Que lugar para as drogas no sujeito? Que lugar para o sujeito nas drogas?: uma leitura psicanalítica do fenômeno do uso de drogas na contemporaneidade
por RIBEIRO, Cynara Teixeira em
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Universal e milenar é a prática humana de consumir drogas. Tentando desvendar as razões do efeito de fascinação provocado por essas substâncias nos seres humanos, muitos saberes se dedicam a estudar a sua utilização. Dentre esses, a psicanálise se diferencia por abordar o uso de drogas como uma resposta possível do sujeito ao mal-estar existente na civilização. De acordo com tal perspectiva, a maior visibilidade desse uso na contemporaneidade está relacionada ao advento da ciência e à profusão da ideologia liberal, as quais inauguraram uma nova modalidade daquilo que Lacan denominou de discurso: o discurso do capitalista, que se caracteriza por representar o imperativo de um gozo auto-centrado, em contraposição ao estabelecimento dos laços sociais. Nesse sentido, tomando essa modalidade de discurso como orientadora do agir na atualidade, se pretende investigar como esta se relaciona ao alarmante uso de drogas na contemporaneidade. Porém, para mais além disso, nos perguntamos também: como esse discurso incide sobre cada sujeito singular e que influência tem sobre a forma como cada um se relaciona com as drogas? E, nesse sentido, o quê delimita a diferença entre a condição mórbida que tem sido largamente denominada de toxicomanias e a prática que se configura como o simples uso de drogas? Para pensar tais questões, serão analisadas duas entrevistas com sujeitos que fizeram uso de drogas, questionando se tais usos podem chegar a configurá-los como o que se designa de toxicômanos. Pretende-se que os achados proporcionados por essa pesquisa venham a propiciar uma melhoria no tratamento tanto dos chamados toxicômanos quanto dos demais usuários de drogas, bem como possam fazer avançar a psicanálise enquanto campo de saber