvimento humano a partir das ações que o sujeito exerce sobre o ambiente.
Para uma criança, a vida é ainda mais frágil e complexa que para um adulto. Assim sendo, o esforço adaptativo se resume a uma necessidade vital que a criança tem, e lhe é salientada para poder sobreviver. Durante esse processo, a criança utiliza jogos e brincadeiras, não importando a estrutura de ambos.
A inserção no mundo social e cultural faz-se por intermédio de regras. No jogo de regra, a criança é colocada em contato com restrições, limites, possibilidades, enfim, com uma vida regularizada, harmônica. Estas representam o limite, o pode - não pode, que regula as relações entre as pessoas. Nos jogos de regras, a criança tem seu espaço para adaptar-se a um ambiente social regrado, que é imposta e muitas vezes não compreensível. Do jogo de construção, a criança herda a imaginação criativa, a vivência antecipada do real, por meio do desenho, do faz de conta.
O jogo é a forma que a criança encontra para representar o contexto em que estão inseridas. Através do lúdico, a criança realiza a aprendizagem significativa, favorecendo a sua preparação para a vida, assimilando a cultura do meio em que vive, adaptando-se às condições que o mundo lhe oferece e aprendendo a competir, cooperar e a conviver como um ser social.
Diante de tais afirmações, conclui-se que ao jogar, a criança constrói conhecimento. E para isto uma das qualidades mais importantes do jogo é a confiança que a criança tem quanto à própria capacidade de encontrar soluções. Com isso, ela chega as suas próprias conclusões de forma autônoma. Através do jogo por meio dele o indivíduo será agente transformador, sendo o brincar um aspecto fundamental para se chegar ao desenvolvimento integral do ser humano.
Através dos estudos de Piaget, podemos perceber a importância do jogo para o processo de ensino e aprendizagem. Nesse contexto o jogo é considerado como uma atividade na educação de crianças e adolescentes, uma vez que lhes permitem o desenvolvimento afetivo, cognitivo, social e moral, e a aprendizagem de conceitos.
Porém, é necessário compreender o jogo no contexto educativo em justa medida, sem reduzi-lo a trabalho.
Vigotsky (1989), afirma que é enorme a influência do brinquedo no desenvolvimento de uma criança... É no brinquedo que a criança aprende a agir numa esfera cognitiva, ao invés de numa esfera visual externa, dependendo das motivações e tendências internas, e não dos incentivos fornecidos pelos objetos externos (p.109).
Durante muito tempo, o aluno foi um agente passivo e o professor um transmissor de conteúdos. O alto índice de fracasso e evasão na educação fez com que se revelasse que não seria mais o aluno que deveria adaptar-se à escola, mas a escola que deveria adaptar-se para inclusão e com ações pedagógicas transformar a realidade do aluno.
Com a intenção de aproximar o aluno da escola e mantê-lo motivado, devemos utilizar recursos que diversifiquem a prática pedagógica, buscando tornar as aulas mais divertidas, proporcionando o aprender dentro de uma visão lúdica, criando um vínculo de aproximação entre professor e aluno.
Para isso, faz-se necessário que o professor conheça o processo de como ocorre a aquisição de conhecimento, a partir da teoria de Vigotsky que muito contribuiu para que se chegasse à visão que temos hoje a respeito da importância do brincar no ambiente da sala de aula.
É importante ressaltar que, o professor deve ter um olhar sensível ao conduzir as atividades lúdicas, pois essas, além de tudo o que foi exposto, favorecem a liberação de desejos do participante e este revelam muito de sua personalidade durante o jogo.
Acreditamos que o professor precisa ter segurança, clareza dos objetivos ao introduzir o jogo no processo de ensino – aprendizagem, pois tanto alunos quanto os pais estão arraigados com a metodologia da educação tradicional.
O professor deve ter objetivos a atingir dentro do processo para sustentar sua prática, até porque o jogo como já vimos, pode ser um grande aliado da prática pedagógica, visando o desenvolvimento cognitivo, afetivo, moral e social, e a construção de uma aprendizagem significativa e prazerosa.
Bibliografia:
- BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Parâmetros Curriculares brasileiros. Brasília, 1997, 1999;
- GROENWALD, C.L.O. ; TIMM, U.T. Utilizando Curiosidades e Jogos Matemáticos em sala de aula;
- KISHIMOTO, Tizuko Morchida. (Organizadora). Jogo, Brinquedo, Brincadeira e a Educação. 3. ed. Editora Cortez.
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RitaDourado - 19 May 2005
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