DIÁRIO DE CICLO III
Apreciação do Diário
Por ser um fiel reflexo, o diário permite que a pessoa mude a forma de pensar, de sentir, de conceber a educação, desnudando-se não só profissional, mas também pessoalmente. Quero comprovar se ele é útil, se me mostra realmente, e sem precisão, o que ocorre na sala-de-aula; ou se as anotações estavam sendo apenas um dever de casa. Além disso, através desse espaço narrativo quero conhecer a minha história e refletir sobre ela, para que eu possa construir um sólido projeto de transformação social.
Trata também de um conhecimento que pode ser ampliado, com capacidade de definir objetivos e de fazer as melhores escolhas no presente à luz da experiência acumulada. O fato que me anima a realizar essa atividade – diário de ciclo – não é somente a natureza reflexiva, propriamente dita, mas o de alcançar essa visão, examinando os acontecimentos com um olhar retrospecto, tranqüilo, pausado. Pude descobrir alguns aspectos não-percebidos, sobre tudo no que se refere ao raciocínio lógico e ao pensamento apreciativo. Como se sabe, o diário é a experiência de contar o que a própria pessoa faz e de contar a si mesmo, por essa razão, ele se converte num recurso de grandes potencialidades, expressando: Um fato de se tratar, de um meio que implica escrever; Um fato de se praticar, que implica refletir; Um fato de nele ligar o significativo e o mencionado; Um fato de identificar problemas, que implica resolvê-los; Um fato de questionamentos, que implica merecer respostas novas e inaugurais.
Por conta disso, costumo comparar minhas idéias sobre um mesmo tema, tal como apareceu nas atividades, em momentos diferenciados, dentro do mesmo período ou tarefas anteriores. Assim, não só conheço meus avanços, meus progressos, mas também minhas contradições acerca de alguns assuntos. Às vezes, ocupo-me demoradamente nos exames de minha própria consciência e me dou conta de que já não são tão acertados como imagino no momento que os fiz. Outras vezes, sobretudo se a comparação é feita pela rapidez de emitir algum, seja pela sutileza ou acerto de decisões, posso verificar como desenvolvo meu trabalho educativo, se realmente faço aquilo que quero, e se o faço tal como planejei.
Representação do Diário
Este diário refere-se a fatos que envolvem a minha ação e reflexão, como também, teoria e prática no curso de Pedagogia da UFBA. Portanto comenta minha trajetória na prática profissional, permeando as seguintes atividades:
Seminário de abertura – Equipe UFBA.
Mesa redonda sobre o Projeto Irecê – Professoras: Fabrizia Pires e Luciene Lima.
As estratégias que os professores constroem para enfrentar as diversidades do cotidiano escolar – Professor: Gideon Borges
O ciber-corpo e os espaços da aprendizagem – Professor: Edvaldo Couto
Quilombo: a inserção social do negro no Brasil – Professora: Rita Dias
Raízes do Brasil II – Professora: Rúbia Margareth
O projeto de formação de professores – concepções – Professores: Maria Inez Carvalho e Emanuela Dourado
Metodologia do Ensino Fundamental – Professora: Rita Oliveira
Estudos de Geografia – Professora: Marcea Sales
Educação e Teatro – Professor: Roberto Rabelo
Atividades recreativas e de desperto – Professor: João Danilo
Jogos de Matemática no Ensino Fundamental – Professora: Selmugem Leana
Produção escolar e acadêmica – Professora: Marcea Sales
Antropologia e Educação – Professor: Álamo Pimentel
Seminário de encerramento – Equipe UFBA
Grupo de orientação local (4) – Professora: Rubia Margareth.
Seminário de abertura do ciclo III
Quando os ônibus pararam no pátio da FACED, ali se manifestava a experiência de vida em busca da formação educacional, profissional e acadêmica. Naquele mesmo instante nos alojamos e, logo, partimos em rumo à reitoria. Presenciamos os cantos e contos do José Carlos Rego (Pinduca) que destaca a apalavra na linguagem popular, enfatizou o significado neologismo e atribuiu valores aos brinquedos de madeira. O que mais me chamou a atenção foi a forma como ele relacionou as diversas origens da linguagem.
Embora o cansaço tomasse conta de mim, mesmo assim eu não desviei a concentração na palestra do professor Luciano Bonfim. Diálogos sobre formação de professores. Foi muito impressionante quando frisou o pensamento filosófico sobre a consciência do saber entre a teoria e a prática há um sujeito. Diante dessa frase, posso afirmar que esse sujeito é o professor, o ser humano que vê a existência, a dificuldade, o desejo, a angústia e até mesmo a forma perversa de observar a realidade dos seus alunos. Além disso, o professor Luciano Bonfim falou da necessidade da formação acadêmica em busca de domínio da matéria, bem como do principio de saber o conteúdo propriamente dito.
À medida que os fatos aconteciam, surgiram as noites culturais, nas quais fui em busca da terra do nunca e do teatro XVIII com o Iroko. Vale salientar também que o momentozava: era o encontro acadêmico entre Irecê e Salvador. Ter que demonstrar habilidades artísticas na apresentação do livro de Sérgio Buarque de Holanda – Raízes do Brasil, parecia ser mais difícil que mergulhar no mar sem saber nadar.
Atividade 34
Atividades recreativas e desportos
Em principio, analisando a natureza do titulo da atividade, pensei que fossem apenas brincadeiras, jogos práticos, envolvendo algumas modalidades esportivas, mas com um breve apanhado, pude perceber a essência dessa atividade como metodologias que pudessem criar condições de nos manifestarmos em momentos de interatividade, facilitando a relação entre os aspectos constitutivos do Lúdico com a nossa cultura. Considero, ainda, que nos momentos de dedicação na execução das dinâmicas, revelaram alguns pesadelos, pois tudo parecia seguir normal na escola, porém me dei conta de que aquela normalidade me cansava inquietação, a ponto de não saber associar ou distinguir jogo, brinquedo e brincadeira.
Com base nas discussões, direi nossos conceitos a respeito desses termos: Jogo – Condição social ou esportiva em que as ações das pessoas são orientadas por meio de estratégia, sem perder de vista, o prazer, a vontade, o entretenimento, dentre outros; Brinquedo – Algo que da sustentação ao jogo; Brincadeira – Detalhamento da maneira de se comportar no jogo. Como se vê, essa aproximação se relaciona com vários aspectos da prática pedagógica, e em especial na maneira que nós (professores) tratamos nossos alunos, ou pessoas com que temos influências no processo ensino-aprendizagem. E eu, no meu dia-a-dia, ainda demonstro muita fragilidade quanto à identificação com a prática, com a determinação do desempenho e quanto ao papel de dinamizar esse processo.
Um novo recurso colocado pelo professor João Danilo nos dá conta da improdutividade do jogo, no qual a criança ou outro ser não pode criar nada, não visa a um resultado final. Nessa situação o que importa é o processo em si de brincar esse ser se impõe. Quando ele brinca, não está preocupado em adquirir conhecimento a desenvolver qualquer habilidade.
Diante disso, eu poderia me perguntar o seguinte: qual a função do jogo enquanto conteúdo e enquanto metodologia? Essa dúvida me fez pensar em algumas questões sociais, a ponto de perceber o lado oposto da brincadeira, indo em busca de um caminho. Ao descrever as características desta atividade, eu pude captar pelos sentidos duas perspectivas: o foco e a ampliação. Enquanto na primeira eu ficava preso apenas a regras, concentrado no que alguém tinha a transmitir, sem se quer imaginar entra essa situação outra situação, na segunda, eu já comecei a criar outras condições favoráveis, desenvolvendo minha capacidade de descobrir limites e superar convenções estabelecidas por grupos dominantes.
Atividade 19
Estudo de Geografia
Inicialmente eu achava que não sabia nada, pois foi fundamental no primeiro momento que a professora possibilitasse a aproximação do tema que foi tratado no texto já que, ao listar as informações e conceitos ligados ao assunto, muitas vezes ela incentivou os alunos a falarem, pois o que se estava fazendo era o mapeamento geográfico. Mas eu nunca tinha ouvido nada na TV a respeito daquilo; nunca tinha folheado uma revista ou algo do tipo que me chamasse a atenção. Por conta disso, algumas dúvidas me surgiram na hora de relacionar tais argumentos com a pratica pedagógica; contudo, não posso culpar a professora, pois o problema de descobrir e alimentar as idéias, sem perder de vista a forma de participar, estava em mim.
Por outro lado essa atividade contribuiu para eu saber separar os fenômenos do dia-a-dia, descobrindo a existência de regras, vem como limites no tempo e no espaço. E isso foi comprovado quando em situações cotidianas, eu apontei outras formas de liberdade em ação, distinguido a metodologia em relação às dúvidas predominantes. Hoje, mais do que nunca, as estratégias criadas dentro dessa perspectiva me auxiliaram em resolver algo mais complexo como se fosse um trabalho permanente em todas as disciplinas. Nesse particular, elas só têm sentido se forem modificados pelo trabalho do homem.
Diante disso, senti-me na necessidade de criar terras geográficas, aproveitando assim, as aplicações de oficina, e tentando fazer um conceito dos questionamentos supracitados, os quais me levaram a interpretar com mais clareza os aspectos que implicavam num processo de observação e na quebra de preconceitos. As atividades dessa atividade colaboraram na minha aprendizagem enquanto sujeito atuante, pois me colocavam em direito de formular perguntas; hipóteses, testar meus conhecimentos, bem como aprofundar na elaboração dos parceiros.
Em meio a essa relação do exame da própria consciência, não posso deixar de relatar que duas situações críticas me desestabilizaram. O que ensinar? E como ensinar? Por isso aumentei a minha exigência quanto ao preparo profissional.
Atividade 39
Jogos matemáticos no ensino fundamental
O título do jogo foi mudado por opção dos alunos no momento em que eu estava fazendo a demonstração do outro jogo chamado “batalha”, realizado com as cartas de baralho. Nesta dinâmica, meu objetivo foi explorar as operações matemáticas, contribuindo para que os alunos pudessem identificar uma maneira apropriada no desenvolvimento do cálculo mental.
Porém, alguns sentiram dificuldades com relação a esse desenvolvimento por conta de acreditar na capacidade de fazer cálculos envolvendo lápis e papel; entendendo o significado das operações e criando suas próprias técnicas de calcular. Mas isso foi respeitado e não chegou a atrapalhar a dinâmica. Logo, quando expliquei as regras, os alunos puderam compreender melhor a metodologia, e, foram inventando truques para saber o valor de sua carta.
Além disso, na execução do jogo matemático, eles mostraram algumas habilidades de raciocínio em suas atividades diárias em casa e na escola. Também fizeram comentários dando conta de novas descobertas com idéias já conhecidas, argumentando acerca dos passos da abordagem de um problema, identificando o que não conhece através de algo que está à sua frente, no caso, o valor das cartas.
Já com relação à interpretação de resultados, foi um momento em que os alunos avaliaram o que sabiam, o que precisavam saber e o que precisavam aprender a fazer para melhorar o que já sabiam na hora de organizar o jogo. Para encaminhar este processo de avaliação, fiz algumas perguntas relacionadas aos aspectos da atividade, que verificassem o que os alunos aprenderam, tais como: Fiquei atento às informações mais importantes para adivinhar o valor da carta? Como foi minha participação? Senti muita dificuldade em reconhecer as operações matemáticas? Organizei as informações para obter, primeiramente, o valor das cartas?
Todavia, não posso esquecer que meu propósito neste trabalho foi de melhorar o desempenho dos alunos no que diz respeito à percepção dos conceitos matemáticos, com finalidade de constatar o que sabe e o que não sabe. Diante disso, imagino a importância de criar situações em sala de aula em que sejam ensinados aos alunos conteúdos relacionados ao saber fazer, que lhes serão fundamentais no desenvolvimento escolar e intelectual.
Atividade 22
Educação e teatro
Educação através da arte
A ação apresentada nessa oficina me fez descobrir algo que gerava muita angústia, muita ansiedade e perceber-me incompetente diante do novo: o medo do modismo. Mas acredito que esta descoberta está dentro de um processo mais geral, que na verdade, é o inicio de assumir o novo, pois ele é uma percepção essencial desse processo de conhecimento. Todo mundo é inseguro sem exceção. Não escapam pais, professores, chefes, nem colegas de trabalho. Afinal ninguém é de ferro. Contudo, tremer nas bases a cada apresentação é uma característica que incomoda muito.
Para isso, valho-me do poder da validação. E validar significa dizer: gosto de mim pelo que sou, mas preciso ter, naturalmente algumas mudanças; eu tenho um significado para os outros, mas não posso andar com as pernas dos outros.
Eu estava tão preocupado em mostrar para as pessoas que eu era o máximo, que esqueci de dizer pra mim mesmo que o máximo são elas. Por falta de validação criamos um mundo no qual queremos nos mostrar ou dominar os outros em busca do poder. E essa atividade me auxiliou na percepção dessas características. A relação entre a arte e a criatividade surge pelo começar, por mais inseguro que uma pessoa seja.
Atividade 17
Metodologia do ensino fundamental
As abordagens dessa atividade vieram afirmar que a escola está aí para educar, que é preciso indagar a educação na escola enquanto produto social. Dessa forma, sinto que diante de alguns objetivos, a escola prepara a criança para a vida adulta; observando que o seu papel ideológico é o de dá continuidade a transmissão de valores, favorecendo o processo do qual poder[íamos chamar de conformação social.
Em busca de algumas respostas, é que faço as seguintes indagações: qual o método adotado pela escola? Como ela educa?pode acreditar que o destaque recai no futuro e que o presente não tem importância, pois o que a criança é não interessa, e vivemos perguntando às crianças “o que vocês vão ser quando crescer?” reafirmando a insignificação do que elas são. Eu pensava que na escola o conceito de ensinar era de passar conteúdos e cobrar dos alunos a reprodução desses conteúdos transmitidos por testes e provas e a nota como produto final, mas considerando alguns momentos dessa atividade, eu comecei a mudar a dinâmica do trabalho.
Porém, nossa mudança na sala-de-aula, eu me senti um pouco inseguro. Então só depois de algumas aulas foi que percebi uma tranqüilidade. Com todo caso, a técnica expositiva da professora foi além da necessidade, pois as atitudes que se desenvolveram nessa temática serviram de exemplo para eu analisar se estava alcançando os meus objetivos como docente.
Atividade 05
O ciber-corpo e os espaços de aprendizagem
Esta foi uma envolvente atividade de exibição do mercado corporal, bem como suas transformações e costumes culturais, tendo como pano de fundo o corpo tecnológico. O homem, peça mais inteligente de todos os seres vivos, está fazendo pacto com outros homens para rever a imagem do corpo e, então vender sua imagem.
Foi através dessa combinação que eu pude perceber a forma pela qual os elementos se combinam para criar um artifício irresistível entre o extraordinário e obsessão das pessoas. A atingível operação plástica que ajuda a tratar o desespero suicida dos pacientes mediante um bisturi, realiza uma grande descoberta: o ciber-corpo e os espaços de aprendizagem.
Ao descrever as características do corpo, o professor Edvaldo Couto nos disse que a pessoa te que demonstrar prazer, liberdade de separá-lo dos fenômenos científicos, saber da existência de comportamento, bem como limitar-se no tempo e no espaço. E isso é comprovado quando o comportamento de um ser humano se torna marcante, qualificando a pessoa do jeito que ela é.
Atividade 47
O trabalho que dá um trabalho
Muitas vezes esse trabalho no qual falamos, nos leva a perceber as outras perspectivas, porém nos fechamos e não nos aventuremos cm medo de perder o controle da situação. O exercício profissional de algumas atividades, de qualquer forma, exige esforço físico e mental. No entanto, um outro olhar é possível, basta que avancemos nas narrativas das práticas pedagógicas vivenciadas, inserindo reflexões da subjetividade para que os problemas mais importantes sejam resolvidos.
Sei muito bem que à primeira vista, essa mesma palavra de significados diferentes colocada numa só indagação faz um efeito de certas opiniões improdutivas, caracterizadas pela incoerência. Mas esta impressão desaparece no momento em que se constrói uma nova compreensão da vida e do trabalho acadêmico de de forma associada.
E aí poderíamos nos perguntar o seguinte:
Qual é a função do trabalho enquanto conteúdo e metodologia?
Essa dúvida me fez pensar em algumas construções sociais, a ponto de identificar o caminho da vida dentro de dois aspectos: o foco e ampliação.
No primeiro aspecto a pessoa fica presa apenas a regras, concentrando no que alguém vai falar, sem se quer criar outra situação. Enquanto na segunda, ela cria meios favoráveis para descobrir limites e superar convenções estabelecidas por grupos dominantes.
Atividade 10
Quilombo: a inserção social do negro no Brasil
Uma vez começado o trabalho, a orientadora considerava que não seria fácil introduzir o referido tema por conta do descaso que se tinha dado a ele. Ela falou que nós professores, teríamos que estar muito dispostos a realizar com grande esforço, o requerido ato que ia se cruzando em nossas mentes. O fato de ter transparência, vídeo, documentário e discussão, facilitou a investigação do contexto que exigia planejar com maior cuidado a elaboração de uma pesquisa.
Contudo, afirmo que a principio foi um pouco duro para alguns professores, inclusive para mim. Pois alguns aspectos implicavam na investigação, e, eu não me sentia cômodo a trabalhar com o tema em sala-de-aula. Em seguida fui dando valor a riqueza da atividade, o que tornou-se para mim uma responsabilidade.
Mais à frente, quando descrito o processo de investigação, eu comecei a pensar em alguns métodos que reconstruíssem episódios conflituosos por conta da discriminação racial. Tendo em vista o sentido que pretendi dar ao documentário que falava do povo remanescente de quilombo, estimulei a não utilização do termo “negro” e seus similares como sinônimo de coisas ruins.
Ao escrever esse capitulo, não posso deixar de me reportar a uma experiência vivida: quando eu ia em um ônibus e me sentei na poltrona, deixando o outro espaço do meu lado, então entrou uma “patricinha” dando pinta de ia se sentar naquele espaço, mas se recusou e comentou com a colega que não ia sentar próximo a um negro. Falou até que eu era bonitinho e tal, mas não gostava de se misturar com pessoas negras. Aquilo para mim foi a mesma coisa de uma facada, fquei todo constrangido, pensando em um meio de resolver aquela situação. Aí então eu me tranquei, não falei nada e fui embora. Chegando em casa, analisei a situação e percebi que eu não podia me colocar diante de situações iguais àquela, pois eu estava dando o direito às pessoas de comentarem com preconceito sobre a minha pessoa e, em especial, com o negro.
Hoje, minha percepção já é outra: argumento acerca da inserção social do negro no Brasil e no mundo, e às vezes trato com indiferença aqueles que querem tirar proveito da situação. Confesso que sempre me surpreendi com os encaminhamentos que recebia, em sua maioria com sinal de discriminação, mas atualmente procuro fazer uma ação em prol de pertencimento afro-brasileiro, e da minha pessoa, é claro! Sem perder de vista a minha negritude.
Grupo de orientação local (04)
Baseando-se na leituras de textos, oficinas de conceitos, exibição de vídeos – “A lei da escola” – questões afins e outras posturas, fui fundamentando algumas referências básicas que servissem de sugestões para compor meu diário. E isso tudo foi demonstrado no grupo de orientação com a professora Rúbia Margareth.
O foco dessa orientação foi a aprendizagem de estratégias de leitura e escrita, cujo objetivo da orientadora foi o de incentivar o uso autônomo dessas estratégias. É importante destacar que a professora deixou claro desde o inicio que não se tratava de um ensino transmissivo, no qual iríamos repetir o que ouvimos, e sim a ampliação das práticas de leitura e escrita para variar o repertório de estratégias.
Sempre que eu me mostrava perdido na hora de selecionar as informações mais relevantes, Margareth problematizava a situação de forma que eu retomasse os trechos de textos lidos para descobrir as dificuldades que me inquietavam. Foi através desta técnica que pude identificar os elementos chaves, revi os pontos que eu precisava melhorar, o que estava acertando ou errando.
Eu acho que, neste ciclo o esquema de orientação apresentou uma diferença fundamental em relação aos outros, principalmente no que se refere ao grau de participação dos alunos. Mas além das mudanças captadas, cabe acrescentar que neste ciclo os temas propostos apareceram para resolver, também, os conflitos que surgiram por conta do “disse-me-disse”.
Quanto à forma de resolver conflitos, sinto-me satisfeitos no que presenciei nesta etapa. Os resultados foram tão importantes no que se refere à organização do raciocínio lógico e ao pensamento crítico, pois apresento alternativas variadas quanto ao tradicional e ao renovador. Mas acredito que essa descoberta me causa um incomodo em assumir o novo, pois jogar o velho para ficar só com o novo, é tentar resolver falsamente esta ansiedade. É não se assumir integralmente. Mas também houve um momento em que me organizei para romper com o velho.
Foi neste momento de conflitos, no qual ao me assumir diante do novo, que surgiram perguntas do tipo: O que não quero mais? O que ainda quero? O que quero?
Porém, ao entender o grau de minha participação neste grupo de orientação, não posso deixar de contar com o ao apoio da orientadora Rúbia Margareth. A contribuição dela foi essencial, mas o restante esteve em mim e na minha coragem de criar.
Atividade 03
As estratégias que os professores constroem nas adversidades do cotidiano escolar
Esse trabalho destina-se ao processo de construção de artigo cientifico. Nele, os seus participantes construíram uma relação quanto aos aspectos interrogativos das entrevistas; interpretaram resultados, ilustrando as falas dos entrevistados.
Entretanto, confesso que foi a atividade que eu me senti mais perdido. Embora falasse das adversidades que o professor enfrenta no cotidiano escolar, eu não consegui ver com clareza as estratégias que estavam ali para a compreensão do movimento de saúde do professor. Não sei se o pouco eu compreendi está de acordo com o tema abordado, mas vou citar esse pouquinho: diante dos textos expostos, descrevi a profissão de professor como algo que não tem fim, que viver implica aprender a todo o momento, deixando marcas que se acumulam e determinam as transformações pelas quais as pessoas passam durante sua existência. E que a carreira profissional estava significando muita insatisfação que mais tarde viraria mazelas e desgostos.
Achei complicada também a atividade deixada pelo professor Gideon Borges. Fazer um artigo cientifico, para mim era algo fora dos meus conhecimentos, mas eu tinha que aprender, porém, eu não tinha maturidade cognitiva para compreender aquele elemento. Por isso senti dificuldade na elaboração do mesmo.
Atividade 15
Raízes do Brasil II
Como se sabe, o livro de Sérgio Buarque de Holanda – Raízes do Brasil – é uma obra clássica. Discuti-lo implica muito na habilidade na organização das idéias, exige uma leitura nacional, mais detalhada e interesse pelas coisas brasileiras na tentativa de substituir a imaginação por algo mais real, mais vivo!
Pensando nessa perspectiva, eu tentei acompanhar as informações relacionadas aos sub temas. Mas na hora de relatar a análise do texto com toda sua essência, ficava complicado porque eu não tinha facilidade de sintetizar as idéias do autor; de saber em que contexto histórico passou tal fato, bem como argumentar os dados do autor.
Contudo, isso foi esclarecido graças à metodologia da professora Rúbia Margareth, que soube diversificar as técnicas as técnicas na demonstração da atividade, tais como: exibição de filmes históricos – A missão – Xangô de break street; apresentação em plenária – mesa redonda; dinâmicas dos fragmentos, etc. E nesta metodologia, consegui acompanhar os capítulos que falam do homem cordial e dos novos tempos. Mas não foi possível ter a mesma posição da orientação de Raízes do Brasil I porque perdi alguns encontros, pois o horário chocava com meu turno de trabalho na rede municipal de educação. Talvez tinha sido falha minha.
Atividade 49
Antropologia e Educação
De acordo com a abordagem humanista, o professor desenvolveu suas estratégias de ensino e usou sua capacidade na interferência de facilitar o processo de culturalização. Ele disse que o educador eficiente escolha seu próprio estilo para expor sua aprendizagem. Com base nas abordagens expressas nesta atividade, eu fiquei analisando o processo de criar condições que produzam cultura, não apenas para os alunos em sala-de-aula, mas também, para pessoas que queiram participar desse processo através de diálogos e de cooperação.
Como deduzi, essas abordagens se identificaram em vários aspectos da minha prática, e em especial no tratamento que eu devo dar às pessoas, sem excluí-las. O que observei, também, em grande parte das aulas assistidas, é o que foi oferecido aos seus participantes: algumas versões enriquecedoras, coerentes, alimentadas de conhecimentos, ditos, antropológicos.
A falta de acesso à materiais específicos da área, aliada a minha postura pedagógica estreita, é causa central do meu fracasso no campo antropológico. Vista em outro ângulo, a aula para mim, foi uma provação necessária para eu reconhecer o meu fracasso quanto à evolução, costumes e origem da espécie humana. mais esperado me agonizava
Parecer do Diário Ciclo III
Como se sabe, o diário serve de apoio ao fazermos algumas considerações. Num primeiro momento, observar as atividades é constatar aquilo que é evidente; a rotina de uma chatice asfixiante, na qual eu penso que vou adormecendo pouco a pouco. O que é uma sala do espaço da UFBA? Uma turma de alunos, uns interessados e bem comportados outros nem um pouco interessados, em constante bagunça. Os professores, uns mais envolvidos mais que os outros, mais criativos ou tediosos. Os processos terminam quase parecidos: ensinar o eixo temático.
Mas se apurarmos o olhar, por trás desta aparente evidência, existe uma dinâmica e complexa rede de relações entre os alunos e destes com os professores, num processo continuo de acordos, conflitos, construção de imagens, bem como conceitos padronizados sobre as pessoas. Essa rede aparece como relações naturalizadas que foram estabelecidas por convenções.
O que me chama a atenção são os papéis de aluno e de professor. Esses papéis não são dados, mas sim construídos, nas relações no interior do espaço UFBA, onde sala-de-aula aparece como um espaço privilegiado. Contudo, analiso também se minha atuação dentro desse espaço está sendo coerente com que penso, se aceito e modifico minha postura quando oportuna, se reviso, se reflito suficientemente, se as considerações que faço são objetivas e justas. Quem sabe eu não necessito de mais atenção crítica e reflexiva ao avaliar os outros e ao avaliar-me?
Senhores mestres e doutores da UFBA permitam-me uma rápida observação: a elaboração do diário não pode mover-se alternadamente de um lado para outro entre o impulso ou desejo de um dia. Não tiraremos o máximo de rendimento se, em sua elaboração, a alternam-se ou embaralham-se momentos de certo entusiasmo ou alegria incontida, bem como a indiferença total. Entre os muitos componentes que dão valor a um diário, ocupa um lugar sem dúvida, destacando sua confecção continuada, variando entre a flexibilidade e a rigidez.
(Antônio Cecílio)
Copyleft pela
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