Assembléia lança Frente Parlamentar sobre Drogas
Após o anúncio da criação da Superintendência de Prevenção e Tratamento de Usuários de Drogas e Apoio à Família, aconteceu no final de abril, uma sessão especial na Assembléia Legislativa da Bahia, convocada pelo deputado Sargento Isidório, para a criação de uma frente parlamentar que elaborará propostas para o novo órgão.
Em seu discurso de abertura, o parlamentar cobrou mais ações concretas por parte das três instâncias de governo e pediu mais atenção para os trabalhos desenvolvidos pelas comunidades terapêuticas.
"Eu chamei essa reunião para tentar sensibilizar os corações das autoridades, pois respeitamos a vossa técnica e ciência, mas precisamos que respeitem também a nossa prática", enfatizou o deputado.
Ausência da universidade
O parlamentar também agradeceu e anunciou a presença de representantes de várias secretarias e órgãos públicos, assim como a participação de lideranças religiosas e diretores de comunidades terapêuticas, mas reclamou da ausência de representantes das universidades federais. "Eu queria ver aqui a universidade, pois não vi ninguém aqui representando a universidade federal", afirmou o deputado.
A queixa do parlamentar foi vista com estranheza por parte dos pesquisadores da UFBa, uma vez que os dois centros especializados em Álcool e Drogas vinculadas à esta instituição não receberam nenhum convite e nem informação oficial acerca da sessão especial.
Intersetorialidade e Liberdade de Escolha
Representando o secretário estadual de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, a superintendente de Direitos Humanos, Denise Tourinho, esclareceu aos parlamentares presentes que a vinculação da nova superintendência à SJCDH se deve ao fato de um tema tão complexo exigir ações intersetoriais.
"Abrigar este órgão em Direitos Humanos se deve ao fato de que estas políticas [tratamento, reinserção social, prevenção e repressão] têm que estar transversalizadas. Não é só uma questão de saúde, mas de integração de todas as políticas", afirma Denise.
Tratamento Voluntário
A convite de Isidório, o psicanalista Roberto Curi palestrou sobre a crise social, enfrentada pela sociedade, de desvalorização da vida e do ser humano.
O psicanalista também defendeu o direito de escolha do usuário como fator fundamental para o sucesso de sua recuperação. "Ninguém resgata ninguém sem que esse alguém queira ser resgatado. O trabalho de mudança de cultura de qualquer ser humano não se dá sem seu consentimento", enfatizou Curi.