GLBT no CONUNE

E a UNE vai saindo do armário

E a UNE vai saindo do armário

Esse é um relato sobre a movimentação estudantil GLBT dentro do 50º Congresso da UNE.

Esse é o segundo CONUNE depois do ATO CONUNE em 2003 e é notavél aos olhos que o esforço dos universitários GLBT em dar visibilidade às nossas questões resultou em maior participação de gays e lésbicas no congresso (trans eu não vi). Alojamentos, debates, festas e plenárias, em todos os espaços havia a representação GLBT.

Diferentemente do último CONUNE, aqui não havia nenhuma pauta que unificasse os glbts e justificasse manifestações públicas e de massa que caracterizaram o ultimo CONEB ou quando da criação da Diretoria GLBTT da UNE. Aqui elas estavam organizadas em suas teses, nos encontramos nos GD´s e formamos um bloco GLBT no ATO rumo ao Banco Central com direito a bandeira do arco-irís. A Kizomba, famosa por polarizar o debate de Gênero e recentemento o GLBT consegue aglutinar mais GLBT´s e se torna referência, a Mudança tinha lá algumas e levaram bandeira pra plenária final, a UJS, quem diria, também tinha os meninos do Grupo União de Uberaba-MG e Rodrigo Bonissato (Diretor GLBT da UEE-MG). A Reconquistar a UNE, pioneira no debate, fazendo parte do grupo de trabalho de GLBT´s, antecessor à Diretoria de GLBT´s, com meninos e meninas do DCE-UFBA, DCE-UFRJ e Coletivo Diversos - Alagoas fizeram falas nas plenárias sobre a homofobia e da importância de uma diretoria GLBTT da UNE.

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O adesivo disputadíssimo

Em 2005 o barulho não foi maior, mas era todo dia! Todo mundo adora a bandeira do arco-íris da UNE, todos querem colar o adesivo do arco-íris no peito, exceto as teses da extrema direita. O "O Trabalho" também votou contra a criação da diretoria GLBT no 49º CONUNE. Definitivamente estamos inseridos na pauta do dia do movimento estudantil geral, o que não significa ainda uma pratica de respeito no dia-a-dia das relações, a aceitação é feita de uma maneira rasa, quase politicamente correta, e muitos estudantes ainda não estão por dentro do debate da diversidade sexual. O preconceito ainda é visto e sentido num espaço que concentra as lideranças do movimento estudantil.

Ex-diretor de GLBTT da UNE, Mário Felipe (Psicologia-USP) apresentou os resultados da primeira gestão (que eu pude acompanhar) num balanço positivo de esforços que envolveu articulação com grupos universitários organizados em todos o país, com a ABGLT (Associação brasileira de gays, lésbicas e transgêneros), participação da UNE nas Paradas do Orgulho, e destaque pra Parada do Orgulho Gay de Salvador de 2006, quando esteve em Salvador também participando de uma mesa redonda na FFCH-UFBA juntamente com Juremar (Diretor da UEB) e promoveu a inserção de espaços de debates GLBT´s no CONEB da UNE. Também na Bienal da UNE com o espaço cultural Logun-Edé.

O GD "Sou GLBTT e tenho orgulho: universidade e emancipação" estava lotadíssmo. Colocado numa sala menor que as outras, tinha gente assistindo fora da porta, mas foi muito legal, vi gente que nunca tinha visto antes. Nós da Bahia falamos sobre a experiência da semana Universidade Fora do Armário na UFBA e, Sandoval, da Diretoria de Assistência Estudantil, sobre a necessidade da UNE pautar o debate GLBT das residências universitárias. Mas o debate foi extenso para o pouco tempo que estava estabelecido, girando muito em torno de temas polêmicos como "a doação de sangue por homossexuais" e "politização das paradas gays" que pela sua polêmica gera horas e horas de discussões. Pouca coisa serviu realmente de política pra diretoria GLBT pautar, e pouco tempo pra deliberar. Ali percebi a necessidade de um Encontro GLBT da UNE acontecer e organizar a militância GLBT estudantil.

O Enuds estava representado pelo Klaus-UNB, da Comissão Organizadora, que esteve lá representado por 2 pessoas, as quais fizeram uma fala acerca do tema, data e funcionamento do ENUDS, o que gerou um pequeno debate em torno do encontro com destaque para uma crítica de um garoto do Ceará que questionou a verticalização da nossa Comissão Nacional ENUDS...fiquei a refletir...

O DCE dispõe das Cartilhas Universidade fora do Armário, da UNE.

Resoluções sobre Movimento estudantil:

Ampliar a democracia e lutar pela igualdade social sempre foram premissas do movimento estudantil. A UNE apóia as diversas lutas sociais, sempre representadas em seus fóruns. No último congresso de nossa entidade um grande avanço foi implementado: a criação da diretoria GLBT. Com isso, a luta contra a opressão e o preconceito ganhou papel estratégico na pauta do movimento estudantil, que pretende levar esse debate para dentro das universidades. (aprovada por maioria)

Consolidação da Diretoria GLBTT da UNE. Participação da UNE nas Paradas do Orgulho GLBTT, com identidade própria e plenárias preparatórias nos estados e cidades onde estas ocorrerão. Realização do 1º Encontro de gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais da UNE.Reedição do projeto "Universidade Fora do Armário" com abrangência em todas as regiões do país. Que a UNE incentive a formação de núcleos GLBT nas universidades e coordenações GLBT nas entidades do movimento estudantil. (aprovada por unanimidade)

Resoluções de GLBTT
(aprovadas por unanimidade)

Defesa do estado laico.

Pela aprovação imediata do PLC 122-06 que criminaliza a homofobia.

Pela livre escolha do primeiro nome em documentos oficiais para os transexuais e travestis.

Pelo direito de homens gays doarem sangue livremente

Realização do 1º Encontro de gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais da UNE.

Reeditar o projeto "Universidade Fora do Armário" com abrangência em todas as regiões do país.

Que a UNE incentive a formação de núcleos GLBT nas universidades e coordenações.

GLBT nas entidades do movimento estudantil.

Defesa de um currículo que garanta a liberdade de orientação sexual.

Que a UNE formule uma semana nacional de intervenções urbanas que combatam a discriminação.

Que a UNE organize a intervenção estudantil nas conferencias GLBT.

Garantir espaços GLBT em todos os fóruns da UNE.

Contra a educação heteronormativa.

Que a UNE atue contra a homofobia em moradias estudantis.

Alter Fernandez
Diretor de Artes

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