Efeitos Combinados de ato de fumar, exposição ocupacional a ruído e idade para perda auditiva.
por Silvia Ferrite Guimarães em
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Objetivos. Este estudo investiga os efeitos combinados de hábito de fumar, exposição ocupacional a ruído e idade para a perda auditiva. Métodos. A população do estudo foi composta por 535 homens, trabalhadores de uma indústria metalúrgica, que participaram do diagnóstico de um programa de promoção de saúde e que foram submetidos à audiometria. A perda auditiva foi definida com base nos limiares obtidos no exame audiométrico, para as freqüências de 3, 4, 6 e 8 KHz, bilateralmente. Uma matriz de exposição, baseada em postos de trabalho e níveis de exposição a ruído, foi construída por higienistas industriais. Com os dados da história ocupacional foi calculado o tempo total de exposição a ruído para cada trabalhador; e as informações sobre o hábito de fumar foram obtidas utilizando-se questionários aplicados individualmente por entrevistadores treinados. A fração de excesso devido ao sinergismo, que corresponde à proporção de casos, entre os grupos de exposição combinada, que não ocorreriam sem a presença de todos os fatores, foi utilizada para quantificar afastamentos de modelos aditivos. Resultados. Idade e exposição ocupacional a ruído estavam positivamente associados com a perda auditiva, isoladamente. Foi também encontrada uma associação positiva com o hábito de fumar, não estatisticamente significante. Contudo, quando em combinações, os grupos que incluíam fumantes/ex-fumantes apresentaram um forte aumento na prevalência de perda auditiva em comparação com os grupos de nunca fumantes. Estes três fatores, aparentemente, são responsáveis por efeitos combinados mais que aditivos para a perda auditiva, apresentando correspondentes frações de excesso devido ao sinergismo de 45,4% entre fumantes/ex-fumantes expostos a ruído; e 42,9%, entre fumantes/ex-fumantes com mais de 40 anos de idade. Conclusões. O sinergismo entre hábito de fumar, exposição a ruído e idade para a perda auditiva é biologicamente plausível. São evidências algumas similaridades nos mecanismos fisiopatológicos, processos e sítios de lesão. Ademais, substâncias potencialmente ototóxicas, apesar de presentes em pequenas quantidades na fumaça do cigarro, podem potencializar a ação do ruído para a perda auditiva. O número reduzido da população do estudo impede conclusões definitivas, mas a relevância do hábito de fumar e da exposição a ruído, ambos fatores de risco prevalentes, indicam a necessidade de novas investigações, com população e desenhos de estudo mais apropriados