artigo versao 2

TECNOLOGIAS E COTIDIANO: ESTRATÉGIAS CONTRA-HEGEMÔNICAS

RESUMO

O texto apresenta reflexões sobre as possibilidades contra-hegemônicas do uso cotidiano das TIC,s, considerando experiências práticas relacionadas ao lazer, entretenimento, educação, ao uso profissional e as política públicas de inclusão digital. Para tanto, desvelaremos as forças e cenários hegemônicos nos quais estas estão inseridas, relacionados ao processo de globalização e reprodução social. Terminaremos por identificar e exemplificar formas de resistências contra-hegemônicas que surgem através de burlas advindas dos processos de convivência cotidiana com as tecnologias a partir da analise das formas incorporadas ao uso, seja no trabalho, na escola ou em seus lares.

Palavras chave: tecnologias – hegemonia – resistência, burla, contra-hegemônica.

Introdução

O período histórico contemporâneo iniciado no pós-guerra e consolidado a partir do consenso de Washington* é apontado por alguns estudiosos como processo inelutável resultante do avanço das Tecnologias da Informação e Comunicação - TICs (Castells, 1996). Para outros estudiosos, as características da globalização, impostas segundo preceitos do pensamento neo-liberal não passa de uma inversão de papeis onde se tomam as causas como conseqüências, e daí a razão de atribuir as TICs o seu caráter central nesse processo enquanto na verdade são apenas resultados de processos históricos e políticos (Santos, 2000).

Estudiosos agrupados nessa corrente de pensamento, dentre eles Boaventura de Souza Santos (2002), consideram as questões relacionadas a hegemonia do atual modelo macro-econômico mundial, denominado “globalização”, um processo resultante de consensos políticos dos países centrais, alinhados política e ideologicamente num consenso de sustentação da fase atual do capitalismo global.

Milton Santos (2000), afirma que para compreender a globalização atual, “como, a qualquer fase da história, há dois elementos fundamentais a levar em conta: o estado da técnica e o estado da política”. Para o autor, não existe uma separação entre as duas coisas, pois “as técnicas são oferecidas como sistemas e realizadas combinadamente através do trabalho e das formas de escolha dos momentos e dos lugares de seu uso”.

Segundo Santos ainda, as técnicas surgem em famílias e cada conjunto de técnicas representa uma época, atualmente caracterizada pela chegada da técnica da informação. Para ele, as técnicas características da atualidade, mesmo de um só ponto do território, influenciam todo o país. Neste sentido, Santos (2000, p.25-26), nos apresenta um exemplo, comentando-o: [...] a estrada de ferro instalada em regiões selecionadas, escolhidas estrategicamente, alcançava uma parte do país, mas não tinha uma influência direta determinante sobre o resto do território. Agora não. A técnica da informação alcança a totalidade de cada país, direta ou indiretamente. Cada lugar tem acesso ao acontecer dos outros. O principio de seletividade se dá também como princípio de hierarquia, porque todos os outros lugares são avaliados e devem se referir àqueles dotados das técnicas hegemônicas. Esse é um fenômeno novo na história das técnicas e na história dos territórios. Antes havia técnicas hegemônicas e não hegemônicas; e hoje, as técnicas não hegemônicas são hegemoneizadas. Assim, podemos concluir que a hegemoneização das técnicas modernas reflete a não distinção entre tecnologia e globalização que se caracteriza, segundo Santos (2000), por ser o ápice do processo de internacionalização do mundo capitalista. Com efeito, o caráter contra hegemônico das técnicas da atualidade possibilita contraposições à ordem hegemônica, tornando-se inegável a sua importância enquanto célula propulsora de transformações sociais, cabendo-lhes o papel de contrabalançar o atual estado das coisas.

Parece contraditório que por meio de instrumentos resultantes da própria ação das forças hegemônicas sejam possíveis manifestações anti/contra-hegemônicas. Talvez este cenário seja resultante das contradições do atual modelo de globalização. Este modelo, apesar dos esforços, não consegue ser onipresente enquanto força motriz; senhor de tudo e todos, como parece pretender. Esta é a imagem veiculada em alguns fimes de investigação policial. Nestes filmes os agentes possuem recursos tecnológicos capazes de realizar tudo contra qualquer um, em qualquer lugar, a qualquer hora.

Existem burlas neste processo todo. Elas acontecem e provocam algumas turbulências no equilíbrio do sistema. Quando rastreadas, mapeadas, identificadas e localizadas, são silenciadas. Este silenciar pode acontecer de variados formatos, não implicando na eliminação do seu protagonista. O mais comum é a desqualificação deste como pessoa desequilibrada, fora do contexto, ou sem caráter.

É importante ressaltar que o significado de burla aqui pretendido não está relacionada a origem etimológica do vocábulo e/ou como o simples ato de burlar, enganar ou fraudar, a entendemos como resultado de uma tensão entre o instituinte e a práxis cotidiana emergida de subjetivações complexas advindas dos usos e apropriações cotidianas das diversas tecnologias pelos indivíduos, seja de forma passiva, enquanto simples observador/usuário ou de maneira ativa enquanto sujeito interativo e resiginificador desses espaços.

Considerando que currículos, diretrizes e/ou métodos adotados em espaços de educação escolar e não escolar são utilizadas numa perspectiva de consolidação de práticas hegemônicas, tais burlas entendidas como práticas criativas e táticas de enfrentamentos podem ser consideradas inevitáveis e importantes para contrabalançar forças antagônicas e visivelmente desequilibradas. Sobre isso Santomé nos alerta:

Quando se analisa de maneira atenta os conteúdos que são de forma explícita na maioria das instituições escolares e aquilo que é enfatizado nas propostas curriculares, chama fortemente à atenção a arrasadora presença das culturas que podemos chamar de hegemônicas. As culturas ou vozes dos grupos sociais minoritários e/ou marginalizados que não dispõem de estrutura importante de poder costumam ser silenciadas, quando não estereotipadas e deformadas, para anular suas possibilidades de reação.(Santomé, apud, SILVA, 1995, p. 161).

Nesse sentido, para fazer frente aos fluxos e práticas cotidianas é que emergem o que consideramos enquanto burlas cotidianas resultantes quase sempre de ações criativas individuais ou coletivas e que se constituem enquanto importante instrumento de enfrentamento ao hegemônico.

No contexto onde apontamos possibilidades de ações contra-hegemônicas, entendidas enquanto burlas anti-sistêmicas, faz-se necessário entendermos hegemonia não só em seu sentido etimológico “de predomínio majoritário (e) muitas vezes opressivo de algo sobre o resto", mas essencialmente em sua forma conceitual apontada por Antonio Gramsci, “para descrever o tipo de dominação ideológica de uma classe social sobre outra, particularmente da burguesia sobre o proletariado e outras classes de trabalhadores", bem como suas implicações geopolíticas “aqui entendidas como a supremacia de um povo entre outros, pelas suas tradições ou condições de raça, por costumes ou condição militar".

As technés e seu percurso hegemônico

Historicamente as evoluções tecnológicas possibilitadas pelos avancos científicos desde a revolução micro-eletronica, possibilitada primeiro por válvula e transísteros, depois pelos circuítos integrados que nos conduzem à nanociência, contribuindo para outras revoluções em áres da ciência tão distintas e em vias de integração que vão da mecatrônica à genética, com o arvoramento do grande capital arvorando-se sobre a natureza e buscando mecanismos ciêntíficos, éticos e jurídicos que não pretendem outra coisa, senão o lucro através de patentes de formas de vida vegetal e animal. Tal percurso hegemônico não poderia resultar levar a outros caminhos que não fossem os de afirmação dos processos hegemônicos (revolução mercantil; insdustrial e da informação) que difundiram-se ao longo de tais revoluções enquanto imposições orquestradas nos ordenamentos ético-morais, jurídicos e financeiros de cada época, sempre regidas pelos mercados, seus interesses e métodos aplicáveis em cada contexto, amparando-se sempre em instituições privadas, religiosas e aparelhos de estado que as tornaram viáveis enquanto escala para além das fronteiras de seus territórios originais, viabilizando assim, o modelo hegemônico atual que se sustenta cotidianamente na escola e em nossos lares (se fizermos um recorte num plano micro) e também através da ação de governos (num plano macro). Assim, para viabilizarem-se, em sua escalada hegemônica, estas atuam e valem-se a todo momento de aspectos cotidianos.

Como exemplos práticos podemos citar: padroes adotados pela indústria de circuitos eletrônicos, que compõe aparelhos como PCs, celulares, televisores, tocadores de musica eletronica, entre outros que so tornaram-se viáveis a partir de sua adoçâo enquanto padrões em suas respectivas indústrias nascentes, mas sempre a partir de estratégias que buscaram sua assimilação cotidiana pelo uso em massa valendo-se incessantemente para tal da ajuda dos estados nacionais para sua consolidação enquanto padrão técnico, embalados pelo discurso da modernidade e do avanço tecnológico, nem sempre verdadeiro e não raro, à disposição de uma parcela ínfima da população mundial.

Os sistemas legais, conjuntos de códigos e artefatos técnicos que se constituem enquanto alma desses "avanços tecnológicos" são igualmente produzidos e comercializados segunfo uma lógica hegemônica subordinada aos ditames da indústria multimilionária de patentes e/ou cópias de direito. Daí num movimento contrário e de forte característica anti/contra-hegemônica resulta uma constante busca por inovações capazes de superar as dicotomias atreladas a esses padrões técnicos. Embora regulados por estados nacionais e/ou por entidades reguladoras transnacionais, esses movimentos acabam por serem fortemente pressionados por imensas corporações privadas transnacionais, valendo-se muitas vezes do uso da mídia para campanhas difamatórias ou uso do ordenamento jurídico ultrapassado e do aparelho repressor do Estado para atingir seus objetivos. Tais pressões visam forçar seus padrões tecnológicos enquanto elementos culturais, seja apelando para mecanismos legais já disponíveis ou simplesmente incentivando de forma sorrateira, sob os mais diversos subterfúgios (que vão desde elaboradas campanhas publicitárias até suborno de dirigentes) a sua criação no ordenamento jurídico ou em marcos regulatórios danosos que são votados e implementados de forma totalitária, sem o necessário debate e transparência.

Entendemos que no atual cenário, onde os avanços técnicos são visivelmente comprometidos com um modelo de Estado que reflete padrões culturais e de comportamentos, as TIC assumem papel central tanto enquanto instrumentos viabilizadores das ações hegemônicas, mas, paradoxalmente, também enquanto instrumentos capazes de possibilitar comportamentos e ações anti-hegemônicas.

Ao observamos o debate em torno das concessões de TV suscitadas a partir da revogação de uma concessão de TV comercial pelo atual governo venezuelano, fato que provoca um debate global onde diferentes visões são colocadas para o mesmo fato, verificamos como se constroi cotidianamente o percurso hegemônico para o controle das technés e mídias, para o qual alertamos, entretanto, não é apenas a visão dos conglomerados de comunicação mundial que ganham destaque, aqui verificamos novamente a importância das ações, táticas e burlas contra-hegemônicas. Ousamos afirmar, que no munto atual, sem tais possibilidades perfeitamente viáveis nesses espaços através do uso de technés alternativas de forma criativa, burlante e autonôma para a criação de novas formas de produção e de comunicação utilizando-se dos vácuos e/ou da contra-mâo do espectro, às quais denominaremos de de contra-veiculações, correremos o risco de ver prevalecer apenas a visão hegemônica de mundo.

Esse quadro adquire contornos quase dramáticos quando instrumentos técnicos altamente sofisticados como recursos para empacotamento digital de áudio e vídeo somados às suas interfaces físicas como: micro-computadores e micro-câmeras são tomados de assalto por forças hegemônicas para dar vazão às visões hedonistas de mundo, de forma a desviar outros potenciais latentes desses aparatos, se postos a serviços de outros contextos, mas que deliberadamente contribuem apenas para uma voyerização levada a quitenssência contribuindo cada vez mais para uma banalização estética, onde os timbres e conteúdos ali produzidos estão apenas a serviço de um cyberpornografia global, conforme apontado por Virilío() e atestado pelos números estratófericos dessa indústria que montam, consumindo $ 89,00 dolares americanos por segundo em sua escalada hegemônica global.

Espaços de convivência ciber e reais: a construção cotidiana da hegemonia/contra-hegemonia

Em meio a esse rolo compressor hegemônico, percebemos nos espaços de convívio cotidiano, tais como: lares, escolas, clubes e em outros espaços públicos, como: salas de cinema, praças, etc denominados de commons1. são cada vez mais tomados enquanto espaços importantes para reforçar comportamentos dominantes, isso devido ao seu caráter fluído e autônomo. Dessa forma movimentos em construção como o commons e outras formas de organização potencialmente latentes e em contrução por meio de instrumentos tecnológicos ou não, potencial esse, que em muitos casos transborda ao considerado comportamento e uso normal e, não raramente são impossíveis de ser barrados pelos aparatos de repressão e controle social.

1, Palavra de difícel traduçaõ literal para o portugues, mas que pode ser entendido enquanto locais que são públicos e que é definido por Yochay benkler Commons são espaços institucionais em que podemos praticar um tipo particular de liberdade - a liberdade em relação a restrições que são normalmente aceitas como a precondições necessárias para mercados funcionais. Dessa forma esses espaços se transformam em importantes zonas a serem apropriadas numa pretendida marcha rumo à consolidação hegemônica, as forças motrizes que a impulsionam sabem disso e o fazem com maestria. Como pano de fundo nesse confronto trava-se uma guerra quase que subliminar para definir como se dará as apropriações sociais desses aparatos técnicos contemporâneos. Sobre esse aspecto e ao se referir sobre o confronto entre possuidores e não possuidores, Milton Santos afirma que, Quanto aos “não-possuidores” sua convivência com a escassez é conflituosa (...) cada dia oferecendo uma nova experiência de escassez. [...] A sobrevivência só é assegurada porque as experiências imperativamente se renovam. E como a surpresa se dá como rotina, a riqueza dos “não-possuidores” é a prontidão dos sentidos. É com essa força que eles se eximem da contra finalidade e ao lado da bisca de bens materiais finitos cultivam a procura de bens infinitos como a solidariedade e a liberdade: estes, quanto mais se distribuem mais aumentam. (p. 130)[...]

A escassez de que tratamos aqui é a da informação, da diversidade e colaboração no ciberespaço, entretanto estas, em se confirmando e consolidando, serâo danosas não só para a produção e a apropriação de novos conhecimentos, novas technés. num futuro próximo, mas levarão inexorávelmente a novas escassezes.

Otimista, o geógrafo ainda nos aponta caminhos possíveis que aqui tratamos como possibilidades contra-hegemônicas também aplicadas ao universo ciberdigital enquanto possibilidades para o seu manuseio/uso:

O entendimento sistemático das situações e a correspondente sistematicidade das manifestações de inconformidade constituem, via de regra, um processo lento. Mas isso não impede que no âmago da sociedade, já se estejam, aqui e ali, levantando vulcões, mesmo que ainda pareçam silenciosos e dormentes. (p. 134).

Nesse sentido, as práticas contra-hegemônicas afloram nessas manifestações de inconformidade, atreladas aos movimentos sociais organizados que segundo Santos () “devem imitar o cotidiano das pessoas, cuja flexibilidade e adaptabilidade lhe asseguram um autêntico pragmatismo existencial e constituem a sua riqueza e fonte principal de veracidade. A flexibilidade e adaptabilidade apontadas por Santos para os movimentos sociais também podem ser verificadas nas TIC, sobretudo àquelas livres de patentes e de acesso irrestrito à seus códigos, pois permitem o compartilhamento do conhecimento, entretanto faltam-lhes ainda capilaridade e força para amalgamarem-se a esses movimentos de forma tal que autonômia presente em seus preceitos possam estender-se de forma a contribuir com a sua riqueza e veracidade fortalecendo-os em sua constante marcha contra-hegemônica.

Por meio das manifestações cotidianas que ocorrem em diferentes espaços, a exemplo da escola, identificamos propostas inovadoras que procuram valorizar experiências e vivências de sujeitos e comunidades, professores e alunos, fomentando e abrindo espaços para atividades mais lúdicas e criativas realizadas com maior liberdade que resultam de burlas cotidianas, táticas de enfrentamento e de um uso não autorizado (CERTEAU, 1996) e/ou diverso daqueles constantes dos objetivos oficiais.

Tais espaços extrapolam o que poderíamos chamar de cotidiano físico-material e se consolidam também em universos cibers, ópticos, bi e tridimensionais forjando uma esfera de enfrentamento político e ideológico onde o virtual atua e resignifica o real que para BONILLA(2005 p. 131)é característico do processo de autocriação que fez surgir o homem[...] [...]e como uma possibilidade está associada a uma pontencialidade o possível está imbicado com o virtual [...] por isso apontamos que exemplos como os da utilização de blogs para postagem de denúncias de situações muitas vezes ignoradas pela mídia de massa, como ações de exércitos e fraudes políticas, são uma espécie de materialização contra-hegemônica permitida em espaços virtuaism vejamos alguns exemplos:

Sem dúvida uma das experiência mas célebres, emblemáticas e bem secedida, e a ocorrida no México, onde um lider sem rosto no estado de Chiapas, subcomandante Marcos, que segundo aponta Maria Ester Celeña, sempre buscou escrever em línguagem HTML1 de forma a mundializar a luta dos Zapatistas, que hoje divulgam sua luta contra hegemônica política no México e suas idéias em sítios como: http://www.submarcos.org e http://www.escuelasparachiapas.org/espanol.html. Nestes espaços virtuais e de comunicação podemos encontrar desde aspectos culturais e sociais do movimento Zapatista até formas de organização para visitas àquela região, de forma a constatar a importância da internet para a organização e comunicação contra-hegemônica.

A nota datada de 28/05/1994 onde Marcos explica o porquê da máscara estilo bataclava usada por ele e outros tantos zapatistas talvez desvele pistas sobre a importancia da internet enquanto instrumento anônimo, colaboratico para a comunicação com o mundo externo

Marcos é gay em São Francisco, negro na África do Sul, asiático na Europa, hispânico em San Isidro, anarquista na Espanha, palestiniano em Israel, indígena nas ruas de San Cristóbal, rockero na cidade universitária, judeu na Alemanha, feminista nos partidos políticos, comunista no pós-guerra fria, pacifista na Bósnia, artista sem galeria e sem portfólio, dona de casa num sábado à tarde, jornalista nas páginas anteriores do jornal, mulher no metropolitano depois das 22h, camponês sem terra, editor marginal, operário sem trabalho, médico sem consultório, escritor sem livros e sem leitores e, sobretudo, zapatista no Sudoeste do México." Enfim, Marcos é um ser humano qualquer neste mundo. Marcos é todas as minorias intoleradas, oprimidas, resistindo, exploradas, dizendo ¡Ya basta! Todas as minorias na hora de falar e maiorias na hora de se calar e aguentar. Todos os intolerados buscando uma palavra, sua palavra. Tudo que incomoda o poder e as boas consciências, este é Marcos. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Subcomandante_Marcos, acesso em junho 2007)

Alguns exemplos recentes ocorrido no Brasil podem ser apontados como movimentos contra-culturais possibilitados pelo uso intenso e em rede de instrumentos como celulares, blogs, e-mails, etc. estes resultaram em imensas manifestações estudantis como a Revolta do Buzu (ocorrida em Salvador-BA em 2006; a revolta da catraca em Florianopolis Santa- Catarina 2006)

Outros exemplos, como o que nos apontou Castells (1995), que mostra a influência na eleição do socialista Jose Maria Zapatero na Espanha a partir de movimentos desencadeados depois do Atentado na Estação de Atocha quando o governo tentou atribuir os atentados ao grupo separatista ETA, divulgando essa versão na mídia de forma massiva, versão desarticulada pela utilização intensa de instrumentos de comunicação portátil

Algumas experiências de EAD que refutam a lógica hegemônica adotada pelas práticas de e-learning que adotam padrões hegemônicos numa lógica de transmissão broadcasting (um para muitos) numa perspectiva próxima e/ou idêntica à lógica comunicacional dos grandes portais WEB e grandes redes de TV estão sendo propostos, como aconteceu recente na 3a. Semana de Software da FACE/UFBA que conectou duas localidades distantes 500 km (Salvador x Irecê) em streaming de áudio e vídeo transmitindo mesas redondas e sessões de pesquisa, simultaneamente pela internet, com possibilidade de interação por canais de IRC (Chat) e de rádio web.

Alguns programas de governo possibilitam, a partir de experiências práticas e contextualizadas com a realidade local, como os Projetos Ponto de Cultura do Governo Federal e o Programa de Inclusão Digital do Estado da Bahia, vem apontando possibilidades interessantes para a produção de conteúdos WEB e conexão a internet de comunidades a partir de uma perspectiva de apropriação tecnológica e de difusão de culturas que extrapolam a lógica de utilização de TIC em tele/infocentros. Vale apontar que paradoxalmente o projeto Ponto de Cultura, dentre os programas do governo Federal é o que possui a menor dotação orçamentária, conforme apontado por Costa (2006) em dissertação de mestrado.

Outros movimentos que permitem a utilização de software livres em escolas e ou tele/infocentros também apontam para atitudes contra-hegemônicas na medida em que afloram possibilidades de apropriação autônoma e isenta de patentes para escolas e/ou comunidades, embora ressaltamos que existem desafios e construções ainda a realizar. Estes desafios estarão sendo suplantados na medida em que mais pessoas se apropriam destes usos tecnológicos livres. Por isso, a escola, o professor exercem um importante papel nesta construção.

As possibilidades de práticas contra-hegemônica poderam ser experimentadas também em episódio recente onde um grupo de alunos contrários à política para o ensino superior no Estado de São Paulo, oupoaram o prédio da reitoria da USP – Universidade de São Paulo e passaram autilizar técnicas para transmissão de streaming de áudio e vídeo sobre protocolo IP para difundir suas idéias e reinvindicações, nesse caso, as tecnologias constituiram-se para além de porta voz como testemunho mundial, resultante de uma prática burlante que podiam ser livreementeacessados através dos endereços: (http://stream.paraguas.org:8000/radio.org) e (http://stream.paraguas.org:8000/tvlivre.ogg). (junho 2007).

É possível identificar na industria cinematográfica alguns exemplos de quebra ou rompe os valores hegemônicos. Há um filme infantil denominado: "Monstros S.A.". Neste filme identificamos a divulgação do uso da internet para as crianças, alémda mensagem: o riso é dez vezes mais potente que um grito. O que chama atenção é que a principal protagonista deste filme é uma menina, rompendo com o patriarcalismo; é baixinha; possue traços faciais asiáricos; olhos grandes e redondos; cabelos pretos e curtos. O que é contrário ao mundo das "top models".

Outros exemplos, que trazem em sua essência práticas igualmente burlantes, são vídeos veiculados na plataforma proprietária youtube que denunciam as aberrações praticadas pelos soldados americanos em sua ultima empreitada no deserto. Postados por diferentes pessoas em diversos lugares do globo, traz vídeos denunciam as atrocidades ocorridas no Iraque a partir de diferentes visões de mundo e acabaram por motivar o exercito americano a criar seu próprio canal de difusão de vídeos com a sua versão e olhar sobre a guerra. Nesse caso, exemplificando como o contra-hegemônico pode provocar reações hegemônicas.

Sobre a mesma plataforma podemos citar a proibição/censura que seus controladores impõem a alguns conteúdos sob alegação de que estes contêm conteúdos inadequados, ou seja, forças hegemônicas já despertaram para o seu potencial enquanto veículo capaz de constituir-se num instrumento de manifestações anti/contra-hegemônicas.

Conclusão

(ainda falta escrever) Contribuição - Washington

Ao longo de sua história o homem sofre pressões e opressões de variadas ordens. Neste percurso, podemos identificar as tentativas de não obediência ao poder totalitário, que se fazia presente através de ameças, torturas, enforcamentos, guilhotina, cadeira elétrica, câmera de gás, e hoje, o bloqueio ou rastreamento eletrônico daquele insurgente. Não precisa mais matá-lo, mas torná-lo limitado servo.

A escola, a sala de aula presencial pode ser o principal espaço desta construção. "Destinos não se muda. Destinos se constoi" (Dr. André Luis Peixinho). O exemplo ainda fala muito alto, em termos de luta e reinvidiações dos direitos humanos. Então, quando os professores começarem a trazer para sala de aula o debate ou a reflexão sobre um determinado programa ou entrevista do Canal Cultura, por exemplo. Quando enviar textos para atividades para seus alunos fazê-lo usando software livre. Para isto, ele já deve estar usando estes softwares que rompem com uma cadeia viciada ou engendrada pela hegemonia tecnológica de grupos específicos. Ações como estas podem valorar as cultura local, possibilitando uma maior liberdade de expressão, uma crescente liberdade impulsionadora da tão sonhada autonomia.

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sitios acessados

www.youtube.com.br - maio/2007 www.wikipedia.org.br - maio/2007

Topic revision: r15 - 20 Jun 2007 - 15:43:06 - DoriedsonAlmeida?
 
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