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"As drogas, mesmo o crack, são produtos químicos sem alma: não falam, não pensam e não simbolizam. Isto é coisa de humanos. Drogas, isto não me interessa. Meu interesse é pelos humanos e suas vicissitudes."
Antonio Nery Filho

Salvador integra circuito mundial da Marcha da Maconha

por Paula Boaventura em

Protestos criativos, bem humorados e pacíficos marcaram a realização, no dia 05 de dezembro, da primeira Marcha da Maconha de Salvador, onde cerca de mil manifestantes percorreram o trecho entre o Farol e o Porto da Barra, para expressarem-se a favor da legalização e regulamentação do uso e comércio da substância psicoativa.

Organizada pela rede Ananda, coletivo de ativistas, pesquisadores e redutores de danos de Salvador que atuam em favor da legalização da cannabis, a Marcha da Maconha tinha sua realização prevista para o mês de maio, porém foi proibida judicialmente após pedido do Ministério Público. Os organizadores da Marcha recorreram da decisão judicial e conseguiram, em setembro, habbeas corpus concedido pela 1a. Câmara Criminal, que autorizou a sua realização.

A maior parte do público, formada por jovens e adultos, se utilizaram de palavras de ordem, música, fantasias, faixas e cartazes com forma de expressão. No final do percurso, os manifestantes fizeram um minuto de silêncio em memória das vítimas do tráfico de drogas.

Liberdade de Expressão - “Eu estou muito contente, é um momento histórico, em termos da liberdade de expressão e de se poder levantar um outro discurso histórico sobre maconha”, declarou o professor de sociologia da UFBA, Edward Mcrae, que participou da Marcha. O sociólogo Luís Mott, autor da Moção pela Descriminalização da Cannabis Sativa, aprovada em 1986 pela Associação Brasileira de Antropologia, também foi prestigiar o evento. Sérgio Vidal, antropólogo e um dos fundadores da Ananda, demonstrou entusiamo pela concretização do evento que, para ele, representa uma vitória da democracia e um dos primeiros passos para uma discussão ampla sobre a legalização da maconha em Salvador.

Além de manifestantes e especialistas, muitas pessoas que se encontravam no trajeto durante a passeata, disseram apoiar o evento, ainda que alguns se posicionassem contra a causa defendida pela Marcha, como o corretor de imóveis Carlos Brito e o servidor público Heráclito Carvalho. “Não concordo com a legalização porque não vejo nada de bom, vejo muita violência, muita família perdendo seus filhos”, argumentou Heráclito.

Estigma - Já a baiana de acarajé Virgínia dos Santos e o operador de turismo Marconi da Cruz estão entre as pessoas que presenciaram o evento e que são a favor da legalização. “As pessoas precisam compreender que o usuário é uma pessoa normal como qualquer outra, que deve ser respeitada, sem haver a comparação do usuário com criminosos”, pontou Marconi.

Bruno Rohde, membro da Ananda, acredita que, com a descriminalização do usuário, aqueles que enfrentam problemas relacionados ao uso da substância terão mais coragem em buscar os serviços públicos de saúde, já que “essas pessoas muitas vezes não recorrem ao serviço público, a tratamento, por medo de sofrer perseguição policial, de ser taxado como criminoso, como louco, como doente”.

No Brasil e no Mundo - A Marcha da Maconha ou a Global Marijuana March é um evento mundial com ocorrência prevista para o primeiro fim de semana do mês de maio. A primeira edição da marcha aconteceu em Nova Iorque (EUA), em 1999. Neste mesmo ano, foram organizadas marchas em 31 cidades, em sua maior parte européias e norte-americanas.

No Brasil, a marcha ocorre desde 2002, com o apoio do coletivo nacional Marcha da Maconha, porém na maior parte das cidades, os manifestantes ainda enfrentam reações de grupos e instituições contrárias ao evento que, sob o pretexto de apologia ao uso de drogas e apoio ao tráfico, conseguem a proibição por determinação judicial. De acordo com dados do Global Marijuana March, em 2009, dezesseis cidades brasileiras se inscreveram para organizar a marcha prevista pra o dia 2 e 3 de maio, porém decisões judiciais proibiram sua realização em João Pessoa, Salvador e São Paulo.

Em 2010, a data prevista internacionalmente para a marcha é 01 de maio. Enquanto isso, em Salvador, a Rede Ananda desenvolverá outras atividades de mobilização, orientação e discussão em torno da legalização da maconha, além da divulgação de informações no site do coletivo e em suas reuniões semanais.

Nota de apoio do Conselho Regional de Psicologia

Parecer Técnico

fonte: CETAD OBSERVA

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