Tempo de alcoolismo no desenvolvimento de doenças orgânicas em mulheres tratadas no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, SP, Brasil
por DANTAS, R. O. em
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| Universidade de São Paulo
São Paulo |
Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo |
Com o objetivo de conhecer o tempo de ingestão freqüente de bebidas
alcoólicas (ingestão média de mais de 100 ml de etanol por dia, pelo menos três
dias por semana), até o aparecimento de sinais e sintomas de doenças orgânicas conseqüentes
ao hábito, estudamos 95 mulheres tratadas entre 1978 e 1982 no Hospital
das Clínicas de Ribeirão Preto, portadoras de doenças orgânicas associadas ao alcoolismo.
Foi feito diagnóstico clínico e laboratorial de cirosse hepática em 32 pacientes,
de pancreatite crônica em 13 e de outras doenças (pelagra, desnutrição, neurite periférica
e hepatite alcoólica) em 50. Pacientes com apenas sintomas psiquiátricos não
foram estudadas. A obtenção das informações ocorreu após alguns dias de tratamento.
Em média a idade em que começaram a ter sinais e sintomas das doenças que motivaram
a procura de hospital para tratamento foi de 35,30 ± 7,72 anos na pancreatite
crônica, 36,53 ± 8,39 anos na cirrose hepática e de 33,90 ± 11,27 anos nas outras
doenças. O tempo de ingestão da bebida foi de 15,92 ± 7,15 anos na pancreatite crônica,
14,62 ± 8,70 anos na cirrose hepática e 13,24 ± 9,58 anos nas outras doenças.
Antecedentes familiares de alcoolismo estiveram presentes em 64,2% dos casos, geralmente
marido ou companheiro. Nenhuma delas tinha outras mulheres na família
com problemas de alcoolismo. A média do tempo de alcoolismo para o aparecimento
de cirrose hepática nas mulheres (14,62 anos) foi menor do que a encontrada para
homens da mesma população (21,10 anos), estudados em trabalhos anteriores.