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"As drogas, mesmo o crack, são produtos químicos sem alma: não falam, não pensam e não simbolizam. Isto é coisa de humanos. Drogas, isto não me interessa. Meu interesse é pelos humanos e suas vicissitudes."
Antonio Nery Filho

EUA traça panorama mundial do combate ao narcotráfico

Por Yuri Rosat e Paula Boaventura

Cocaína “O Brasil é o segundo maior consumidor de cocaína depois dos Estados Unidos”, informa o relatório produzido pelo Departamento de Estado norte americano sobre o combate ao narcotráfico a nível mundial. O fato de ser o único a fazer fronteira com três países produtores de coca da América Latina - Peru, Colômbia e Bolívia -, e de possuir um sistema internacional de transportes marítimo e aéreo fazem com que o Brasil seja a principal rota de tráfico para a Europa, África e Estados Unidos, segundo o documento.

Maconha e Drogas Sintéticas – Não só o consumo da cocaína é motivo de alerta na publicação, como também a maconha e substâncias sintéticas como LSD e ecstasy. O cultivo da maconha no Nordeste, por exemplo, classificada como de baixa qualidade, abastece o consumo da população pobre nas metrópoles, enquanto que a maconha mais potente vem do Paraguai.

Já o uso de ecstasy e de LSD tem crescido nos últimos dois anos, principalmente nas grandes cidades. Não há indícios de produção de drogas sintéticas no país, portanto acredita-se que a droga aqui consumida é de origem européia. Em maio do ano passado, foram apreendidos de uma só vez, 21 mil comprimidos de ecstasy no aeroporto de Natal (RN), vindos da Europa, sendo que em dez dias mais três traficantes europeus foram presos nas mesmas circunstâncias.

Crime Organizado – O aumento na importação e distribuição de drogas, segundo o relatório, se deve especialmente à ação de quadrilhas especializadas, que também são apontadas como responsáveis pelo contrabando de armas no país. “Anualmente, as gangues contrabandeiam armas e centenas de toneladas de maconha do Paraguai, cocaína da Bolívia e da Colômbia, além de armamentos roubados de instalações militares”.

Organizações criminosas fortemente armadas, como o PCC de São Paulo e o Comando Vermelho do Rio de Janeiro, controlam o tráfico de drogas nas grandes metrópoles do país, assim como a prática de outros crimes como assaltos a bancos, extorsões e homicídios. Informações da Polícia Civil de Brasília apontam, inclusive, que o PCC estendeu seu alcance ao Distrito Federal, formando um novo bando criminoso chamado o PLD (Paz, Liberdade e Justiça).

A disputa territorial entre essas organizações refletem no aumento da violência urbana, como no caso que aconteceu no Rio de Janeiro, em outubro do ano passado, quando 14 pessoas, entre eles três policiais, foram mortas num confronto entre grupos de traficantes. A nível nacional, o relatório informa dados da Secretaria Nacional de Segurança Pública, o qual diz que “dos 30 mil homicídios registrados no último ano, 23 mil tem relação com as drogas”.

A circulação na América do Sul - O Brasil apresenta a maior extensão territorial do Cone Sul, fazendo fronteira com, entre outros países, Peru, Colômbia e Bolívia, grandes produtores de cocaína. Toneladas da droga entram no país através do tráfego clandestino. Devido à falta de vigilância e áreas despovoadas na fronteira, principalmente no estado de Goiás, diversas pistas clandestinas são criadas facilitando a movimentação da droga. O sistema de transporte e a posição estratégica do país no continente são fatores atrativos ao tráfico, já que este representa o ponto mais próximo – especialmente a região nordeste - da África, Europa e EUA, principais destinos da droga. Outro elemento que auxilia o transporte é a existência de facções criminosas organizadas, agilizando a chegada do carregamento aos portos de destino. Uma parte significante do carregamento da cocaína colombiana é transportada para Guinea-Bissau, chegando à costa oeste africana em até cinco dias, informa o relatório norte-americano.

Panorama na América do Sul - O trânsito de drogas ilícitas no Brasil aumentou significativamente no último ano devido ao aumento da produção boliviana, que dobrou a sua área de cultivo desde 2000, chegando a 30,5 mil hectares em 2008. Segundo o documento do governo americano, as autoridades brasileiras têm demonstrado preocupação com o aumento da produção boliviana.

A Junta de Fiscalização de Entorpecentes da ONU (JIFE) também apresentou um documento acerca da situação da América Sul, no qual afirma que, apesar do continente concentrar a produção da cocaína mundial, o potencial de manufatura da droga caiu cerca de 15% em relação ao ano anterior, chegando a 845 toneladas, menor número desde 2003. A queda foi atribuída à diminuição da produção colombiana. Porém em contraponto a redução na Colômbia, houve um preocupante aumento no Peru e Bolívia.


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