Democracia Dilacerada!

Na UFBA, vivemos a expansão e a reestruturação a pleno vapor, ampliando a possibilidade da juventude baiana de ingressar na universidade. As ações afirmativas são comprovadas diariamente como instrumento eficaz de reparação, e incorporadas à luta pela democratização do acesso à universidade. E quanto temos que pagar por essa expansão?

A expansão da UFBA tem se dado por cima da democracia, do diálogo e da autonomia. Hoje, grandes impasses são exemplos da resistência de diretorias de unidades, entidades estudantis e outros setores. Preconizado pelo atual reitorado, o projeto não leva em conta as particularidades e as necessidades das unidades de ensino. A reitoria vem atropelando as discussões, passando por cima das decisões das congregações, desrespeitando violentamente sua autonomia.

\x{201c}Vivemos em tempos onde a defesa da democracia é condição fundamental para o pleno desenvolvimento do país e a soberania do povo. A construção de outro tipo de sociedade passa pelo fortalecimento da organização popular e da ampliação drástica da participação democrática nas esferas de decisão.\x{201d}

São Lázaro violentada!

No ano de 2007, a congregação da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas deliberou, após uma discussão apenas de 30 minutos, a passagem da administração do novo prédio para a gestão central que congrega hoje 13 unidades. O resultado foi desastroso.

A congregação não teve acesso à planta do prédio, não acompanhou a obra e meses depois se deparava com uma construção cheia de problemas e fora da competência da FFCH. Hoje o prédio ainda possui carências e a coordenação de fato do PASL está fora da faculdade.

A Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas tem sofrido violentamente as conseqüências do projeto político construído com pouco diálogo [e muita resistência] pela atual administração. A violência sofrida pela unidade demonstra a indisponibilidade do reitorado ao respeito à São Lázaro.

À época da criação dos cursos de bacharelado interdisciplinar, a unidade nem sequer foi consultada ou convidada a contribuir na construção do curso de Humanidades.

Desde o ano passado, luta para que a universidade reveja uma deliberação açodada e antidemocraticamente aprovada, a resolução 02/08, que regulamenta os órgãos complementares da universidade e retirou a autonomia e parte da capacidade administrativa e financeira de órgãos fundamentais para a produção acadêmica da Faculdade, o NEIM, o CEAO e o CRH.

Na última semana, mais um ataque. A reitoria apresentou a resolução 02/09, que estabelecia os prédios comuns de ensino sobre o controle da única administração. Desrespeitou a deliberação da Faculdade de Medicina de não deixar o prédio no Canela, aproveitado inclusive a ausência do diretor da unidade, votando no ponto fora da pauta, incluído no \x{201c}que ocorrer\x{201d}. Não fosse a intervenção da direção da nossa Faculdade, o Pavilhão Raul Seixas também estaria perdido.

Vamos defender o Raul!

O Pavilhão Raul Seixas pede a nossa ajuda. Mais: a nossa luta!

Pouco a pouco, a comunidade de São Lázaro volta a ocupar o antigo pavilhão de aulas. Primeiro foram as \x{201c}Xerox\x{201d} e os Centros e Diretórios Acadêmicos. Aos poucos, mais gente. Mais estudantes. Jovens das comunidades mais próximas, Alto das Pombas e Calabar, atividades culturais, artísticas, recepção de calouros e calouras, e enfim, as aulas. O Raul voltou a ter vida.

Mutilou-se a vegetação aconchegante do pátio. Mas havemos de lhe trazer mais vida.

Esquecida pelo projeto político da atual administração por tantos anos, quando as verbas eram reduzidas [e ainda são], a importância dada ao centro de excelência da produção filosófica, humana e social da universidade era muito pouco [e continua], São Lázaro volta ao debate ao provocar um impasse no reestruturação da universidade.

A tentativa de tomar o Pavilhão de Aulas Raul Seixas da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, em um Conselho Universitário, sem dialogar com a comunidade de São Lázaro é um grave desrespeito à nossa autonomia. A reitoria quer tomar o nosso prédio e joga seu peso político contra a nossa comunidade. A comunidade de São Lázaro deve se mobilizar e impedir mais esse absurdo. Mais um ataque à democracia protagonizada pela atual reitoria.

Vamos defender o Raul!!!

-- EduardoRibeiro - 15 Oct 2009

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