Eleição UFBA 2006
Reitor e Vice
OS ESTUDANTES DE IRECÊ FORAM IMPEDIDOS DE VOTAR
POR UMA INTERIORIZAÇÃO DE QUALIDADE
Colegas,
Hoje, data em que se inicia a consulta popular para a escolha do novo reitor de nossa universidade, deveria ser uma data de comemoração democrática. Porém, inicio minhas atividades diárias com a triste obrigação de relatar, como coordenadora do Curso de Licenciatura em Pedagogia UFBA/IRECÊ, todo o difícil processo que culminou com o que podemos chamar de PRÉ-IMPUGNAÇÃO da urna no espaço UFBA do município de Irecê.
Inicio, ponderando que toda a minha ação, durante estas 2 últimas semanas, se inscreve; além, obviamente, da função burocrática como coordenadora de um colegiado de Formação de Professores; como parte do processo que venho desenvolvendo, a longo dos últimos anos, da defesa incessante de uma interiorização de qualidade para a nossa universidade. Longe, portanto, de uma simples questão eleitoral.
Tal intenção, entretanto, não significou uma omissão quanto à candidatura por mim defendida, e, se algo de positivo pudesse tirar de todo o processo, diria que foi o fortalecimento de minha decisão de voto.
Mas, vamos ao ocorrido:
Duas semanas atrás, tomei conhecimento que o Espaço UFBA do município de Irecê não estava contemplado como posto de votação.
Fui instruída, a mandar um e-mail com a solicitação (aí acontece o primeiro ponto a ser questionado: a comissão não tinha um endereço de e-mail (lembro que estamos em pleno século XXI), e fui instruída a mandar a mensagem para o endereço de um estudante membro da comissão), recebi de imediato uma resposta cujo texto era RECEBIDO.
Uma semana depois, com a proximidade das eleições e sem, ainda, nenhuma resposta, resolvi entrar em contato mais uma vez com a APUB. Por via telefônica, na quarta-feira passada (26/04), fiz o primeiro contato com a Prof. Elizabeth Bittencourt. Ressalto, em primeiro lugar, a gentileza com que fui ouvida.
Recebemos, então, algumas informações:
- A comissão não tinha sido informada da solicitação (algo, que a princípio, não precisaria ser solicitado)
- O aluno contatado teria desaparecido (um grave problema de comunicação: tivesse um e-mail da comissão!!)
- Mas, o direito a voto estava garantido. Como estudantes da FACED, os alunos do Curso de Irecê poderiam votar na FACED (os estudantes ficaram atentos a esta possibilidade)
Neste momento, as discussões para a ida da urna para Irecê foram iniciadas.
Havia, então, alguns questionamentos:
- O período era muito curto para montar a equipe que iria acompanhando a urna (os estudantes se predispuseram a bancar a ida da comissão, bem mais barato do que a vinda deles)
- Os candidatos não teriam tempo hábil para enviarem fiscais e que sem fiscais a urna seria impugnada (o fiscal é um direito e não uma obrigação. Se assim fosse era só não enviar fiscal para as urnas nas quais se antevisse um resultado não favorável)
- Os candidatos não teriam feito campanha no local. (as candidaturas estavam na rua, os estudantes de Irecê já vinham estudando os programas, mas mesmo assim não olvidamos esforço para que, nesta última semana, a divulgação fosse a maior possível)
- Que o voto em trânsito não estava contemplado nas normas (não seria voto em trânsito, o local onde acontece o curso é território UFBA).
No dia seguinte (quinta-27/04) fui informada que a assessoria jurídica estava trabalhando no caso, e a noite, para alegria de todos, recebi a informação, via telefone, que tudo estava resolvido, e a solução seria credenciar a Professora Maria Helena Bonilla como membro da comissão eleitoral, professora do Curso que estaria em Irecê na data da eleição.
Na sexta-feira (28/04), a Prof. Bonilla e a Prof. Beth, entram em acordo sobre o credenciamento que seria realizado no sábado pela manhã. Lembro que a Prof. Beth esteve também em contato com a nossa bolsista PIBIC, Ana Paula.
Ainda na sexta-feira, às 20 horas, recebo um telefonema da Prof Beth, me perguntando pelo telefone de um dos candidatos, o Prof. Nelson Pretto. Estranhei, pois não faço parte da comissão de sua candidatura. No momento, não tinha o telefone, e ela me informou que necessitava informar (na hora eu entendi que era só uma informação) todas os candidatos que haveria uma urna a mais e que os outros dois já haviam sido contatados.
No sábado (29/04), a Prof. Bonilla me avisou que a Prof. Beth, diferente do combinado, não apareceu na APUB e que não estava atendendo ao celular.
Passei o final de semana prolongado tentando em vão me comunicar com a Prof. Beth. Na noite do feriado (segunda-feira 01/05) recebi o telefonema da Prof. Beth me informando que dos candidatos, dois, Prof. Jailton e Prof. Naomar não tinham concordado com a decisão e, portanto, estava cancelado o envio da urna. Alegou que a informação demorou a chegar pois tinha perdido meu telefone (lembrando que ela tinha fones (fixo e celular: meus, da Prof, Bonilla e da bolsista Ana Paula).
Imediatamente, tentei contato com os candidatos e não conseguindo deixei mensagem nas caixas.
Terça-feira (ontem). Passei a manhã na APUB e tive as seguintes informações fornecidas pela comissão:
- Que a Candidatura Jailton tinha ameaçado impugnar a urna. Contei que em contato com Prof. Caio, assessor de Prof. Jailton, fui informada de que eles consideravam que esta decisão deveria ser da comissão. E recebi como resposta que eles eram assim mesmo, uma hora falavam uma coisa e outra, falavam outra. Ontem à tarde, a citada candidatura enviou um e-mail reforçando a posição que consideravam esta uma decisão a ser feita pela comissão.
- Que o tempo tinha sido muito curto. Lembrei o primeiro e-mail, repetiram que o estudante tinha desaparecido. Contei que tinha entrado em contato com o estudante e ele, pessoalmente, me dissera que tinha repassado o e-mail e recebido um OK da comissão. Rebateram que não era bem desaparecido, mas que tinha repassado a mensagem muito tarde e que os estudantes estavam sendo assim mesmo, muito irresponsáveis.
- Que a posição da candidatura Naomar tinha sido nem tanto pra cá, nem tanto pra lá, eu pessoalmente, não consegui contato, nem via telefone, nem por e-mail. Emanuela, coordenadora do curso em Irecê conversou com o Prof. Vasconcelos que ao que parece alegou a questão da inviabilidade de eleição sem fiscais.
Aguardei ainda uma solução, apelando para o bom senso, devido aos ruídos de informação. Uma resposta negativa na semana passada teria possibilitado a vinda de muito dos estudantes, mas, assim, de um dia para o outro se torna impossível. Insisti no desgaste político para todos aqueles que pregam a interiorização da universidade, fiz várias ligações até às 17 horas, quando me convenci que, realmente, os estudantes de Irecê seriam tratados, como estudante de segunda categoria, não votariam. Fica uma pergunta: queremos uma política de interiorização qualificada da universidade ou vender diplomas para os sertanejos?
Inez Carvalho
Coordenadora do colegiado de Formação de Professores FACED/UFBA