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DoriedsonAlmeida - 12 Mar 2007
Buscaremos em alguns teóricos que pesquisam na área de educação formal e não formal e o uso da tecnologia educacional em seu aspectos relacionados à educação como Silva (2001), Santos(2007) as referências teóricas e metodológicas que nos permitam compreender as mudanças paradigmáticas de nosso tempo e seus reflexos na educação, como forma de propiciar um diálogo capaz de dar conta de diferentes aspectos presentes nesse projeto de pesquisa.
Para Silva (2001), existe uma transição paradigmática em curso, essa transição acontece no espaço/tempo da escola; onde as características e práticas da escola moderna coexistem e/ou são sobrepostas diariamente por práticas e discursos da chamada sociedade pós-moderna. Essa transição de paradigmas, representada e contextualizada no espaço/tempo escolar pelos saberes e práticas docente, não pode ser ignorado nesse abrangente universo de pesquisa.
Assim, entendemos que ainda atuamos/pesquisamos/ensinamos num modelo de escola concebido a partir das práticas normatizadoras da escola moderna, que até hoje ainda não foi superado e sobre o qual as tecnologias apenas se sobrepõem, conforme nos mostra Silva(2001):
[...] foi baseado na lógica racionalizadora do tempo e do espaço normativos que a escola moderna se estruturou: salas retangulares, classes em fila reta, geometricamente preparadas para evitar a dispersão dos olhares que deveriam estar vetorizados à frente, para o mestre. Para tanto, um novo projeto arquitetônico foi elaborado, projeto que reproduzia a nova sociedade de indivíduos, espaço de uma ética da autonomia, que era necessário internalizar (Silva, 2001, p. 19).
Esse autor analisa que existem diversas propostas ou modelos didáticos-pedagógicos, concepções ideológicas, interesses e estratégias de intervenção que envolvem o processo de inserção de tecnologias no espaço/tempo da escola e no processo de inclusão sócio-digital, transformando-o e/ou sobrepondo-se arquitetônica e ideológicamente ao modelo da escola moderna.
Esse processo de transição paradigmática também pode ser constatado através do pensamento de Boaventura Souza Santos:
[...] vivemos num tempo atônito que ao debruçar-se sobre si próprio descobre que seus pés são um cruzamento de sombras, sombras que vêm do passado que ora pensamos já não sermos, ora pensamos ainda não termos deixado de ser, sombras que vêm do futuro que ora pensamos já sermos, ora pensamos nunca vimos a ser (Santos, 1987, p. 05).
Outros aspectos de nosso estudo tornam necessário uma análisede seus reflexos no comportamento social contemporâneo, para tanto buscaremos aporte teórico nas obras de autores que tratam de aspectos sociológicos e antropológicos da chamada sociedade da informação, tais como: Adam Schaff (1990), Castells (1996) Paul Virílio (1996) Edgar Morin(2002) e Pierre Levy (1996), entre outros.
Atualmente a forma como o uso das TIC se desenvolve e alcança um número cada vez maior de pessoas obedece a um modelo de distribuição em massa e hegemônico próprio da sociedade capitalista.
Entretanto, existem propostas contra-hegemônicas de apropriação das TIC pela sociedade, a partir da análise do preconizado por esses modelos antagônicos, entendemos que estudos nessa área não devem iginorar a existência de propostas alternativas e contra-hegemônicas nesse campo, sob pena de analisar apenas um recorte da realidade contribuindo para o fortalecimento dos modelos hegemônicos.
Para dar conta das questões relacionadas aos modelos de produção e compartilhamento e uso de TIC, buscaremos nos estudos de alguns técnicos e teóricos dessa área do conhecimento, as reflexões necessárias à compreensão dos modelos hegemônicos e contra-hegemônicos atualmente existentes, dentre eles: Stallman(2002), Silveira(2001), e outros.
Em relação aos conceitos de espaços virtuais e comunicacionais e a questão dos espaços formais e não formais procuraremos desvelar o modo como eles se efetivam e se constituem nas diversas interações entre os sujeitos aprendentes e suas interfaces, buscando aportes teóricos nas obras de xxxxxxx(educação formal e não formal) Pretto (1999), Bonilla(2005) Levy(1996), Papert(2001), Pais(2001), entre outros.
Como nossa pesquisa preocupar-se-á com o cotidiano das práticas escolares, buscaremos em Certeau(1996), Ferraço (2002), Alves(1999) e Oliveira (2001), pesquisadores dessa área pedagógica, o embasamento teórico necessário para desvelar as relações entre currículo/tecnologias/sociedade/cultura e cotidiano escolar.
Pretendemos utilizar a idéia de cotidiano proposta por Certeau (1996), como o conjunto de atividades que desenvolvemos no nosso dia-a-dia, as suas singularidades, ou como nos coloca Oliveira (2001), o espaço/tempo onde forjamos nossa identidade, entrelaçada com a proposta dos currículos em rede (Ferraço, 1999) e das possibilidades de tecer conhecimentos em rede proposta por Alves(1999), investigar como tais modelos e tecnologias impactam entram no cotidiano escolar e em outros espaços não formais e como são absorvidos e (re)significadas por eles, a partir das práticas tradicionais ainda presentes nesses espaços/tempo.
Compreendemos o cotidiano a partir do sentido que nos coloca Certeau (1996), das artes de fazer, do uso de modo não autorizado, pois é a partir do entendimento da forma como esses atores percebem e se apropriam das tecnologias na escola que a nosso ver, poderemos propor estratégias de intervenções curriculares e pedagógicas capazes de buscar usos mais criativos e lúdicos para tais recursos, influindo assim na maneira como esses transformam o espaço/tempo/cotidiano da escola.